Palmeiras, quem vai pagar as contas desse amor pagão?

Não havia grandes crenças na noite de ontem, nem em Jesus, divindades ou rezas que simplesmente não viriam do desespero das arquibancadas. Porque não havia desespero. A esquina da rua Diana estava movimentada, como tantas quartas, quintas e domingos, os sorrisos se misturavam ao som de bumbos, tamborins e vozes animadas. A torcida de sempre, mas o importante mesmo era o olhar. A gente sempre acredita. Coisa de palmeirense. Não era pela classificação, era pelo sentimento.



A verdade é que as noites de quarta-feira às quais eu tinha me acostumado não começavam com suplentes, elas eram completas o suficiente para nos iludir. As quase 30 mil pessoas, não iludidas, que atentavam seus olhares para o campo já esperavam, mas frustração dói. Eu sei. O futebol é assim, apaixonantemente frágil e incerto, durante minutos temos tudo em mãos, segundos depois perdemos.



Até em suas melhores fases o Palmeiras nos tira o sono, mesmo quando tudo se trata apenas de prioridades nós fazemos questão de entrar no jogo e se entregar. Pela camisa, sonhos e histórias. Pela certeza de que podemos mais do que já temos. A gente não se contenta com pouco, queremos viver de emoção.



Perceba como é sempre ruim voltar pra casa, quando tudo o que a gente deseja é viver em uma noite de Palmeiras. Mesmo que seja em uma despedida.



Se eu pudesse escolher outro sentimento? Escolheria amar. E amar. E amar. Qualquer coisa que me garantisse mais 90 minutos dessa sensação que nada mais me faz sentir.



Estou mais viva do que jamais estive nos últimos 22 anos, Palmeiras.



O tetra pode esperar, porque o enea está por vir. Não dá para se ter tudo, todos os dias, mas ontem eu passaria a noite inteira te aplaudindo.



Cedo para comemorar, tarde para desacreditar. Só mais 7. No final das contas, a gente banca esse amor.



Até domingo. Estamos juntos.