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É dele o famoso bordão que os torcedores se acostumaram a ouvir nos jogos: "O seu, o meu, o nosso... Pacaembu!".



O problema é que há exatos 58 dias o locutor não põe os pés no estádio para fazer o que ama. Com um hospital de campanha montado no Pacaembu, Sorriso, que conhece tão bem o local, se emociona ao falar do momento difícil do mundo após a disseminação do novo coronavírus.



– Eu recebi fotos. Até conversei com algumas pessoas sobre isso. Causa um certo impacto ver um espaço daqueles, palco de tantos jogos memoráveis... Foi um impacto mesmo, não é?. Agora, o que a gente sabe que é os jogadores que estão em campo são os médicos e enfermeiros e para salvar vidas e não fazer gols. Fica um sentimento maior de satisfação quando a gente para para pensar dessa maneira. Saber que agora aquele espaço e aquelas pessoas estão lá única e exclusivamente para salvar vidas – disse Edson Sorriso à reportagem do GloboEsporte.com.



Membro do grupo de risco da Covid-19 por ter mais de 60 anos, Sorriso tem curtido os últimos dias em casa, sozinho, impedido de exercer suas duas funções: o estádio está sem jogos e a subprefeitura o liberou do trabalho para não colocá-lo em risco. Está literalmente "panguando", como definiu.



– Eu estou literalmente "panguando". Ou seja, fazendo nada. Eu trabalho normalmente na subprefeitura do Butantã, mas, como tenho mais de 60 anos, me impediram de seguir trabalhando. Então, estou parado. Moro sozinho e estou quarentenando em casa. O último jogo que narrei foi um Santos x Palmeiras. Mas, agora, já faz tempo que não narro um jogo – completou.



Desde que a nova administradora assumiu o Pacaembu, em janeiro deste ano, Sorriso vive uma espécie de "novo casamento" com o estádio. A concessionária Allegra Pacaembu ficará por 35 anos com o local. Contudo, o casamento antigo entre Sorriso e o campo, que agora ganhou novos contornos, nem sempre foi um mar de rosas.



Antes de mandar uma emocionada mensagem de aniversário para seu estádio tão querido, a primeira lembra que vem à cabeça é a de um Dérbi. Em 2011, na última rodada do Campeonato Brasileiro, o Corinthians se sagrou campeão ao empatar sem gols com o Palmeiras no Pacaembu.



No Rio de Janeiro, Vasco e Flamengo emparam em 1 a 1, e o Cruz-Maltino acabou como vice-campeão, apenas dois pontos atrás do Timão. Momentos de tensão para o narrador, que diz ter sido impedido de anunciar o gol rubro-negro.



– O Corinthians dependia daquele resultado do Rio de Janeiro e os caras não deixavam eu dar o resultado do jogo. Eis que pediram para eu anunciar o gol do Vasco e eu falei: "Por que não posso falar do Flamengo, mas devo falar do Vasco? Ou falo dos dois ou não falo de nenhum". Ficou um jogo de bastante pressão. Depois, o que salvou o Pacaembu da "culpa" de estar omitindo resultado foi eu ter falado do Vasco. No fim, dei o resultado. O Tite depois até comentou que achava que estava 1 a 0 para o Vasco. Foi um jogo tenso – conta, bem-humorado.







– Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho: o seu, o meu, o nosso Pacaembu. Oitenta anos de história. Parabéns ao estádio de São Paulo por suas glórias!





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