Por salário menor, zagueiro Gustavo preferiu Palmeiras ao Corinthians

11/4/2020 09:43

Por salário menor, zagueiro Gustavo preferiu Palmeiras ao Corinthians

Por salário menor, zagueiro Gustavo preferiu Palmeiras ao Corinthians

Imagine que você faz um grande Brasileirão pela equipe sensação do campeonato e, ao fim do torneio, recebe proposta de dois gigantes: uma do Palmeiras e outra do Corinthians, com a do Timão sendo superior financeiramente. A lógica diz para aceitar o salário mais alto, certo?







Mas para o zagueiro Gustavo Franchin Schiavolin, o coração acabou pesando.



Mesmo por um contracheque menor, ele acabou dizendo "sim" à oferta palmeirense e acertou com o clube do Palestra Itália. Com a camisa alviverde, conquistou o Paulistão de 2008, além do carinho dos torcedores pela raça em campo.



Hoje aposentado após defender o Avaí como último clube, em 2017, ele diz que a escolha à época foi "natural".



"Eu fui muito bem no Paraná Clube, em 2006, e o técnico era o Caio Júnior. Ele foi para o Palmeiras e me levou junto. Foi o ápice da minha carreira, porque era o time que eu gostava e tinha identificação. Minha família é toda palmeirense, o Palmeiras era meu time de infância. Foi especial demais representar o time que eu torcida, porque é difícil para um jogador conseguir isso", lembrou Gustavo, em entrevista à ESPN.



"Curioso que o Corinthians me fez uma proposta para ganhar R$ 10 mil a mais por mês, só que eu já tinha dado a minha palavra ao Palmeiras. E palavra, pra mim, tem muito mais valor que documento. Isso foi tão natural que, na minha apresentação, eu contei, e gerou uma identificação imediata com a torcida. Eles já gostavam de mim antes mesmo de entrar em campo (risos)", brincou.



Gustavo chegou um ano antes, mas fez parte depois do time que o Palmeiras do técnico Vanderlei Luxemburgo montou em parceria com a Traffic, em 2008, com a chegada de atletas como o meia Diego Souza e os atacantes Alex Mineiro e Kleber "Gladiador".



A equipe demorou para entrosar, mas o beque formou boa dupla com Henrique e ajudou o elenco a se sagrar campeão do Paulistão, acabando com um longo jejum de títulos no Palestra Itália.



"Só fiquei de fora de um jogo naquele Estadual. Para mim foi demais, fui campeão pelo time que até outro dia eu vibrava e chorava. Eu sabia o que o torcedor estava sentindo, mas eu estava dentro de campo, sentindo a mesma coisa", contou.



"Aquele grupo tinha só feras: Marcos, Kleber, Diego Souza, Denílson, Alex Mineiro, Valdívia... Meu Deus, que seleção (risos)! A gente sempre concentrava e ficava na resenha até 4 da manhã. A gente gostava de ficar juntos, o coletivo era excelente. Entrávamos em campo já sabendo que iríamos ganhar", ressaltou.



Daquele grupo, Gustavo sente muita falta do goleiro Marcos.



"É um mito, muito carismático e todos gostam dele. Conta piada, é engraçado, fala com todo mundo. Dentro e fora de campo ele é daquele jeito. Antes, eu já admirava só de ver pela TV, depois que passei a conviver virou meu ídolo", exaltou.



"Teve uma coisa do Marcos que eu levei para o resto da minha carreira, porque ele era o cara que mais treinava no Palmeiras, chegava sempre no horário, treinava depois na musculação. Construiu uma história bonita com esforço e dedicação", acrescentou.



O defensor também elogia o trabalho de Luxa naquele Paulistão.



"Trabalhar com o Luxemburgo foi muito bom. Durante aquele campeonato nós tínhamos perdido para o Guaratinguetá por 3 a 0, daí ele pediu para fechar o vestiário e não entrar ninguém, só os jogadores. Na hora pensei que ele ia rasgar todo mundo, ia vir uma puta bronca. Só que ele falou com a gente bem calmo, não brigou com ninguém e disse: 'Fiquem tranquilos, nós perdemos hoje, mas nasceu o campeão'. E não deu outra: depois daquilo, só perdemos um jogo até a final e fomos campeões. Isso marcou demais", lembra.



Para ser campeão estadual, o Palmeiras eliminou o São Paulo na semifinal, perdendo no Morumbi por 2 a 1 e ganhando por 2 a 0 no velho Palestra Itália, no famoso jogo que teve de tudo um pouco: grande atuação alviverde, queda de energia, "gás de pimenta" no vestiário tricolor e pedido de silêncio de Valdivia para Rogério Ceni, que quase terminou em briga.



Na decisão, vitória por 1 a 0 sobre a Ponte Preta em Campinas, e depois de uma preleção emocionada de Marcos no vestiário, um massacre por 5 a 0 na capital paulista, com show de Valdivia e Alex Mineiro. O título acabou com um jejum de 12 anos do "Verdão" sem conquistar o Paulista, já que a última taça havia sido levantada em 1996.



"O que mais me orgulha é que, se você for ao CT do Palmeias, quando olhar o pôster de campeão paulista de 2008, eu estou lá. Isso é bonito, deixei uma coisa boa e ajudei um pouco na história do clube, não só passei como conquistei alguma coisa lá", celebrou Gustavo.



UM iPAD POR MARCAR ETO'O

Nascido em Campinas, no interior de São Paulo, Gustavo deu seus primeiros chutes na bola no futsal do tradicional Guarani. Ficou no "Bugre" de 1994 a 2002, fazendo amizade com jogadores como o zagueiro Edu Dracena e o volante Martinez, que viria a ser seu companheiro de time naquele Palmeiras de 2008.



Sua estreia como profissional foi em 19 de setembro de 2001, numa vitória por 1 a 0 da equipe campineiras sobre o Corinthians. Ao final do jogo, saiu elogiado pelo atacante Luizão e ganhou de presente a camisa do centroavante.



Do Guarani, foi se aventurar ainda jovem no Levski Sofia, da Bulgária, e depois no Dínamo de Moscou, da Rússia, onde fez o pé de meia.



"Fui muito jovem jogar na Rússia junto com o Alberto, atacante que estava saindo do Santos. Era complicado, porque não tinha tantas formas de comunicação, só tinha o MSN Messenger. Era um futebol de força e choque, e no frio era complicado demais. Mas como o dólar estava alto naquela época, foi bom demais para mim", afirmou.



Depois, rodou por Goiás, Ponte Preta e CRB até chegar ao Paraná Clube, em 2006, equipe na qual virou ídolo da torcida. Ele era um dos pilares do time do técnico Caio Júnior, que terminou o Brasileirão daquele ano na 5ª colocação e se classificou para a Libertadores. Após o torneio, foi para o Palmeiras.



Depois de conquistar o Paulistão no Palestra Itália, Gustavo ainda fez mais um bom Brasileirão em 2008. No ano seguinte, porém, acabou perdendo espaço e virou reserva da nova dupla de zaga, formada por Maurício Ramos e Danilo. Recebeu uma proposta de empréstimo para o Cruzeiro e, como queria jogar, aceitou. No entanto, as coisas não saíram como esperado.



"Em três meses, fomos campeões mineiros, mas depois me machuquei, acabei perdendo a final da Libertadores. A única lesão séria que tive na carreira foi justamente contra o Palmeiras, em pleno Parque Antárctica", lamentou.



Em 2010, atuou pelo Vasco, novamente por empréstimo, e depois foi repassado ao Lecce, da Itália, para disputar a elite do Campeonato Italiano, já que tem dupla nacionalidade.



"Joguei uma temporada inteira lá e foi muito bacana. Foram vários grandes jogos, consegui mostrar um bom desempenho como em 2008. Foi bom demais enfrentar a Inter de Milão, o Milan, a Roma... Foi muito especial, porque é um futebol muito forte, aprendi demais", rememorou.



Na "Velha Bota", aliás, chegou até a ganhar presente depois de se sair bem na marcação contra um dos atacantes mais perigosos do Calcio.



"Meu melhor jogo foi contra a Inter de Milão que tinha Lúcio, Julio Cesar, Maicon, Milito e Eto'o. Conseguimos empatar por 1 a 1 em casa, achávamos que seríamos goleados, mas conseguimos anular o time dos caras! No primeiro lance, eu dei uma chegada forte no Eto'o, que olhou feio para mim. Eu pensei: 'Não vou alisar agora, tenho que continuar firme'. Cada dividia era um prato de comida! Fui bem e acabei elogiado pela imprensa italiana. Ganhamos do presidente até um iPad cada um por causa dessa partida (risos)", divertiu-se.



Depois do Lecce, Gustavo defendeu Botafogo, Portuguesa e Qingdao Jonoon, da China. Após a experiência na Ásia, retornou ao Paraná Clube e foi bem, chamando a atenção do Atlético-PR, que o levou de graça após ele deixar o antigo clube por falta de pagamentos de salários.



Entre 2015 e 2016, defendeu o Bahia, e o Avaí foi seu último clube, em 2017.







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5058 visitas - Fonte: ESPN

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