O Palmeiras na mira: é hora de se acostumar

Reservas curtiram uma praia em Recife nesta terça-feira, sob os olhos pernambucanos



Foi mais suado que a gente esperava, mas o Palmeiras venceu o Santa Cruz por 3 a 2 na segunda-feira, abriu três pontos de vantagem sobre o Flamengo na liderança do Brasileirão e espantou em grande estilo o fantasma do Recife - o vexame da derrota para o Náutico que abriu caminho para a derrocada de 2009, também numa segunda-feira e em meio a jogos da seleção. Com direito a um treino na praia, na manhã desta terça, para os reservas correrem sob os olhos atentos dos torcedores pernambucanos.



O Palmeiras só não conseguiu agradar aos críticos de sempre. "Não fez mais do que a obrigação", disse um comentarista. "Não será um campeão incontestável", declarou outro. No canal concorrente, "esperava mais do Palmeiras", disse o ex-zagueiro com pose de intelectual. "Palmeiras tenta afastar retrospecto negativo como líder", escreveu um ex-grande jornal, só para ser ironizado por Mauro Beting em seu blog.



Os leitores mais antigos sabem que eu nunca fui de enxergar conspiração da imprensa contra o Palmeiras, e olha que eu trabalhei na imprensa esportiva por mais ou menos sete anos (dois na Folha, três no Estadão, dois no R7, fora períodos no Lance! e no Diário de S.Paulo). Embora ache que um ou outro comentarista esteja além dos limites do bom senso na crítica, o que está acontecendo é que, nós, palmeirenses, nos desacostumamos a estar na berlinda.



Passamos a maior parte dos últimos 15 anos como coadjuvantes, com times ridículos que saíam das brigas por título ainda em agosto, isso quando não batalhavam na infame zona de rebaixamento. Perdermos o hábito de ver nosso time sendo escrutinado com lupa a cada jogo. Era raro ver nossos times sendo comentados nas mesas redondas.



E agora a situação mudou. O Palmeiras é líder, candidatíssimo ao título e está sob escrutínio direto da imprensa especializada. E tomem campinhos, riscos, análises, (poucos) elogios, (muitas) críticas, alguma ironia, Cucabol aqui, gol de lateral acolá e por aí vai.



Não há de ser nada. Temos é de nos acostumar e ficar lisonjeados: se falam de nós, é porque estamos no topo. E se "esperam mais" da gente, é porque: 1. O time de fato tem condições de jogar melhor, como já fez neste ano; 2. Temos um histórico vitorioso e belo a zelar. Grandes esquadrões, ídolos geniais, vitórias espetaculares.



Mas também temos vitórias com gol chorado, empates arrancados na raça, sofrimento, choro e ranger de dentes. Somos universais, somos belos e raçudos, artísticos e heróicos. Somos Palmeiras: nos aguentem, porque estamos de volta ao topo e daqui não queremos sair tão cedo.