Ex-Palmeiras lembra quando dividia 'cafofo' sem móveis com São Marcos nos tempos de 'vacas magras': 'Decoração light'

7/10/2017 08:40

Ex-Palmeiras lembra quando dividia 'cafofo' sem móveis com São Marcos nos tempos de 'vacas magras': 'Decoração light'

Ex-Palmeiras lembra quando dividia 'cafofo' sem móveis com São Marcos nos tempos de 'vacas magras': 'Decoração light'

Marcos ainda cabeludo (á esquerda) e Rodrigo Costa jogaram juntos no Palmeiras



Herói da conquista da Libertadores de 1999 e destaque no pentacampeonato mundial, Marcos Roberto Silveira Reis teve um começo de carreira nada parecido com os dias de glória que viveria anos depois com as camisas do Palmeiras e da seleção brasileira.







Muito antes de virar São Marcos, o garoto nascido em Oriente, interior de São Paulo, chegou ao Palestra Itália trocado por pares de chuteiras e bolas. Sem chances no elenco estrelado da Parmalat, ele jogava na equipe de aspirantes alviverde e recebia um salário modesto.



Após passar um tempo na casa do goleiro Sérgio, ele foi morar sozinho em um apartamento cedido pelo clube alviverde com três quartos, mas no começo de 1995 recebeu a companhia de um colega de time.



"Eu fui campeão da Supercopa São Paulo de Juniores em 1995 em cima do São Paulo, aquela que infelizmente terminou com briga e morte no Pacaembu. Logo depois, eu fui relacionado para o time de cima porque o Tonhão tinha se lesionado e o Alexandre Rosa não tinha renovado contrato", contou Rodrigo Costa, ex-zagueiro do Palmeiras, ao ESPN.com.br.



"Eu acabei jogando bem contra o Bragantino em Bragança no Paulistão de 95. Nós ganhamos e quebramos um tabu. Era um time que incomodava os grandes pra caramba", recordou.



O jovem defensor, que fazia faculdade de administração, viu uma chance de melhorar sua qualidade de vida.



"No ônibus voltando do jogo eu já fui no Vicenzo Roma, diretor da Parmalat: 'Pô, Roma, eu moro no alojamento do Palmeiras, é complicado. Eu já sou profissional, não tem como dar uma força?' Ele me respondeu: 'O clube tem um apartamento que o Marcos mora sozinho'. Como eu já tinha amizade com o Marcão, que é caipirão como eu, conversamos e deu tudo certo", afirmou.



Após chegar ao "cafofo" do goleiro, o defensor teve uma grande surpresa.



"Chegando lá, só tinha uma cama em cada quarto e a televisão. Na cozinha tinha uma geladeira, mas não tinha fogão. Na sala era só uma bicicleta ergométrica e um telefone que ficava no chão (risos). Era aquela disputa para quem ia usar porque não tínhamos celular", contou.



O maior problema era quando os jogadores recebiam alguma visita no apartamento...



"Quando gente ia levar alguma menina lá o Marcão falava: ‘Só não repara que a nossa decoração é light. Bem minimalista (risos)'. Você entrava e não tinha nada. Elas falavam: 'Pô, mas só isso?' Ele metia um ‘migué’: 'Nós estamos redecorando, vai ficar bonito'. Que nada...", explicou.



Mesmo sem fogão, eles contavam com a ajuda de uma vizinha do prédio para não ficarem com a barriga roncando.



"Ela cozinhava muito bem doces. Vira e mexe, nos dava algum bolo. Além disso, o Marcos tinha uma namorada que tinha banca no Ceasa e ele também recebia algumas coisas. Ela acordava de madrugada para ir trabalhar e passava em casa umas cinco da matina pra nos levar frutas (risos)", relembrou.



Apesar dos tempos de vacas magras, São Marcos era generoso com o amigo.



"Ele era apaixonado por carros. Tinha um Ômega lindo e depois comprou uma caminhonete de cabine dupla importada. Quando eu comprei um Golf, meu primeiro carro, eu não tinha rádio. O Marcão me deu jogo de rodas espetacular e um rádio que tocava até CD, acredita? Ele era meu irmãozao", agradeceu.



E os garotos gostavam de acelerar os carros pelas ruas da capital paulista.



"Como éramos jovens, ele era o terceiro goleiro e eu era o sexto zagueiro do profissional, era diversão direto. Não tínhamos aquela cobrança. Ou seja, só curtíamos a parte boa (risos). Nós morávamos ao lado do shopping West Plaza. A gente apostava quem chegava antes aos treinos. Cada um ia por um caminho para fugir no trânsito. Quem perdia pagava o jantar", garantiu.



Fim da decoração 'light'



Alguns meses depois, os jovens receberam mais um hóspede para o apartamento, que deu fim aos tempos de decoração minimalista.



"Como tinha um quarto sobrando chegou o [ex-zagueiro] Roque Júnior para morar conosco. Achamos que ele ia colaborar com um fogão ou geladeira (risos). Ele agregou muito mais para a gente porque é um cara muito organizado. Como a família dele sempre vinha nos visitar, ele comprou uns móveis e colocou umas coisas para decorar e ficar menos 'light' (risos)", disse.



"Além disso, começamos a ganhar melhor porque mesmo não sendo convocado nunca para os jogos, sempre sobrava uma parte do prêmio para a gente. Ganhamos muito dinheiro por causa de Edmundo, Rivaldo, Evair. Esses caras nos ajudaram muito", reconheceu.



Apesar de ter uma curta passagem pelo profissional do Palmeiras, o defensor fez várias partidas no Campeonato Paulista de Aspirantes com um ainda cabeludo Marcos.



"Mesmo não jogando no profissional, ele tinha muita moral pelo potencial que demonstrava. O Carlos Pracidelli e o Valdir Joaquim de Moras já estavam o preparando para ser o monstro que virou", analisou.



Rodrigo Costa dividiu apartamento com São Marcos e Roque Júnior até o final de 1996, quando foi contratado pelo Juventude para disputar o Campeonato Brasileiro. Depois disso, rodou por Grêmio, Santos, Munique 1860, Cerro Porteño até se aposentar em 2012. Marcos virou titular do Palmeiras em 1999, virou santo para os torcedores e pendurou as luvas no fim de 2011.



"O Marcos não mudou nada, continua humilde do mesmo jeito. Tive muita sorte de morar com o cara que até hoje é o meu ídolo", finalizou.





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6699 visitas - Fonte: ESPN

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Excelente matéria!

Show de bola cara. Muito legal isso. Tempo bom em que o futebol era mais amor a profissão e menos ao dinheiro.

matéria legal. é raro ver novas histórias boas antigas

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