Carrasco do Palmeiras vira técnico aos 32 e revela: amigo assassinado previu gol histórico

10/1/2015 10:49

Carrasco do Palmeiras vira técnico aos 32 e revela: amigo assassinado previu gol histórico

Carrasco do Palmeiras vira técnico aos 32 e revela: amigo assassinado previu gol histórico

Tássio, do Santo André, comemora o gol que tirou o Palmeiras da Copa do Brasil de 2004



20 de maio de 2004, Palestra Itália lotado. O Palmeiras vencia o Santo André por 4 a 3 e se classificava para a semifinal da Copa do Brasil. Aos 42 do 2º tempo, no desespero, o meia Tássio é chamado para entrar. À beira do gramado, um repórter lhe pergunta: "E aí, o que dá pra fazer?". O jogador é sincero: "Não sei... Vamos ver...".



Aos 45, Dedimar cruza e Tássio, de 1,75m, aparece no meio da área, para, de nuca, empatar o duelo em 4 a 4 e classificar o surpreendente time do ABC.



Ao apito final, o atacante não consegue conter o choro. Canais de televisão e rádios tentam entrevistá-lo, mas as palavras não saem. Em seus 15 minutos de fama, o jogador mal conseguiu balbuciar uma frase. Muitos anos depois, ele revela o porquê de tanta emoção.



Segundo Tássio, que é palmeirense desde a infância, um grande amigo havia previsto que, um dia, ele iria fazer seu time de coração sofrer. Seu amigo foi assassinado em 2001, três anos antes do jogo histórico no Parque Antárctica, e não viu a profecia se concretizar.



"Estava 4 a 2 para o Palmeiras, e me falaram: 'Tássio, você vai entrar e vai decidir esse jogo'. Eu respondi: 'É mais fácil chover canivete (risos)'. Quando entrei, o Makanaki [atacante do Santo André] estava cansado e me mandou ir pra área, que ele ficaria na sobra. Veio e cruzamento, bateu na minha nuca e quando eu olhei, estava o Marcos no chão e o Alceu e o Élson gritando. Falei: 'O que aconteceu? O que aconteceu?'. Só aí me falaram que tinha sido gol!", recordou o atacante, em entrevista à Rádio ESPN.



"Quando eu era pequeno, ia direto com um amigo no Palestra assistir ao Palmeiras. Ele foi assassinado em 2001, mas um dia me falou: 'Tássio, não sei por que, mas tenho o sentimento de que um dia você vai fazer um gol e eliminar nosso time'. Eu disse que nunca: 'Como vou eliminar nosso Palmeiras, cara? Tá doido!'. Por isso, quando fiz o gol, tive a sensação de que ele estava no estádio, triste pelo Palmeiras, mas feliz por mim. Fiquei em choque, não conseguia parar de chorar. Senti a presença dele ali", contou.



Depois do gol que eliminou o clube alviverde, Tássio ainda brilharia mais uma vez, deixando sua marca na semifinal contra o XV de Campo Bom. O Santo André acabaria como campeão da Copa do Brasil, vencendo o Flamengo por 2 a 0 em pleno Maracanã.



E foi aí que a carreira do meio-campista começou a acabar.



Técnico aos 32 anos



O sucesso na Copa do Brasil tornou Tássio uma celebridade nos dias seguintes ao jogo contra o Palmeiras. À época com 22 anos, o atleta, que havia saído de casa aos 14 para tentar a sorte no mundo da bola, não teve cabeça para aguentar a fama repentina e se perdeu nos noitadas da capital paulista. Ficou com fama de jogador-problema.



"Depois desse gol, deveria ter plantado a semente do bem pra garantir meu futuro, mas fiz o contrário... Caí na noite, na farra, na mulherada, e futebol não tem espaço pra isso. Claro que jogador pode tomar uma cervejinha, mas um dia só. Eu fiz balada virar rotina... Não à toa, depois que saí do Santo André, passei meses desempregado. Ninguém queria saber de mim pelo meu comportamento fora do campo", relembrou.



Sem rumo, Tássio rodou por times de todo o Brasil, de norte a sul, de leste a oeste, sem nunca mais repetir o sucesso do Santo André. Passou até mesmo pela Série B do Paulista, a quarta divisão do futebol do Estado.



"Depois da Copa do Brasil, tive proposta do Vasco, do Inter, do Flamengo, do Fluminense, futebol português, mas o presidente do Santo André não me liberou. Acabei saindo de lá de graça e brigado ao final do contrato. Depois, estava na quarta divisão, os zagueiros chegavam pra mim e falavam: 'O que você tá fazendo aqui, cara? Eu te vi ser campeão no Maracanã pela TV'. E eu suspirava e respondia: 'Devem ser os deuses do futebol querendo me ensinar uma lição...", lamentou.



Desiludido com a bola, pendurou as chuteiras aos 30 anos, após rápida passagem pelo Vittoriosa Stars, de Malta. Para matar o tempo, jogava peladas por São Paulo, até um dia receber um convite inusitado de Lombardi Jr., filho do falecido locutor Lombardi, parceiro de Sílvio Santos: ser auxiliar-técnico de times de várzea. Tássio topou.



Passou por equipes como o Napoli da Vila Industrial e o Metalúrgicos de São Caetano, aprendendo como comandar a prancheta. Mas o destino dele era mesmo voltar ao Santo André.



O convite veio em 2014, quando Tássio foi chamado para assumir a base do "Ramalhão". Começou no sub-17 e, rapidamente, mostrou que sabia lidar com jovens jogadores. Foi promovido ao sub-20, equipe com a qual conseguiu sua principal façanha: eliminar o poderoso Santos do Campeonato Paulista da categoria.





Tássio após o gol histórico no Palmeiras



Agora, ele comanda o Santo André na Copa São Paulo de Futebol Júnior. No torneio, porém, não teve o mesmo sucesso, com uma derrota e um empate até agora. O último jogo é neste sábado, contra o Tarumã, às 14h. A classificação para a segunda fase, porém, é praticamente impossível.



Até mesmo se Tássio resolver ir para a área tentar um cabeceio aos 42 do segundo tempo...



Um palmeirense rival do Palmeiras



Apesar de ser palmeirense confesso, Tássio tem uma rivalidade incrível com o clube de coração. Desde quando estava na base do Santo André, participou de embates épicos com o time alviverde, levando a melhor em umas, e a pior em outras. Até hoje ele se recorda com riqueza de detalhes dos gols e brigas que aconteceram nesses jogos.



"A rivalidade entre Palmeiras e nosso time no Santo André começou em um Paulista de juniores. Íamos nos enfrentar na segunda dase e um diretor nosso disse: 'Estamos f...! Eles têm um tal de Vagner que fez 16 gols na Taça BH!'. Era o Vagner Love (risos)! Pensei: 'Cacete, o cara deve ser um monstro!'. Aí fomos jogar no Bruno José Daniel e enfiamos 5 a 1 nos caras. O Márcio Araújo, técnico do Palmeiras, ficou duas horas no estádio depois sem aceitar a derrota", contou.



Mas teve troco alviverde...



"No returno, jogamos no Palestra, e aí foi nossa vez de levar cinco dos caras, foi o troco! Aí na sequência encontramos de novo na semifinal. Empatamos 2 a 2 em casa e estávamos ganhando de 3 a 2 no Palestra até os 48 do segundo tempo, quando o Love se jogou na área e o juiz deu pênalti. Nunca que aquilo foi pênalti (risos)! O Edmílson bateu e fez 3 a 3. Como o empate era deles, fimos eliminados", narrou.



Após o apito final, teve início uma briga histórica, com pancadaria entre times, gandulas, funcionários das comissões técnicas e até torcedores que invadiram o gramado. Segundo Tássio, o zagueiro palmeirense Daniel Marques gritava para os jogadores do Santo André que eles eram "timinho de terceira divisão". Após os ânimos esfriarem, os atletas do clube do ABC foram para os vestiários aos prantos, quando ouviram uma profecia do técnico Geime Rotta.



"Não esqueço nunca do que o Rotta falou no vestiário. Foi em 30 de novembro de 2002, dia do meu aniversário. Ele nos reuniu e disse: 'Não chorem, não fiquem tristes. O que é nosso está guardado, podem ficar tranquilos'", lembrou.



Mais uma vez, a profecia estava correta. Na final da Copa São Paulo de 2003, lá estavam Palmeiras e Santo André novamente frente à frente. O clube alviverde abriu 2 a 0 no Pacaembu e a torcida já gritava "é campeão". Vendo que a situação estava feia e seus atletas estavam perdendo a cabeça, Geime Rotta pediu tempo técnico.





Tássio agora é técnico do Santo André



"Antes da parada, teve um escanteio, e o Daniel Marques, que havia nos provocado naquele dia da briga, virou pra mim e falou: 'Ô trouxão, o timinho de vocês achou que ia ganhar do Palmeiras? Tem que respeitar!'. O Fábio Reis [atacante do Santo André] falou pra mim: 'Vou dar um soco'. Eu segurei: 'Calma, Fábio. A bola pune. Deixa que os deuses do futebol cuidam disso'", recordou.



E, naquele dia, os deuses estavam do lado do clube do ABC, que buscou o empate por 2 a 2, com um gol de Tássio, batendo cruzado na grande área. Após prorrogação, a taça foi decidida nos pênaltis.



"Estávamos todos ajoelhados ali no meio-campo, e o Gabriel, companheiro de time, falou: 'Não esquenta, não, esse título é nosso, ninguém tira. E não deu outra, fomos campeões! A única coisa que estragou foi o Nunes imitar porco e a torcida quis brigar, nem curtimos o título, tivemos que correr pra não apanhar (risos). Mas, dos poucos títulos que ganhei, esse sem dúvida é o mais marcante", encerrou.



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27423 visitas - Fonte: ESPN

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