Diretor da WTorre rechaça retirar cadeiras para organizadas

O torcedor do Palmeiras finalmente poderá conhecer sua nova casa nesta quarta-feira. Em duelo contra o Sport às 22h (de Brasília), o Allianz Parque será inaugurado de forma oficial. Todos os 39 mil ingressos já estão vendidos e, obviamente, estão no “Padrão Fifa” das novas arenas – ou seja, todos os espaços são com cadeiras numeradas. Rogério Dezembro, diretor da WTorre – construtora e sócia do estádio – não mostra intenção de retirar as cadeiras para torcidas organizadas, a exemplo do que fez o Corinthians.



“O nosso acordo com o Palmeiras prevê um estádio Padrão Fifa. Isso significa que não posso ter nenhuma venda de espaço aqui que não tenha cadeira. Se o clube quiser isso (retirar cadeiras para as organizadas), tem que propor formalmente um aditivo ao contrato e aí vamos ver se isso vale. Em um primeiro momento não queremos fazer isso porque as cadeiras são rebatíveis e permitem às torcidas ficar em pé, pular, gritar, não atrapalha em nada. A gente acha que não irá retirar as cadeiras, primeiro por obrigação contratual e segundo por uma visão de conceito. Se houver vandalismo, quem paga é o clube”, contou, em entrevista concedida nesta terça-feira.



A probabilidade das cadeiras serem retiradas para torcedores são ainda menores tendo em vista o atual mandatário do clube. Paulo Nobre é constantemente criticado pela principal organizada da equipe e tenta ao máximo evitar conceder regalias às entidades. Com o conceito que faz o estádio também ser destinado para shows - terá duas apresentações de Paul McCartney na próxima semana -, as cadeiras devem continuar.



Na Arena Corinthians, a diretoria alvinegra tentou resistir à ideia de retirar as cadeiras do setor destinado especialmente para organizadas, mas acabou cedendo. A explicação, dando como justificativa a o fato de alguns estádio europeus, como o do Borussia Dortmund, também se utilizarem disso, foi que os torcedores no local não sentavam e, sem as cadeiras, possuem mais espaço.



Rogério Dezembro ainda comentou na entrevista outros assuntos, tais como a relação com o Palmeiras, a briga sobre a questão das cadeiras cativas e o que falta concluir no estádio. Veja abaixo:



Custo e retorno do investimento da obra



"A obra como um todo chegou perto de R$ 700 milhões, sendo que deste valor R$ 100 milhões não têm a ver com o estádio. Obras na sede social do Palmeiras custaram R$ 75 milhões e R$ 25 milhões fizemos em contrapartida para a Prefeitura. O estádio, então, custou um pouco menos de R$ 600 milhões, pagando todos os impostos. Todos os estádios da Copa e do Grêmio tiveram isenção de impostos, que são 33% da obra. Se tudo der certo, em 17 ou 20 anos a gente recupera este valor. Isso não acontece mais rápido porque não temos a receita da bilheteria, que é do Palmeiras, e a gente repassa de todas as outras receitas percentuais da receita líquida para o Palmeiras."



O que falta concluir



"O estádio do plano de vista de padrão de operação Fifa está concluído. Toda a questão de acesso, evacuação do público, sistema de som, imagem, cadeira, está tudo aqui. Mas tem coisas que incluímos dentro do nosso negócio que não estarão prontas para amanhã, como por exemplo o restaurante panorâmico. A gente está afinando um modelo com um parceiro, ele está todo pronto, mas o restaurante não foi montado. O bicicletário está pronto, mas não está liberado ainda porque estamos usando para a obra. Basicamente, o que ainda temos um bom esforço de obra até a semana que vem é a parte de comercialização de comida e bebida. A gente fez a opção em que vamos produzir 100% da comida aqui. A gente tem uma cozinha gigante no subsolo que produzirá toda a base de fast food, além de pratos quentes dos camarotes. E nas concessões espalhadas pelo estádio queremos inovar, oferecendo polenta frita, brincando com a origem italiana do Palmeiras, hot dog gourmet, que já foi um sucesso nos eventos testes, uma água verde que a concessionária fez com maçã verde, e até um picolé especial pro Allianz Parque da Diletto.





Allianz Parque em 18 de novembro de 2014

Foto: João Vieira / Terra



Palmeiras x WTorre



A relação com o Palmeiras não tem que ser nem de amor e nem de ódio, tem que ser profissional. Isso é um bem comum, somos sócios aqui. Havia uma parte pequena da diretoria do Palmeiras que achava que o estádio deveria permanecer fechado, felizmente a maioria entendeu a importância de abrir o estádio o mais rápido possível, desde que com condições de conforto e segurança. A relação tem sido bastante produtiva nas últimas semanas. Não acho que o estádio está abrindo antes da hora, até passou da hora,



Briga pelas cadeiras cativas



Isso está sendo discutido na arbitragem. Nunca é demais repetir que o que se discute não é o valor da receita da bilheteria das cadeiras porque isso é 100% do clube. O que se discute é o direito de se vender a assinatura dessas cadeiras por 1 ano, 2 anos, 3 anos. O Palmeiras entende que a renda de assinatura deve se limitar a 10 mil a WTorre, e como o contrato diz que tudo que fica na superfície é da WTorre, nós entendemos que podemos vender mais de 10 mil cadeiras. A bilheteria é do clube, a discussão seria sobre a assinatura.





Allianz Parque em 18 de novembro de 2014

Foto: João Vieira / Terra