Cruzeiro x Palmeiras: campeão pelos dois, Oséas lembra gol "sem ângulo"

Ex-atacante ganhou a Copa do Brasil por ambos. Nesta quarta-feira, os dois times decidem vaga nas quartas de final, no Mineirão, e ele aposta em vaga alviverde

Oséas disputa bola com Wilson Gottardo na final da Copa do Brasil de 1998 (Foto: Agliberto Lima / Estadão Conteúdo)



"Fez aquele gol quase sem ângulo contra o Cruzeiro, na final da Copa do Brasil de 1998", respondem geralmente os palmeirenses, quando ouvem o nome de Oséas. A torcida cruzeirense também não esquece esse dia e o gol sofrido nos minutos finais, no Morumbi, porém prefere se lembrar do baiano de trancinhas pela edição de 2000 do torneio, na qual o time foi campeão tendo o atacante como artilheiro e então recordista de gols da competição. com 10 (sendo superado nos anos seguintes por Washington com 11 em 2001, Deivid em 2002 com 13 e Fred pelo Cruzeiro em 2005 com 14).



– Eles lembram porque também tive uma passagem muito boa por lá. Fiquei mais tempo no Palmeiras (de 1997 a 1999), mas fui campeão da Copa do Brasil e da Sul-Minas pelo Cruzeiro. Foi uma passagem de dois anos vitoriosa. Tínhamos uma equipe espetacular – diz o ex-jogador, que se transferiu para Belo Horizonte com a fama de carrasco cruzeirense, já que, no mesmo ano do título nacional, ele balançou a rede mineira também na segunda partida da decisão da Mercosul.



– Tivemos uma grande sequência de jogos contra o Cruzeiro naquela época. Desse (gol na Mercosul) aí, eu não estou me lembrando. Mas eu me recordo muito bem, quando me apresentei ao Cruzeiro, que os torcedores foram me recepcionar no aeroporto. Teve um que chegou em mim e falou: "Olha, você tirou meu título da Copa do Brasil de 98. Agora, você tem que ser campeão aqui". E realmente fomos campeões – ri, ao telefone, enquanto diz caminhar por uma rua qualquer de Salvador, onde nasceu e mora até hoje.



Em 98, então aos 27 anos, Oséas tirou o título do Cruzeiro com um gol improvável, quase sem ângulo mesmo (veja no vídeo acima). Após perder a primeira final por 1 a 0, fora de casa, a equipe treinada por Luiz Felipe Scolari devolvia o placar – com gol de Paulo Nunes, aproveitando assistência justamente de Oséas – e levava a decisão aos pênaltis. Até que, quase nos acréscimos, o rebote de uma falta cobrada por Zinho caiu nos pés do atacante, próximo à linha de fundo.







– Considero um dos gols mais importantes da minha carreira, pelas circunstâncias. Como centroavante, eu sempre acreditava que o goleiro iria falhar, e o Felipão também me falava isso direto. Além disso, caía uma garoazinha, e nós tínhamos jogadores de qualidade para a falta. O goleiro rebateu para o lado, e eu já cheguei chutando. Chutei para ver no que ia dar. Quando vi a bola balançar a rede no alto, não acreditei. Nem sabia como comemorar, saí igual a um louco – conta, possivelmente pela milésima vez, mas ainda empolgado.



– Quando encontro palmeirenses, eles me dizem que estavam nesse jogo, que se lembram do gol que eu fiz, que eu não sei a alegria que proporcionei a eles. Eu sei, sim, velho. Imagine quantos palmeirenses não ficaram alegres por causa daquele gol? É legal. As pessoas que falam comigo dizem que tinham 8, 10 anos de idade. São coisas que marcam – diz Oséas.



Encerrada em 2005 no Brasiliense (o 12º clube diferente como profissional), a carreira do centroavante teve outros gols importantes, como o da final da Libertadores de 1999, no antigo Palestra Itália. Lá, ele também marcou com a camisa do Cruzeiro, contra o Palmeiras, pela Libertadores de 2001. E a última vez no estádio não faz muito tempo. Este ano, o ex-atacante foi à reformada arena para a despedida do meia Alex. Na semana passada, apareceu também em vídeo no telão, antes da vitória alviverde por 2 a 1, no jogo de ida das oitavas de final da Copa do Brasil.





Oséas e Zinho comemoram o título da Copa do Brasil de 1998 pelo Palmeiras (Foto: Agliberto Lima / Estadão Conteúdo)



Dividido? Ex-atacante aposta no Verdão

Por qual equipe, então, Oséas torcerá nesta quarta-feira, quando as duas fazem o confronto de volta, no Mineirão? Ele hesita para responder. Não para fazer média, mas porque realmente parece nutrir carinho por ambas. Embora o ex-jogador admita maior identificação com o Palmeiras, seu perfil no WhatsApp, por exemplo, mostra imagem dele comemorando com a camisa da Raposa. Não é o time belo-horizontino, porém, sua aposta.



– Olha só... Passei por Cruzeiro e Palmeiras, duas equipes que abriram as portas para mostrar meu trabalho... Quem vai ganhar? Se for para falar um placar, digo empate. Passa o Palmeiras, né? É... Ah, joguei mais tempo no Palmeiras – explica-se, um pouco dividido.





Perfil de Oséas em aplicativo de mensagens tem foto dele na Raposa (Foto: Reprodução/WhatsApp)



– Por ter feito um gol fora de casa, o Cruzeiro passaria se ganhasse agora por um gol de diferença. Mas vai ser um jogo muito duro, muito difícil. O Palmeiras não vai deixar barato, vai armar uma equipe para ganhar. Jogar no Mineirão é difícil, mas, no meu modo de ver, acredito que o Palmeiras seja superior ao Cruzeiro neste ano. No ano passado, nem tem o que falar do Cruzeiro. Foram bicampeões brasileiros – argumenta.



Para o jogo que começa às 22 horas (de Brasília) desta quarta-feira, as principais esperanças de gol de Cruzeiro e Palmeiras são Leandro Damião e Lucas Barrios, respectivamente. Nenhum que faça frente a Oséas, na opinião dele próprio.



– Não vejo, hoje em dia, um centroavante do meu estilo, do estilo do Jardel. Éramos matadores, jogávamos sempre dentro da área para fazer aquele “pivozão”. Na minha época, a gente tinha Arce e Alex para erguer as bolas. Não tinha como sair da área. Por isso é que a gente treinava arduamente bola parada – compara o artilheiro das trancinhas.





Oséas pega a bola e comemora título da Copa do Brasil de 2000 (Foto: Paulo Pinto / Estadão Conteúdo)