Foram quase quatro meses de jejum. Algo que já seria ruim para qualquer centroavante, mas certamente é ainda pior para um que chegou cheio de expectativas e por R$ 33 milhões. Nesta quinta-feira, porém, a angústia terminou, e Miguel Borja foi às redes contra à Ponte Preta – com direito à golaço, diga-se.
E muito disso tem a ver com um cara que nem entra em campo: Alberto Valentim.
Nas palavras do próprio centroavante e de outros jogadores palmeirenses, o novo comandante já conseguiu colocar sua cara na equipe – algo que acabou refletindo justamente no estilo de jogo do atacante colombiano.
“Na Colômbia o time era totalmente diferente. Aqui a competição é mais rápida. Lá se jogava muito por dentro, aqui se joga mais pelos lados e isso me atrapalhou muito. Mas estamos trabalhando para que o jogo seja mais centralizado e para que eu possa ter mais chances de gol”, explicou Borja.
É claro que ainda é muito cedo para qualquer conclusão. Foram apenas dois jogos e diante de dois times que estavam dentro da zona de rebaixamento.
Mas, até agora, o Palmeiras realmente mostra mudanças importantes no estilo de jogo.
Compare, por exemplo, os dois mapas de calor abaixo. O primeiro é do Palmeiras de Cuca no Brasileirão e mostra uma boa quantidade de toques na bola pelas laterais de campo. O segundo é do time de Valentim e comprova o que disse Borja, com o time tentado construir mais os lances pelo meio.
Palmeiras, com Cuca, encostava bastante na bola pelas laterais de campo
Com Valentim, time alviverde passou a pensar mais em jogadas pelo meio.
Os números (sempre considerando em média, claro) também mostram mudanças. O Palmeiras agora encosta mais na bola, troca e acerta mais passes, cruza menos a bola na área e ainda finaliza mais.
“Ele é um treinador que gosta muito da velocidade na posse de bola. A movimentação que a gente cria para receber a bola”, disse Moisés, o camisa 10 alviverde.
“O Alberto conhece todos os jogadores e está colocando o estilo que ele gosta de jogar. Hoje teve uma diferença boa de marcação, o time está mais posicionado, mais encaixado e mais justo”, completou o zagueiro Edu Dracena.
O próprio treinador, porém, adota um discurso diferente. E, claro, tenta manter os pés no chão, apesar de não conseguir esconder a felicidade pelo bom começo.
“Gostei de tudo, mas, ao mesmo tempo, precisamos melhorar em vários aspectos. Temos que corrigir algumas coisas defensiva e ofensivamente. Fizemos um jogo consistente, tivemos a posse e verticalizamos quando tivemos oportunidade. Tem que melhorar, mas estou satisfeito”, disse.
De qualquer forma, o trabalho parece agradar os jogadores. Mesmo antes do jogo contra a Ponte Preta, Dudu, um dos principais líderes do elenco, já pedia a permanência de Valentim para 2018.
“Na minha opinião, que eu já dei para o Alexandre Mattos, para o presidente, para todos, desde a primeira vez que saiu o Cuca, a gente queria que ele (Valentim) ficasse. A gente espera que ele faça um grande trabalho nesses jogos que tem para que, se Deus quiser, ele possa ter a oportunidade de comandar definitivamente o time no ano que vem”, disse.