Palestra Itália nasceu para congregar imigrantes de São Paulo em 1914

18/8/2014 10:59

Palestra Itália nasceu para congregar imigrantes de São Paulo em 1914

Palestra Itália nasceu para congregar imigrantes de São Paulo em 1914

Foto da época mostra a antiga Rua Marechal Deodoro, na qual o Palestra Itália foi fundado em agosto de 1914.Foto:Acervo/Gazeta Press



Um dos últimos países da Europa a se unificar, a Itália o fez em 1861. No final do século XIX, milhares de famílias imigraram para o Brasil. O Palestra Itália, criado no dia 26 de agosto de 1914, surgiu para congregar os integrantes da numerosa colônia em São Paulo.



Luigi Cervo foi o mentor da nova agremiação. Fã de futebol, ele era sócio do extinto Sport Club Internacional-SP e também participava da Sociedade Dramática e Recreativa Bella Estrella, da qual saiu ao lado de alguns companheiros após um incidente disposto a iniciar uma nova instituição.



A recente passagem do Torino por São Paulo foi inspiradora para Cervo. “Aquela visitou firmou, em mim e nos meus companheiros da sociedade Bella Estrella, a ideia de fundar uma sociedade esportiva da colônia italiana.



Nossos propósitos entusiasmaram numerosos moços, filhos de nossos italianos, que já militavam nas equipes de futebol”, disse o imigrante em discurso proferido durante os festejos pelos 25 anos do Palestra Itália, em 1939.



Cervo era funcionário das Indústrias Matarazzo e disseminou a ideia entre os conhecidos. Na tentativa de ampliar a divulgação do projeto, ele visitou a sede do Fanfulla, jornal voltado à numerosa colônia italiana em São Paulo. Dias depois, o então estudante Vicente Ragognetti escreveu uma carta a ser publicada pelo periódico.



“Nós temos em São Paulo o clube de futebol dos alemães, dos ingleses, dos portugueses, dos estrangeiros e por fim dos católicos e protestantes. Mas um clube que seja composto somente de esportistas italianos, apesar de nossa colônia ser grande, não existe e nem sequer foi tentado”, diz a carta inicial, datada do dia 13 de agosto.



Atraídos por um novo comunicado publicado pelo Fanfulla, veículo que segue vivo por meio de seu site na Internet, cerca de 46 pessoas, a maioria funcionárias das Indústrias Matarazzo, se reuniram no Salão Alhambra, na antiga Rua Marechal Deodoro, para efetivamente fundar o novo clube no dia 26 de agosto de 1914.



Na época, o futebol ainda dava seus primeiros passos no Brasil – Charles Miller introduzira o esporte na capital paulista em 1894. Para formar uma entidade dedicada à modalidade, os idealizadores do novo clube precisaram defender o projeto de maneira incisiva nas primeiras reuniões.



"Havia quem se batesse para uma sociedade dramática-recreativa e quem defendesse uma sociedade puramente esportiva. Eu, que era o secretário-geral, e ocupei tal cargo durante longos anos consecutivamente, consegui conciliar as diferentes tendências propondo uma sociedade mista", contou Cervo.



A proposta de incluir a prática do futebol venceu, e a nova agremiação ganhou o nome de Palestra Itália, sugerido por Cervo – a palavra, de origem grega, significa “academia ou escola onde se pratica atividades físicas”. Foram adotadas as mesmas cores da bandeira italiana, Ezequiel Simone tornou-se o primeiro presidente e Luigi Marzo, o vice.



Com a unificação da Itália relativamente recente, ainda era perceptível em São Paulo o agrupamento de imigrantes oriundos de uma mesma região, como calabrases, sicilianos, vênetos e napolitanos, falando os próprios dialetos. A criação do clube para representar a colônia, desta forma, serviu para aproximar os compatriotas.



"A unificação da Itália ainda era algo novo. Não se tinha uma ideia de unidade. Através do Palestra Itália e pela prática do futebol, um esporte em franca popularização, toda a massa de imigrantes da época passou a se aglutinar e se ver representada", explica Fernando Galuppo, estudiodo da história do clube.



Com a agremiação constituída, uma das primeiras providências foi buscar jogadores para formar a equipe de futebol. Naturalmente, os imigrantes e descendentes que defendiam outras agremiações foram atraídos. Ainda assim, sempre pelo jornal Fanfulla, o clube recrutou novos atletas.





Migliari, Flosi, Grimaldi, Bertolini, Bianco, Fabbi, Fortino, Severino, Heitor, Savério e Hipólito na temporada de 1916



De acordo com o historiador palmeirense Miro Moraes, aproximadamente 32 pessoas atenderam ao chamado feito por meio do periódico e se apresentaram no Largo São Bento interessadas em defender o clube. Um dos funcionários das Indústrias Matarazzo sabia da existência de um descampado no bairro da Vila Mariana, para onde seguiram os candidatos a jogadores.



“Como o campo não tinha traves, eles improvisaram os gols e jogaram até a hora do almoço. Nesse dia, em toda a história, é a primeira vez que o Palestra Itália tem contato com o futebol. É o ponta-pé inicial na vida futebolística do clube”, aponta o historiador.



Antes de efetivamente entrar em campo para enfrentar um adversário, o Palestra Itália passou meses treinando no campo da Rua Major Maragliano, hoje ocupado por um hospital psiquiátrico. Os insucessos nos primeiros jogos desmotivaram muitos times, algo que a recém-criada agremiação desejava evitar.



Além de enfrentar as dificuldades inerentes à formação de um novo clube, o Palestra Itália foi diretamente afetado pela Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e quase encerrou suas atividades de forma precoce. A agremiação perdeu sócios e jogadores, convocados para lutar pelo país de origem, mas sobreviveu.



Em seu primeiro jogo, disputado no dia 24 de janeiro de 1915, o Palestra Itália venceu o Savoia por 2 a 0, em Sorocaba, com gols de Bianco e Alegretti. Representaram o novo clube Stillitano, Bonato e Fúlvio; Police, Bianco e Valle; Cavinato, Américo, Alegretti, Amílcar e Ferré. A Taça Savoia, conquistada na ocasião, permanece no acervo da agremiação.





Etelvina, 92 anos de idade, é filha de Luigi Cervo, mentor da criação do Palestra Itália.Djalma Vassão/Gazeta Press



Depois de disputar apenas amistosos em seu primeiro ano de vida, o Palestra Itália conseguiu se afiliar à Associação Paulista de Esportes Atléticos (Apea) em 1916 - a extinta Associação Atlética das Palmeiras colaborou com a inclusão do novo clube, fato que seria importante anos depois.



Na estreia em um torneio oficial, o time empatou por 1 a 1 com o Mackenzie, pelo Campeonato Paulista.



Em 1917, houve o primeiro confronto com o Corinthians, vencido por 3 a 0 com gols de Caetano. Seis anos após a fundação, o Palestra Itália iniciou seu caminho de títulos ao conquistar o Campeonato Paulista pela primeira vez com um triunfo por 2 a 1 sobre o poderoso Paulistano, então tetracampeão.



“Eu imagino que o sonho dos fundadores esteja sendo realizado. Quando eles escolheram o nome Palestra, que em uma tradução livre significa academia, sabiam o que estavam fazendo.



Queriam ganhar o mundo, e nós estamos conseguindo com um clube respeitado e vitorioso, o campeão do século”, declarou o historiador palmeirense Jota Christianini.





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