Copinha: a bola, o espaço e os dogmas da base brasileira

13/1/2018 10:41

Copinha: a bola, o espaço e os dogmas da base brasileira

Por Pedro Venancio

Copinha: a bola, o espaço e os dogmas da base brasileira

Debate sobre filosofia de jogo dos clubes precisa ser travado e janeiro, mês em que os holofotes se voltam para a base, é o momento ideal para isso.







Muito presente no cenário do futebol profissional, o debate sobre filosofia de jogo também ocorre na base brasileira, que se profissionaliza cada vez mais. O binômio "Guardiola x Mourinho", "Donos da bola x Donos do campo", ou seja lá qual for a nomenclatura que queiram usar, faz parte do cotidiano de qualquer um que vê jogos de base. E com consequências tão ou mais perigosas do que nos jogos adultos.



Nos profissionais a cobrança por resultado é insana e o jogo de contra-ataque, direto, é justificado por isso. A ordem é correr o mínimo de risco possível, e a maioria dos times fecha a casinha. A consequência disso são jogos coletivamente ruins, pautados na qualidade individual de pontas rabiscadores, volantes rompedores e imposição física. Arthur, do Grêmio, é um raro sobrevivente nesse processo, e ainda assim, enfrentou muitas restrições no meio do caminho.



Na base, a maioria dos jogos é igualmente ruim. Ainda há espaço para exceções, como Botafogo, São Paulo e Chapecoense. O Flamengo busca uma nova filosofia de controle de jogo. No mais, times camaleônicos, que se adaptam, e não se impõem a cada jogo. Normalmente reativos contra maiores, e propõem jogo contra os pequenos. A escolha é um direito de cada treinador, e há bons profissionais que optam por essa filosofia e obtém sucesso com resultados dentro de campo. Mas as consequências na formação são potencialmente nefastas. Cada proibição em nome do menor risco possível significa a perda da possibilidade de desenvolver melhor um jogador.



Não entendeu? Então vamos a exemplos práticos. Há, ainda, no ano da graça de 2018, treinadores em times grandes na base que proibem recuos de bola aos goleiros. Naturalmente, os camisas 1 não potencializam o jogo com os pés. E naturalmente, perdem mercado no exterior, porque hoje os times grandes da Europa buscam goleiros que saibam ao menos iniciar uma saída de bola.





Aos zagueiros, algumas vezes é proibido sair jogando. O chutão é a lei. Se eles não fazem isso na base, vão fazer quando na vida? O argumento contrário diz que, se errarem, o emprego do técnico vai pro beleléu. E realmente há uma chance de ir. Mas como se forma zagueiros técnicos se eles não são estimulados a evoluir com a bola no pé?



Aos volantes, muitas vezes o estímulo é o de só jogar para a frente. O passe de lado é sinônimo de "jogador burocrático. Qualquer um faz". A valorização da posse de bola, no Brasil, é pouquíssimo praticada. E a circulação de bola nos times da Série A é, em regra, palpérrima, com honrosas exceções. Justiça seja feita, é muito mais fácil jogar com ratos de laboratórios na base, pois o estado de certos campos em que os jogos são realizados é quase um impeditivo para a prática do futebol.



Dos meias, se exige tudo. "Não temos mais um camisa 10 de qualidade", é sempre uma frase que cai perfeitamente em um botequim. Ou na boca de algum ex-jogador saudosista. Jogando em estilo direto e contragolpes, a bola raramente passa com qualidade pelos pés desse meia, que se torna quase um segundo atacante por trás do centroavante.



Dos atacantes, se cobra imposição física, seja centroavante ou ponta. Arrancadas em profusão. Transições rápidas e jogo em grandes espaços para receber lançamentos longos. Muita velocidade e força para superar os zagueiros. Todos grandes atributos.



Falta, porém, o treinamento para jogar em espaços pequenos. Para criar em condições em que o adversário está fechado e não depender apenas de um lapso ou de uma bola parada. Falta, claro, muita coisa a mais. Faltam campos decentes para treinamentos de vários times grandes brasileiros. Falta qualificação profissional a quem treina times nas categorias inferiores, em muitos casos. Falta respaldo de uma série de dirigentes estatutários que adoram sair bem na foto com uma taça.





Falta também aceitar que o Brasil é um país protagonista no futebol mundial. E que num país protagonista, os clubes precisam formar jogadores para os principais mercados. Podar a evolução desses jogadores, em nome de títulos ou ascensão profissional, vai na contramão disso tudo. É urgente e fundamental melhorar a qualidade do jogador mediano da Série A, mesmo que isso custe meia dúzia de títulos no sub-13.





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