Presidente se diz à prova de pressão, mas afasta Brunoro para ter votos e só o mantém para não assumir erro.Foto: Djalma Vassão/Gazeta Press
Em meio à crise que deixa o time à beira da zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro, Paulo Nobre afastou-se do primeiro que elegeu como aliado ao assumir a presidência do Palmeiras. Para ter mais chances de reeleição no pleito de novembro, o mandatário não é mais visto ao lado do diretor executivo José Carlos Brunoro.
Nobre usou Brunoro como atrativo para votos em janeiro do ano passado e lhe deu uma camisa 10 com seu nome já na primeira semana de mandato ao apresentá-lo. Agora, de acordo com informações no clube, teme parecer que assumiu algum erro se demiti-lo e, ao mesmo tempo, está ciente do peso negativo de mantê-lo ao seu lado como ocorreu até o primeiro semestre deste ano.
A solução foi se afastar. Há uma semana, na festa oficial do centenário, foi impossível ver Nobre e Brunoro juntos. Muitos só perceberam que o sempre sorridente diretor estava presente quando sua imagem apareceu no telão. Na prática, pressionado por conselheiros que foram seus aliados nas eleições de janeiro de 2013, o presidente usou uma rara reformulação de seu planejamento para deixar Brunoro ainda mais longe.
Nobre dispensou Marcelo Giannubilo, diretor de marketing que conseguiu pouco mais do que alavancar o plano de sócio-torcedor em quase um ano e meio no cargo, e usa a colocação de Brunoro no departamento como explicação para o sumiço do diretor executivo. Antes principal conselheiro do presidente, Brunoro perde cada vez mais espaço para o vice-presidente Maurício Galiotte.
Os rumores são de que Brunoro já teria demitido Ricardo Gareca há semanas, mas Nobre ouviu Galiotte, também responsável pela fracassada negociação com Ronaldinho Gaúcho. É a alternativa do presidente para ser reeleito em novembro, aparecendo rapidamente ao lado de Brunoro apenas na homenagem que ambos receberam pelo centenário palmeirense na Câmara Municipal de São Paulo, no dia 25.
Os dois só andam afinados no discurso. “Não me sinto desprestigiado. Há algum tempo não tenho participado de algumas coisas do futebol. Combinamos que eu teria de partir para outras coisas, sou diretor de todas as áreas. Acumulei o marketing e é humanamente impossível cuidar de tudo. Foi uma situação combinada, e não de desprestígio”, falou Brunoro.
“Com a saída do Marcelo Gianubillo, pedi que o Brunoro se encarregasse do marketing e reestruturasse o departamento da maneira que quero, e isso dá um baita trabalho.
Ele ainda nos ajuda muito no futebol, mas tem outra função que pedi para se dedicar no Palmeiras”, explicou Nobre, que raramente assume qualquer erro e ainda tenta se mostrar à prova de pressão, mesmo com o claro afastamento de Brunoro.
“A pressão no Palmeiras é uma constante, tanto que, quando fui eleito, disse que a pressão sobre mim já começaria no dia seguinte. Mas essa diretoria não trabalha sob pressão.
Tomamos as atitudes que achamos corretas e que são as melhores para o Palmeiras, são consenso de quem está no futebol do clube”, argumentou o presidente.
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