Porcoíris - conheça a comunidade LGBT que torce para o Palmeiras

Os torcedores do Palmeiras que fazem parte da comunidade LGBT possuem, agora, um ambiente virtual para se expressar e provar que com a homofobia não tem jogo. É a @porcoiris1, conta criada no Twitter com o intuito de dar voz e espaço para esse grupo dentro do futebol. As referências para o nome são o arco-íris, símbolo do movimento LGBT, e à mascote do próprio clube.



“É mote nosso não descansar enquanto o Palmeiras não promover a inclusão LGBT verdadeiramente! E essa inclusão, na nossa visão, é de que o clube faça posts mostrando casais e torcedores LGBT que amam o clube tanto quanto qualquer

outro torcedor”, explicou um dos membros fundadores do Porcoíris.



Com isso, os torcedores LGBTs do alviverde deixam explícito o seu desejo de serem vistos e abraçados pelo Palmeiras. Eles são, afinal, tão atuantes quanto qualquer outro torcedor: compram ingressos para as partidas, vestem os uniformes oficiais do Verdão e realizam apostas no futebol brasileiro e internacional.



“Pretendemos dar o exemplo ao clube e contar as histórias que o palmeirense LGBT tem de amor pelo clube para, através da inclusão, mostrar que todos somos igualmente apaixonados pelo Palmeiras e que futebol é para todos”, explicou.



A expectativa é que o movimento criado por esses torcedores resulte em mais uma mudança na casa alviverde, transformando-se em um ambiente mais inclusivo e que desestimule casos de homofobia, ainda tão comuns no futebol.



“E acreditamos que, ao sermos abraçados verdadeiramente pelo Palmeiras, o torcedor homofóbico não terá o espaço para dizer a qualquer palmeirense LGBT que deve torcer para outro clube por ser LGBT. E, mesmo que ainda falem, com o clube mostrando orgulho de todos os torcedores LGBTs ao seu lado, ninguém se

sentirá excluído”, finalizou o responsável pela página.



Futebol e diversidade

Além da criação de grupos de torcedores LGBTs, como o Porcoíris, também foi possível perceber nos últimos anos o surgimento de diversos times de futebol amadores focados nesses grupos. Como exemplo, é possível citar Diversus FC,

fundado em 2017, e o Real Central FC, que já possui 29 anos de história.



“A formação de um time totalmente LGBT significa que a gente existe e pode ocupar espaço no esporte. Significa que o esporte é para todos, para o gay, para o negro, para a mulher. Historicamente o futebol sempre foi para o homem, hétero e branco. Depois de um tempo isso foi mudando, primeiro com a inclusão dos negros e agora aos poucos da mulher e dos gays”, explicou Roger, presidente do Diversus. E nesse meio é possível encontrar, até mesmo, um torneio criado exclusivamente para esses times: o Champions LiGay, o campeonato brasileiro de futebol LGBT.



Criado em 2017, a 5ª e mais recente edição do Champions LiGay aconteceu na cidade de Belo Horizonte, em novembro de 2019. Ao todo, participaram do evento 28 times masculinos e 4 equipes femininas, reunindo mais de 600 atletas de diversos estados do país.



“Esse ‘boom’ de times e campeonatos gays é importante porque você gay vai estar num lugar onde vai se sentir bem, onde não haverá discriminação. Se o hétero quiser vir jogar, será muito bem-vindo, mas saberá que o ambiente é de gays. Ele

vai chegar ao time, respeitar o convívio, as qualidades, os defeitos, as brincadeiras”, declarou Evair Silva, jogador do Diversus.



O espaço, inclusive, como deixou claro o próprio Evair, é aberto também para pessoas heterossexuais que desejam participar dos treinos, ficando de fora apenas dos campeonatos devido ao regulamento.



“E eles gostariam de jogar os campeonatos com a gente. A gente fica muito feliz com essa atitude deles, porque é uma inclusão dos héteros nos times gays também.



A partir do momento em que eles respeitam a gente, é uma conquista nossa, porque é a sociedade respeitando a gente, vendo a gente de uma forma diferente”, comentou Joseano Alves, que treina há mais de 15 anos no Real Central FC.