Palmeiras avança com muita emoção e pouca inteligência

Mina abriu o placar para uma vitória emocionante que poderia ter sido muito mais tranquila



Começo o texto repetindo o que disse na madrugada passada: o time do Tucumán é fraquíssimo e não merecia 10% da emoção e do sofrimento vividos pelo palmeirense nas duas semanas. Se o jogo desta quarta-feira foi complicado em boa parte do tempo, foi por culpa do próprio Palmeiras, que desperdiçou um monte de contra-ataques no primeiro tempo logo no começo, deixou o time argentino se criar, assustar e buscar o empate. No fim, 3 a 1 foi um placar até elástico e que retratou o que o jogo deveria ter sido: agradável e tranquilo. Valeu pela vitória, pela consolidação da classificação para os mata-matas da Libertadores e pelas muitas lições que o jogo deixa.



A primeira: essa postura de "calma, caras, é só o Tucumán" é algo a ser adotado PELA TORCIDA, e não pelos jogadores e pela comissão técnica. Achei que tinha ficado óbvio, porque o tempo todo eu me dirigi aos torcedores. Dentro de campo são 11 contra 11 e é preciso jogar com atenção e cuidado para que o jogo se torne efetivamente tranquilo como parece.



Foi o que o Palmeiras fez mais ou menos até os 25 minutos do primeiro tempo. O time pressionou, marcou no ataque, abriu o placar cedo numa bela jogada ensaiada que repetiu o segundo gol contra o Coritiba, no ano passado, e poderia ter tranquilamente feito mais uns dois ou três gols, mas pagou pelo desleixo e pela indecisão nos lances ofensivos.



E aí o Tucumán, que é ruim mas não é bobo, resolveu entrar no jogo. Uma bola na trave, um cruzamento com perigo, uma confusão aqui e outra acolá e os caras passaram a tomar conta do jogo. E o Palmeiras deixou a inteligência de lado e passou a jogar de uma maneira estúpida, como se precisasse do resultado, correndo afobadamente.



Achei que a coisa ia melhorar no começo do segundo tempo, mas não aconteceu. O Tucumán empatou e Cuca precisou mexer no time para que a coisa voltasse aos eixos - não sem antes mais dois sustos, uma bola na trave e duas defesas do Prass. Então saiu o segundo gol, após o famoso rebu na área, e finalmente a tranquilidade voltou. O Tucumán até tentou empatar de novo, foi valente, mas continuou sendo um time limitado. O golaço do Zé Roberto foi só a cereja no bolo do que poderia ter sido tranquilamente uma goleada.



Ouço Cuca na entrevista admitindo que o time foi mal na troca de passes nos contra-ataques. O bom é que o professor percebe os defeitos e não tem medo de falar deles, ao contrário de certos técnicos que enfrentaremos no sábado. Que o time jogue melhor no Choque-Rei e encare os mata-matas da Libertadores com mais inteligência e sem tanta emoção desnecessária. Cuide melhor de nossos corações, Palmeiras.