23/4/2017 16:40

Palmeiras não jogou o suficiente para passar. E agora, Eduardo?

Felipe Melo foi zagueiro, armador e goleador: grande partida do Pitbull, mas a vaga não veio



Foi uma linda festa. Muita emoção, dedicação, jogadores e torcida unidos, não faltou canto nem correria. Mas não deu. Bola por bola, o Palmeiras não jogou o suficiente para fazer ao menos 3 a 0 na Ponte Preta e ficou mais uma vez de fora da final do Paulistão. Resta agora descobrir o que há de bom para tirar dessa série e aproveitar os fins de semana de folga para nos ajudar a não repetir os mesmos erros na Libertadores e no Brasileirão.



Sobre o jogo em si, não há muito o que dizer. O Palmeiras foi voluntarioso, brigou, correu, não se escondeu. Mas faltaram técnica, inteligência e tranquilidade. Muitos gols perdidos, erros de passe bobos, excesso de cruzamentos, muito nervosismo. O Palmeiras jogou o tempo todo com uma faca no pescoço: a cada minuto que passava, maior era a ansiedade dos jogadores em campo.



A Ponte aproveitou para cozinhar o porco o máximo que pôde. Fez cera desde o primeiro tiro de meta cobrado por Aranha, sempre com a conivência do juiz, segurou a bola sem nem pensar em fazer gol, só queria ver o tempo passar. Teve um lance sintomático no primeiro tempo: Lucca recebeu a bola na esquerda, mas a cobertura chegou e ele, em vez de jogar na área, apenas devolveu a bola para trás até que ela chegasse de novo a Aranha.



Eduardo Baptista escalou Felipe Melo como um terceiro zagueiro pela esquerda, quase um lateral-esquerdo das antigas. A ideia funcionou para cobrir os buracos deixados por Egídio, mas matou a criatividade do meio. Isso porque Tchê Tchê ficou sobrecarregado como único volante, enquanto Dudu e Guerra estavam distantes demais. A armação ficou nos pés de Felipe Melo, que até deu bons passes cruzados para Roger Guedes, mas o time não conseguiu aproveitar.



No segundo tempo, com Michel Bastos no lugar de Tchê Tchê, o time melhorou um pouco, mas o buraco continuou. Guerra teve de voltar várias vezes para buscar a bola, mas estava bem marcado e falhou no um contra um. Keno entrou no lugar do Egídio para ser ponta e até fez umas correrias, e Willian como centroavante foi pouco produtivo no lugar de um Borja mal aproveitado e nervoso um grau acima do resto, como se o cheque pelo seu pagamento fosse uma espada pendurada o tempo todo sobre sua cabeça. Enfim, taticamente o time foi uma grande e completa bagunça, e o gol só saiu no abafa.



Acabou o tabu de vitórias contra a Ponte no Allianz Parque, mas eles estão na final e nós, mesmo com os aplausos no fim (como mostra o vídeo abaixo feito pela primeira-dama do blog), saímos com uma dúvida enorme na cabeça: Eduardo Baptista é o técnico certo para esse time?







Os leitores daqui sabem que sempre defendi o técnico, e seus números deveriam ser bons o suficiente para que a ideia de demissão nem passasse pela cabeça de ninguém. Mas o futebol apresentado pelo time nos últimos jogos, associado ao potencial que acreditamos que o time tem, justificam a dúvida.



Mauricio Galiotte garantiu a permanência de Eduardo até o fim do ano, o que a gente sabe que não significa porcaria nenhuma. Eu ainda sou contra a demissão, mas admito: menos por convicção quanto à qualidade do trabalho, mais pela completa ausência de treinadores capazes de substitui-lo.



O mercado brasileiro vive um momento muito ruim quanto a técnicos. À exceção de Tite, hoje no comando da Seleção, e Cuca, que, sempre é bom lembrar, foi embora porque quis, recusando um salário de marajá e indicando Eduardo, a gente só tem hoje medalhões em decadência ou novatos à espera de uma chance para se destacar - classe da qual Eduardo era um dos líderes, digamos assim.

Desta vez Prass venceu os duelos contra Pottker e saiu ovacionado pela torcida



Alberto Valentim? Era tão aposta quanto e fez um Paulistão só mediano à frente do Red Bull. Estaria tão pressionado numa situação dessas quanto Eduardo. Teria a vantagem apenas de conhecer o elenco, mas ao primeiro tropeço seria cornetado, "ainda não está pronto", "é muito novo". Fernando Diniz? Sempre gostei dele, mas me parece que perdeu o timing de deixar o conforto de Osasco em busca de um desafio maior. Vanderlei Luxemburgo? Risos nervosos. É inacreditável que alguém com bom senso ainda pense nesse senhor depois de suas últimas entrevistas. Scolari? Dá licença, o telefone está tocando. Enfim, se alguém tiver alguma ideia melhor, sugira aí na caixinha.



Assim, ainda e apesar dos vários erros enumerados nos parágrafos acima, sou a favor da permanência de Eduardo, mas é preciso que a diretoria tenha uma conversa séria com ele, expondo seus erros e cobrando nova postura. Ele deve escalar melhor o time, rodar mais o elenco, explorar melhor as características de cada atleta, escolher o esquema e os 11 titulares de acordo com cada adversário. Quarta-feira temos de novo o Peñarol, em Montevidéu; na outra quarta, o Jorge Wilsterman, em Cochabamba. Em seguida, uma pausa de dez dias até a estreia no Brasileirão, no dia 14, contra o Vasco.



Deve ser um tempo de calma e reflexão, de tomar decisões maduras e não precipitadas. Um tempo, inclusive, de, se for o caso, rever as posições sobre o técnico. No ano passado, foi esse período no começo de maio que, bem aproveitado, nos deu o título em novembro. Que a história de 2016 se repita em 2017.

Eduardo precisa corrigir algumas coisas para que seu trabalho volte a funcionar

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