Eduardo Baptista e sua queda anunciada

A trajetória de Eduardo Baptista no Palmeiras não acabou depois da derrota para o Jorge Wilstermann, sua queda já estava anunciada desde sua a contratação – ou após suas primeiras partidas comandando o time. Sua demissão era simples questão de tempo.



No Palmeiras, com sua torcida e "chata" e exigente, é muito fácil perceber quando um profissional vai vingar – ou não. É só observar nos jogos – agora com as tais redes sociais isso fica mais evidente. Ao ouvir velhos corneteiros dizerem “não vai”, pode ter certeza que o “julgado” já está condenado e não terá vida longa no clube. E no caso de Eduardo Baptista era possível ouvir muitas vezes o “não vai”.



Infelizmente, Eduardo Baptista, que é um treinador que conhece futebol, estudioso e que teve ter sucesso na carreira, não se mostrou preparado para assumir a missão de comandar um time que estava em um excelente momento e que tinha atingido o auge, com a conquista do Campeonato Brasileiro, com um técnico, no caso Cuca, que se tornou unanimidade no clube.



Para piorar ainda mais a situação do técnico que assumiu o time, chegaram reforços caros para as posições em que o clube mostrava deficiências no ano passado, no caso, um armador e um centroavante – e o Palmeiras foi buscar Guerra e Borja, respectivamente, o melhor jogador da Libertadores-2016 e o melhor atleta da América do Sul no ano passado. Ou seja, era esperado que o time melhoresse ainda mais.



Talvez o grande erro de Eduardo Baptista tenha sido tentar mudar a forma do time jogar de uma maneira radical. O futebol da equipe treinada por Cuca, mesmo não agradando a muitos – o que não era o meu caso, sempre achei que a chegada dele foi o maior acerto do clube em 2016 – agradava a torcida e o time apresentava um regularidade impressionante e errava muito pouco, por exemplo, foram poucos os gols que o time sofreu em jogadas aéreas.



O esquema de jogo que Eduardo Baptista achava o ideal, o 4-1-4-1, já foi questionado, derrota para o Ituano por 1 a 0, segunda partida oficial no ano. Até os jogadores se incomodaram com a nova forma do time atuar. O versátil Dudu disse que tinha preferência pela forma antiga do time jogar [ou como Cuca armava o time]. Abalado em suas convicções, ele foi mudando muito a forma do time jogar, trocando sistemas e jogadores e o time, apesar de algumas vitórias importantes, nunca teve com Eduardo Baptista um forma de jogar definida e o último jogo mostrou isso. Uma equipe mal colocada em campo e, por isso, os erros individuais apareceram de maneira tão clara.



Peço desculpas, mais uma vez, para aqueles que não gostavam da forma de Cuca treinar o Palmeiras, mas é importante dizer que Eduardo Baptista não conseguiu tirar do elenco o que o antigo treinador conseguiu. Durante a passagem de Baptista sempre ficou nítido que o Palmeiras jogava menos do que a qualidade do elenco milionário do clube. As seguidas alterações de Baptista influenciaram no rendimento de alguns jogadores, como o Tchê, por exemplo.



A eliminação precoce no Campeonato Paulista, quando o time sofreu uma goleada da Ponte Preta, não foi bem digerida pela cúpula alviverde e também colaborou muito na queda do treinador, que ganhou uma sobrevida com a vitória heroica contra o Peñarol – suas declarações após a partida no Uruguai foram um desabafo para quem se sentia pressionado e que tentava recuperar a confiança do elenco.



As trocas constantes e os problemas com os jogadores que o treinador não conseguiu resolver, os casos mais claros foram com Roger Guedes e a situação do Borja, fizeram com que parte do elenco perdesse a confiança do treinador e, alguns, aos poucos, perceberam que tinham o currículo maior do treinador. Você que é inteligente deve perguntar: e os casos de sucesso do Zé Ricardo (Flamengo) e do Fábio Carille (Corinthians)? São questões diferentes. Os dois já trabalhavam um bom tempo nesses clubes e conheciam os jogadores. Por isso, não seria nenhuma loucura se o Palmeiras, promovesse Alberto Valetim e ele comandasse o time até que Cuca terminasse o seu período sabático.



A demissão de Eduardo Baptista também foi protelada, pois a direção não queria assumir que cometeu um erro ao escolher o jovem treinador para comandar o time. É bom dizer que pelo terceiro ano consecutivo, o Palmeiras começou o ano escolhendo mal o técnico. Fica a esperança para os torcedores, que mais uma correção de rota no meio da temporada traga resultados como aconteceu em 2015/16. Mas para isso é preciso que o clube traga um treinador que tenha personalidade e se imponha e conquiste a diretoria, o elenco e a torcida. Se não tiver esse perfil, não vai dar certo, como a história do clube mostra.



PS. O treinador que chegar agora, que pode até ser o Cuca, vai sofrer bem menos pressão do que o Eduardo Baptista, pela simples razão de pegar um time com potencial em baixa.