Em Goiânia, veja a história de Dudu, craque do Brasileirão, no Terrão de sua cidade

26/12/2018 08:10

Em Goiânia, veja a história de Dudu, craque do Brasileirão, no Terrão de sua cidade

Em Goiânia, veja a história de Dudu, craque do Brasileirão, no Terrão de sua cidade

Foto: Tossiro Neto



O primeiro troféu ao voltar para o Brasil, no comecinho de 2014, Dudu ergueu vestindo um encardido uniforme vermelho. Nem a lava-roupa de seu treinador fez sumir do apelido e do número 99, adesivados em branco na camiseta, os resquícios alaranjados de terra batida. Do campinho de terra da Vila Maria Dilce, bairro de Goiânia onde o atacante cresceu.







Em janeiro daquele ano, num típico e abafado domingo goiano, enquanto seus representantes negociavam com o Dínamo de Kiev o empréstimo para o Grêmio, o baixinho de 1,66 metro encarou pancadas e carrinhos na várzea, às 10h da manhã, para dar aos amigos do Explosão FC o título do Campeonato do Vicentinho.



Foram cinco gols de pênalti. O primeiro definiu o empate no tempo normal – quando o PCM, time formado por moradores da mesma região, vencia por 1 a 0 – e levou para dentro das tortas quatro linhas do campo boa parte do público que se espremia nos barrancos em volta.



Depois de outro empate (por 5 a 5) na disputa de pênaltis, com mais um gol de Dudu, cada time precisava escolher um único jogador para a série de cobranças alternadas no esquema "até alguém errar". Não houve a menor dúvida de que o eleito pelo Explosão deveria ser aquele que já tinha passagem até pela seleção brasileira, o craque da vila.



– O Dudu bateu um e fez. O cara deles bateu e fez. O Dudu bateu o segundo e fez. O cara deles bateu e fez. O Dudu bateu o terceiro e fez. Aí o cara deles bateu, e o Leandro pegou. O Leandro, nosso goleiro, é primo do Dudu – conta Tiago Jacinto, o Tiaguinho, de 34 anos, vendedor de peças de automóveis e técnico do Explosão com orgulho.



– É muito gratificante ter no seu time um jogador profissional e muito humilde. É muito bacana ter no futebol de várzea um cara que nem ele, que sempre pede para marcar jogo quando vem para Goiânia. E ele joga sério, como se estivesse no Palmeiras.



Dudu leva a sério mesmo. Ainda mais se o adversário é o PCM, como na finalíssima de quatro anos atrás.



– Contra o PCM é clássico. É Palmeiras x Corinthians. A gente não pode perder pra eles nem a pau – explica o atacante, que na manhã seguinte daquele título na várzea tomou um avião rumo a Porto Alegre para fechar contrato com o Grêmio.







NO TERRÃO, DUDU SE DESLIGA



A passagem pela capital gaúcha durou um ano. Em janeiro de 2015, ainda preso ao Dínamo de Kiev, o atacante estava a caminho de outra capital brasileira – Corinthians e São Paulo tentavam comprá-lo.



A mudança para a capital paulista aconteceria de fato. Mas, surpreendentemente, para que Dudu jogasse pelo Palmeiras. Em 11 de janeiro, num domingo cedo, o reforço palmeirense foi anunciado sem qualquer vazamento prévio na imprensa.



Quem estava no terrão do Maria Dilce soube antes. Pelo menos os amigos que veriam ao seu lado uma partida do Explosão. Como Tiaguinho, o treinador, que recebeu telefonema de um número desconhecido e passou o celular a Dudu. Do outro lado da linha, uma pessoa envolvida no negócio (que já havia sido acertado na sexta-feira) dizia ter tentado sem sucesso ligar para o jogador.



– Essa pessoa me explicou que tinha conseguido meu número com a esposa do Dudu. Passei para o Dudu, ele atendeu, desligou e perguntou onde tinha uma lan house – lembra o amigo.



A lan house mais próxima, a dez quarteirões dali, estava fechada. Mas, por sorte, o dono também via o jogo no campo. Dudu precisava assinar um documento recebido por e-mail.



– Foi uma correria. Entrei no carro dele, um carro branco, e viemos pra cá. Ele abriu o e-mail da esposa, a gente imprimiu o papel, ele assinou, a gente escaneou, e ele mandou de volta o e-mail – diz Ledir José Pires, de 45 anos, apontando para um scanner preto de sua antiga lan house, hoje transformada em uma manutenção de informática.







CRAQUE DO PALITINHO



Assim como o terrão, que continua igualzinho – convivendo com uma velha ameaça de loteamento do terreno e tendo demarcações tortas de cal nas áreas e laterais –, Dudu não mudou.



A maioria dos encontros já não é mais lá, e sim em campos sintéticos ou num futevôlei da cidade, mas Dudu não mudou.



Duas semanas depois de vestir um terno alinhado para receber no Rio de Janeiro o prêmio de craque do Brasileirão, competição na qual liderou o campeão Palmeiras, o jogador de 26 anos estava de bermuda, camiseta e boné para trás num churrasco em Goiânia.



– É muito importante estar onde eu comecei, onde dei meus primeiros passos com a galera. É onde eu aprendi a jogar a futebol. Quando eu era pequeno, ficava correndo atrás da bola pra eles – justifica.



Mesmo de férias, porém, o craque do Brasileirão é competitivo. Além de ocupar a agenda em boa parte com peladas, o camisa 7 do Palmeiras se mete em disputas acirradas de palitinho (ou porrinha, dependendo da região do país). Vence o jogo quem adivinha a soma de todos os palitinhos escondidos nas mãos dos participantes. Só nesse churrasco, ele venceu várias vezes e tirou sarro dos amigos.



– Não preciso nem jogar bola, só jogar palito aqui – exagerou, rindo, o melhor jogador da última temporada do futebol brasileiro.



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17796 visitas - Fonte: Globoesporte.com

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Edielson Rebelo     

Parabens Dudu , quem realmente e humilde nao esquece suas raizes

Jose Bonfim     

Já morei nesta vila. Assisti muito jogos la.

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