100 anos de Palmeiras: De 1984 a 93, o sofrimento alviverde foi recompensado

Anos 80 com derrotas e humilhações fizeram crescer a fila, que acabou como num roteiro de cinema: goleada e euforia contra o maior rival em 1993

'Visão da década', por Thiago Salata (editor do LANCE!)

O período de maior seca da história do Palmeiras antecedeu um dos mais gloriosos.



Quem viveu, e sofreu, com os quase 17 anos da fila que começou em 18 de agosto de 1976 entrou em transe a partir de 12 de junho de 1993, tarde histórica em que Evair & Cia. atropelaram o Corinthians por 4 a 0 na final do Paulista.



Muitos dos palmeirenses que foram apresentados ao futebol, e ao Verdão, no começo dos anos 80 talvez hoje, se pudessem escolher, não trocariam os anos de sofrimento. Hoje eles já teriam a certeza que o fim do martírio teria o mais belo dos roteiros.



Sem aquela dor intensa, não haveria aquela indescritível alegria.

Para chegar à tarde de sábado, Dia dos Namorados, em 1993, foi preciso sofrer demais. Times bons e ruins foram montados por dirigentes, a maioria ruins, nos anos 80.



O país, em crise econômica, vivia a “década perdida” e o Palmeiras resolveu ser um “espelho” do Brasil. Nenhum título foi conquistado no período.



A Taça de Prata, Série B da época, foi a realidade alviverde por dois anos seguidos (1981 e 82). Massacres para Inter (6 a 0) e São Paulo (6 a 2) humilharam a torcida em 1981, e para o Corinthians (5 a 1), em 1982.







A traumática derrota por 2 a 1 na final do Paulistão de 1986, para a Inter de Limeira, com quase 80 mil no Morumbi, aumentou a dor alviverde. A falha do lateral-esquerdo Denys fez um pesadelo continuar. No mesmo ano, o apelido antes pejorativo virou praticamente um mascote: “E dá-lhe Porco, e dá-lhe Porco!”.



E foi o porco o grande motivador da inesquecível tarde de 12 de junho de 1993. O corintiano Viola mal sabia que a imitação, uma provocação, na vitória alvinegra por 1 a 0 na ida seria a pauta das reuniões do técnico Vanderlei Luxemburgo com os atletas na semana antes da finalíssima.



1, 2, 3, 4... Um baile. E o Palmeiras lavou a alma dos seus torcedores ao evitar que o jejum, até hoje o maior da história, chegasse aos 17 anos. Ídolos foram consagrados. Evair, o maior deles, também tinha vivido vários dos dias de vacas magras que antecederam a “Era Parmalat”. Começavam anos pintados de verde.



OS NÚMEROS DO PALMEIRAS DE 1984 A 1993:



Vitórias: 310

Empates: 202

Derrotas: 152

Total de jogos: 664



O MUNDO NO PERÍODO:



1985



Em 15 de janeiro, Tancredo Neves, em eleições indiretas, venceu Paulo Maluf e foi eleito presidente do Brasil.



1986

Maradona virou “Diós” ao conduzir a Argentina ao segundo título de Copa do Mundo, no México.



1987

Carlos Drummond de Andrade, escritor e poeta brasileiro, morreu em 17 de agosto.



1989

A queda do Muro de Berlim iniciou o processo de reunificação da Alemanha após a Guerra Fria.



1992

Em 29 de setembro, o presidente Fernando Collor foi afastado após aprovação do pedido de Impeachment.