Coisa de Jorge

14/3/2017 11:25

Coisa de Jorge

Coisa de Jorge

Muito antes do 7x1 se tornar um símbolo hipster da vergonha, ou a representação numérica que o futebol encontrou para mostrar que as coisas vão mal, o Jorge Wilstermann, esse time boliviano da cidade de Cochabamba que traz no nome uma homenagem a um piloto de avião falecido prematuramente, participou com destaque da história da Copa Libertadores. No dia 19 de abril de 1960, o nosso querido JORJÃO, junto com o Peñarol, protagonizaram a primeira partida de la Copa. Seria essa uma tremenda façanha para sair por aí, peito estufado, espalhando o feito aos quatro cantos... não fosse o que apontou o placar final do estádio Centenario de Montevidéu: 7 a 1 para o time uruguaio, que seria o primeiro campeão da mais tradicional competição do nosso continente.



À época a Libertadores, então chamada Copa Campeones de América, reunia apenas os campeões de cada confederação sul-americana. Nessa primeira edição, entretanto, não participaram os vencedores de Venezuela, Equador e Peru (o Universitario de Lima refugou em cima da hora e o Olimpia paraguaio foi direto às semis). Mas foi com toda pompa de campeón que o Wilstermann desembarcou na para enfrentar o Carbonero. Na verdade, era o legítimo bicampeão boliviano e, ao final daquele ano, alcançaria o tricampeonato. Pois é, mas foi só pura pompa mesmo e pouquíssimo futebol. No final do primeiro tempo o placar era um irremediável 4 a 0 para os uruguaios. Também foi nesta partida que Alberto Spencer, o equatoriano que até hoje é o maior artilheiro da competição, começou a pavimentar o caminho para o recorde pessoal: marcou os primeiros quatro dos 54 gols que faria ao longo de tardes e noites insanas.





Realmente não é tarefa fácil essa de ficar marcado por semelhante placar. Ser o UM tristemente ridicularizado bem ali, logo ao lado de um SETE zombeteiro. Como se isso não fosse castigo suficiente, na edição da Libertadores do ano seguinte o time boliviano voltaria, literalmente, ao papel principal na única vez em que uma chave eliminatória foi decidida na base de todo talento, da mais absoluta qualidade e da eficácia sem comparação de um... sorteio. Era mesmo um 7 a 1 diferente a cada participação, amigo. Nas quartas de final de 1961, o Wilstermann venceu o Independiente Santa Fé por 3 a 2 em casa e perdeu a volta por 1 a 0 em Bogotá. Curiosamente, o tento da vitória do Santa Fé foi um gol contra marcado pelo zagueiro aviador (apelido do Wilstermann) Óscar Claure Méndez. Óscar era formado na faculdade de Medicina de Cochabamba e por tal razão também se desempenhava como médico da equipe. Ninguém reclamou porque ninguém é maluco a ponto de discutir com quem carrega um BISTURI no calção do uniforme.



Naquela época o gol anotado fora de casa ainda não era critério de desempate. Também não existiam as sempre alucinantes decisões por pênaltis. Então uma terceira partida foi marcada para acontecer no domingo seguinte no estádio El Campín, na capital colombiana. Mas os dirigentes do Jorge Wilstermann não aceitaram. Eles alegaram que os custos para permanecer em Bogotá ficariam caros, que o orçamento estava curto e bom, a gente sabe bem como são essas coisas. A decisão para saber quem passavam às semifinais, onde o Palmeiras já estava aguardando rival, foi parar em um chapéu e dois papéis. O primeiro a ser sorteado indicaria o nome do clube eliminado. Saiu Jorge Wilstermann.



Os dirigentes do clube boliviano aceitaram o resultado, fizeram as malas e foram embora. Porém, anos mais tarde, Jorge Rojas Tardío, presidente do clube Wilstermann à época do sorteio, denunciou que a CONMEBOL havia atuado diretamente para a classificação do Santa Fé. Um pouco tarde, não? Enfim, segundo ele, nos dois papéis dentro daquele chapéu (que ninguém sabe dizer de onde saiu) estavam escritos o nome do JORJÃO. Rojas ainda disse que a história foi confirmada a ele pelo árbitro argentino Luis Ventre, responsável por realizar o sorteio. O ex-mandatário nunca conseguiu comprovar as acusações e a história acabou virando outro capítulo entre tantos que fazem da Libertadores o mais místico de todos os torneios de que temos notícias.



Mas nem só de desalentos vive essa relação entre Wilstermann e La Copa. Em 1981 o clube chegou às semifinais estando perdidamente apaixonado por um brasileiro. Jairzinho já tinha 36 anos quando aceitou a proposta para jogar no futebol boliviano. Foi para o Aviador e logo saiu campeão nacional em 1980, com classificação garantida para a Libertadores do ano seguinte. E o time foi bem. Só foi cair no triangular das semifinais, que envolvia Flamengo e Deportivo Cali. El Huracán, apelido baseado na tradução literal do Furacão da Copa, deixou a equipe logo depois da eliminação e até hoje é relembrado como uma das grandes glórias do Wilstermann.



Outro brasileiro que passou por Cochabamba e vestiu o vermelho do Aviador foi Túlio Maravilha. Em sua obsessão doentia em busca do milésimo gol, o artilheiro até chegou a jogar uma Libertadores por lá, durante o primeiro semestre de 2004. Marcou 24 gols que ajudaram naquela contagem particular que o levou ao gol mil em fevereiro de 2014. Vinte e quatro segundo ele, é claro. Para o Jorge Wilstermann foram apenas nove.



Enfim, coisas de Túlio.

E também de Jair.

Mas principalmente de Jorge.





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