[OFF] Roberto Carlos detona gestão de Marin na CBF: 'Não chega aos pés do Ricardo Teixeira'

3/9/2014 08:58

[OFF] Roberto Carlos detona gestão de Marin na CBF: 'Não chega aos pés do Ricardo Teixeira'

[OFF] Roberto Carlos detona gestão de Marin na CBF: 'Não chega aos pés do Ricardo Teixeira'

Roberto Carlos, atualmente, tem feito bom trabalho como técnico no futebol turco (GETTY)



Bastante querido na cidade turca de Sivas, onde comanda do clube local Sivasspor, Roberto Carlos está gostando da vida de técnico. Mas também não se esquece dos tempos de jogador, quando foi ídolo em Palmeiras, Real Madrid, Inter de Milão, Fenerbahce, Corinthians e seleção brasileira. E, com a propriedade de quem passou 14 anos com a camisa verde e amarela, fez críticas à gestão do atual presidente da CBF, José Maria Marin.



"O presidente que estou vendo agora na CBF não chega nem aos pés do Ricardo Teixeira. No sentido de pensar na seleção, pensar em melhorar o futebol brasileiro. Ele pensa apenas em ser o presidente da CBF. Tem muita coisa errada. Ele como presidente tem que assumir a frente de qualquer coisa e ele não tem feito isso. Ele não tem sido um presidente de verdade em relação à CBF. Ele se esconde. Não faz nada para os clubes e eu não acho isso certo", analisou Roberto Carlos.





Ex-lateral encerrou carreira no Anzhi (GETTY)



O ex-lateral esquerdo concedeu entrevista exclusiva ao ESPN.com.br nesta terça-feira, em conversa que abordou diversos temas. O atual treinador falou, por exemplo, como está sua vida na nova função. "Quando era jogador era mais tranquilo, agora como treinador são bem mais responsabilidades. É mais difícil estar fora do campo. De fora você estuda adversário, observa jogadores e às vezes não acontecem do jeito que você quer e você fica nervoso, é complicado". Na temporada passada, Roberto Carlos dirigiu o Sivasspor em 50 partidas, com 23 vitórias, sete empates e 20 derrotas, com 50% de aproveitamento.



Roberto Carlos comentou ainda sobre a vexatória derrota da seleção brasileira por 7 a 1, contra a Alemanha. Para ele, não teria sido muito diferente com Neymar em campo - o camisa 10 estava machucado e ficou de fora. "Não seriam 7, seriam 5. O Brasil não estava em um dia bom. Nada deu certo. Uns acham que tinha que fechar o campo, outros acham que com o Bernard o Brasil seria mais ofensivo e não foi bem assim, deu muito espaço. Então não tem jeito, o futebol não tem explicação", definiu.



Por outro lado, o atual técnico do Sivasspor disse que pensa em treinar a seleção algum dia, mas determinou que dificilmente trabalharia em um time do Brasil agora. "Enquanto essa mentalidade dos presidentes não mudarem não posso sair daqui e trocar o certo pelo incerto. Faz três jogos ruins e te mandam embora? Não tem jeito. Aqui a mentalidade é diferente. Aqui pode fazer o time que quer, da forma que quer e trabalhar com tranquilidade. Aí no Brasil, se não der certo te mandam embora em dois dias, não dá".





Roberto Carlos fez críticas à gestão de Marin (GETTY)



Eleito recentemente para a seleção de todos os tempos do Palmeiras da revista Placar, Roberto Carlos lamentou a atual fase do time alviverde. "Tem alguma coisa ali dentro que não está saindo bem. Tem que ter aquela reformulação dentro do clube. Não é presidente sair, oposição entrar, enfim. Não é isso. O que eu falo é não adianta jogador se preocupar com problema externo. O treinador novo tem que chegar e fazer o básico, sem inventar. Tem que ter tranquilidade, trabalhar o time, pelo menos sair dessa situação. Saindo, o jogador tem mais confiança até o fim do Brasileiro".



A saída conturbada do Corinthians, em 2011, também foi lembrada. "As pessoas esquecem que fui o melhor lateral do Brasileiro. Esquecem tudo que você fez nos clubes. Eu estava bem para jogar. Esquecem Real Madrid, Palmeiras, Inter de Milão, Fenerbahce. O que mais me chateou foi falarem que estava com medo do Tolima. Para quem jogou contra Manchester, Barcelona, Argentina, Alemanha, Itália, Inglaterra, vou me preocupar com Tolima? Estava bem, não me deixaram jogar, esse é o problema. Brasileiro tem a memória curta", disse o ex-atleta.



Vítima de racismo quando atuava no Anzhi, da Rússia, há alguns anos, o ex-lateral esquerdo ainda se revoltou com o fato ocorrido com o goleiro Aranha, do Santos, que foi chamado de macaco por torcedores contra o Grêmio. "Está virando motivo de piada, é brincadeira. O racismo você vê que não é só pela cor. Outro dia no jogo do Málaga e Valencia o cara chamou o goleiro do Málaga de sujo, porco, nojento. As pessoas estão com raiva em casa e vão para o campo insultar. Isso só pode ser brincadeira de mau gosto", expressou Roberto Carlos.





Roberto Carlos atuou no Real Madrid por 11 anos e foi ídolo no clube



Confira, a seguir, entrevista exclusiva de Roberto Carlos ao ESPN.com.br, na íntegra:



ESPN - É muito diferente ser técnico de jogador? Quais as diferenças principais?

Roberto Carlos -
Muda tudo. Quando era jogador era mais tranquilo, agora como treinador são bem mais responsabilidades. Agora eu estou sentindo o que os treinadores sentiam na época em que jogavam. É mais difícil estar fora do campo. De fora você estuda adversário, observa jogadores e às vezes não acontecem do jeito que você quer e você fica nervoso, é complicado.



ESPN - Como você faz para falar com os jogadores? Qual o idioma?

Roberto Carlos -
Tenho tradutor, o Eli. E algumas vezes usamos um pouco de inglês para não perder o costume e não desaprender o idioma. De brasileiros, no elenco, temos o Cicinho. Agora só está o Cicinho. Tem o Valmir Cruz, preparador físico, o Leandro, preparador de goleiro, e o Lima, um dos nossos assistentes.



ESPN - Foi procurado por outros clubes já?

Roberto Carlos -
Não foram clubes, foram empresários que trabalham em vários países oferecendo clubes, até pela temporada legal que fizemos ano passado. inglaterra, Espanha, Emirados, China, apareceram várias coisas, mas nada que nos convencesse a sair daqui. Eu assinei um contrato de dois anos, a cidade gosta muito de mim. É ruim sair nessa situação de um ano. Eu poderia ter saído, mas depois que consegui as coisas que consegui com o Sivas eu poderia ter ido embora, só que procuro cumprir meu contrato. Pelo menos 70% do contrato. Depois pensa se renova. Não é legal para a minha imagem sair no meio da temporada



ESPN - O Palmeiras, Santos, mandaram embora técnico essa semana. Você se arriscaria a tentar um time grande brasileiro agora?

Roberto Carlos -
Santos mandou embora? Até o Santos? No Brasil é difícil... Enquanto essa mentalidade dos presidentes não mudarem não posso sair daqui e trocar o certo pelo incerto. Faz três jogos ruins e te mandam embora? Não tem jeito. Aqui a mentalidade é diferente. Aqui pode fazer o time que quer, da forma que quer e trabalhar com tranquilidade. Aí no Brasil, se não der certo te mandam embora em dos dias. Não dá.



ESPN - O que achou de o Gareca ter saído do Palmeiras?

Roberto Carlos -
No Brasil as pessoas, a diretoria, não tem paciência com o treinador. Ele foi bom no país dele, na Argentina, mas a mentalidade do brasileiro é diferente. De repente, os jogadores não entenderam o que ele queria. Não entenderam a mentalidade de ele trabalhar. Já está arriscado o Palmeiras cair, está em uma situação difícil. Não sei se o certo seria trocar o treinador, mas às vezes é melhor trocar um do que 40. É mais fácil.



ESPN - Por que o Palmeiras está nesta situação atual?

Roberto Carlos -
Tem alguma coisa ali dentro que não está saindo bem. Não estou aí e não sei o que está acontecendo, mas agora é o momento de tranquilizar o ambiente de novo. O momento não é bom. Não entre os jogadores, eles se gostam. Mas no geral não é bom, a torcida está pressionando muito e os jogadores não têm qualidade para trabalhar também por causa da torcida exigir uma melhoria. Então agora tem que se unir um pouco mais, reorganizar o que está errado, chegar um treinador novo e fazer esse time voltar a ganhar, pelo menos se manter na primeira divisão, ao menos pela grandeza que tem o Palmeiras.



ESPN - Qual é o problema do Palmeiras?

Roberto Carlos -
Tem que ter aquela reformulação dentro do clube. Não é presidente sair, oposição entrar, enfim. Não é isso. O que eu falo é não adianta jogador se preocupar com problema externo. O treinador novo tem que chegar e fazer o básico, sem inventar. Tem que ter tranquilidade, trabalhar o time, pelo menos sair dessa situação. Saindo, o jogador tem mais confiança até o fim do Brasileiro.



ESPN - Como é a sua relação com o clube? Te convidaram pra festa do centenário?

Roberto Carlos -
Não teve nada. Não poderia ir mesmo, mas não recebi nada. Só mensagens de palmeirenses agradecendo pela época que joguei lá, mas não recebi convite nenhum.





No Corinthians, foi eleito melhor lateral do Brasileiro 2010



ESPN - Você também jogou no Corinthians. Com qual clube você se sente mais ligado, Corinthians ou Palmeiras?

Roberto Carlos -
Poxa, é complicado. Eu vivi 2 anos e meio no Palmeiras em um ambiente muito bom, e no Corinthians o ano que joguei lá foi maravilhoso, muito legal, senti o ambiente do futebol brasileiro mesmo. Acho que foi uma pena sair daquele jeito, mas o clube não tem nada a ver com problema de torcida. Mas me identifiquei mais com o Palmeiras por causa das coisas que ganhei lá, e no Corinthians não ganhei nada. E ainda fui culpado por não ter jogado.



ESPN - Guarda alguma mágoa por ter saído do Corinthians da forma que saiu?

Roberto Carlos -
As pessoas esquecem disso. Esquecem tudo que você fez nos clubes. Eu estava bem para jogar. Esquecem Real Madrid, Palmeiras, Inter de Milão, Fenerbahce. O que mais me chateou foi falarem que estava com medo do Tolima. Para quem jogou contra Manchester, Barcelona, Argentina, Alemanha, Itália, Inglaterra, vou me preocupar com Tolima? Estava bem, não me deixaram jogar, esse é o problema. Brasileiro tem a memória curta.



ESPN - O Corinthians, esse ano, também teve invasão de CT. O Palmeiras também passou por problemas com a torcida. Qual a solução para isso?

Roberto Carlos -
Aconteceu no Fluminense outro dia, torcedores querendo bater em jogadores, dando soco em carro de diretor do Palmeiras. Isso não existe. Quer ir no campo vai, xinga no campo, mas partir para a violência? Esse foi um dos motivos que fui embora do Corinthians. Violência gera violência. Então eu andava com seguranças no Brasil, tinha medo de acontecer algo e preferi, em um momento de pressão, não criar conflito com a torcida do Corinthians e ir embora. É tudo questão de educação. Nós temos tudo no Brasil, menos respeito um pelo outro. Você vê o que aconteceu no jogo entre Santos e Grêmio.



ESPN - Você passou por isso na Rússia, não é? Como reagiu quando viu que isso aconteceu no próprio Brasil?

Roberto Carlos -
Eu vi duas imagens. De um rapaz e uma menina. É lamentável isso. Lamentável. Aconteceu ontem na Espanha também. As pessoas vão no campo aparecer na televisão, ser protagonistas insultando jogador, está virando motivo de piada, é brincadeira. O racismo você vê que não é só pela cor. Outro dia no jogo do Málaga e Valencia o cara chamou o goleiro do Málaga de sujo, porco, nojento. É no geral o racismo. A educação não existe dentro do esporte. As pessoas estão com raiva em casa e vão para o campo xingar jogador do time, insultar cara do próprio time. Está virando uma brincadeira de mau gosto. Eu fico chateado porque no mundo hoje, ainda mais no esporte, é o que eu falo. As pessoas têm um ódio interno que gera polêmica. Mas quanto mais falamos, pior é. Pensam que se sentem incomodados e continuam. Então tem que deixar para Fifa, CBF, eles têm que tomar providência. Se o jogador fala, vão dizer que está errado. Deixa para essas entidades.



ESPN - O Grêmio vai ser julgado e pode ser excluído da Copa do Brasil. Qual é a sua opinião sobre os clubes serem punidos?

Roberto Carlos -
O Grêmio não tem que ser punido. Não tem nada a ver com o insulto racista de uma pessoa ao jogador. Tem que fechar o estádio, jogar com portas fechadas 20 jogos. Escute pelo rádio, leia na internet. Não vai no estádio e acabou o problema.



ESPN - Como mudar isso então?

Roberto Carlos -
Jogar sem torcida. Você viu a Copa do Mundo? Tinha torcedor de tudo que é time, de todo lugar do mundo, torcendo pelas seleções. Aí chega no Campeonato Brasileiro e tudo vira ódio. Tudo o que é ruim, as coisas boas nunca chegam aqui fora. Só as coisas ruins. Quando me perguntam, falo que não é nada disso, digo que é uma minoria que afeta 100% dos brasileiros.





Roberto Carlos fez história na seleção



ESPN - Falando um pouco de seleção, Filipe Luis, Alex Sandro e Marcelo seriam talvez os principais laterais esquerdos do Brasil neste momento? Quem deve ser o titular?

Roberto Carlos -
O Marcelo é o titular ainda na minha opinião, e o Filipe vai ter oportunidade. Acho que tem que manter o Marcelo. O Alex Sandro é bom jogador, mas escolhendo dois eu fico com Marcelo e Filipe Luís.



ESPN - Você assistiu aos 7 a 1 contra a Alemanha?

Roberto Carlos -
Eu vi em casa e não sabia o que estava acontecendo. Foi muito estranho. Não sabia o que estava acontecendo, nunca vi uma seleção brasileira jogar daquela maneira. Nada tava certo, um gol atrás do outro, ninguém no campo para assumir a responsabilidade naquele momento, parar o jogo. Era uma seleção que queria jogar, mas precisava de malandragem e não tínhamos um jogador experiente para acalmar o time. Desde o começo se falava que faltava um cara mais experiente. Eu queria um Kaká e um Robinho. Mas agora é fácil falar, os meninos não têm culpa de nada. Acho que eles são grandes jogadores, mas jogar uma Copa no Brasil, se preparar com pouco tempo, mudança de treinador, enfim, foi muito difícil.



ESPN - Com o Neymar em campo seria diferente?

Roberto Carlos -
Foi a primeira coisa que me perguntei em casa. Mas sabe o que foi que respondi a mim mesmo? Que não seriam 7, seriam 5. O Brasil não estava em um dia bom. Nada deu certo. Uns acham que tinha que fechar o campo, outros acham que com o Bernard o Brasil seria mais ofensivo e não foi bem assim, deu muito espaço. Então não tem jeito, o futebol não tem explicação.



ESPN - Acha que o Felipão era o nome certo para comandar a seleção na última Copa?Roberto Carlos - No momento era sim, até porque tinha vencido em 2002. A gente imaginava que fosse dar certo, não deu, é o momento de mudar. Tomara que o Dunga consiga arrumar o time para voltar a vencer.



ESPN - E o Dunga? É o nome certo para comandar a seleção agora?

Roberto Carlos -
Poxa, vamos voltar 'de novo ao Vanderlei Luxemburgo, voltar à história do Muricy Ramalho, vamos tentar o Tite'? Enfim. Mas acho que o Dunga por conhecer um pouco ali, e não ter tido tanto tempo de trabalho, acho que ele volta agora com mais confiança e sabendo o que ele tem que fazer agora. Já sabe o que tem que fazer.



ESPN - Em 2014, muita gente culpa o Fred e o próprio Felipão pela derrota. Em 2010, falam do Felipe Mello e do Júlio César. Em 2006, falaram de você. O Brasil precisa sempre de vilões pra justificar as derrotas?

Roberto Carlos -
A gente não pode ficar preocupado com isso. O que acontece dentro da seleção é uma história diferente do que existe fora. Claro que você tem que responder, mas no brasileiro isso é normal, é o esporte número um do Brasil, sempre vão buscar um culpado. Se o Brasil vai mal, a Dilma é responsável. Se o Corinthans vai mal, é culpa do presidente. E assim vai, é nossa maneira de pensar e tem que ser respeitada, mas por dentro penso diferente. Só vejo como uma coisa natural, sabendo que as pessoas são torcedores fanáticos e mesmo não entendendo 100% de futebol tem sua opinião formada sobre o esporte.



ESPN - Algumas pessoas dizem que o futebol brasileiro está em decadência. Você concorda?

Roberto Carlos -
Não concordo. Não podemos viver de passado, temos que olhar para frente e presente. Não vejo Alemanha como um exemplo e sim como favorita a qualquer competição. Exemplo para o Brasil, não. A Alemanha tem que ganhar o que o Brasil ganhou, a Espanha tem que ganhar o que o Brasil ganhou. E esses países têm que revelar o que o Brasil revela por ano e o que o Brasil exporta por ano de jogador. Somos diferenciados. O nosso campeonato brasileiro, o torcedor vai para ver espetáculo e vê três volantes, futebol amarrado, não vê os laterais saindo, então o futebol brasileiro mudou muito. Temos que voltar a ser o futebol brasileiro. Precisamos parar de copiar os outros, porque está errado.



ESPN - Acha que algum treinador estrangeiro resolveria?

Roberto Carlos -
Não, não, não, não. Para quê? Temos bons treinadores no Brasil.



ESPN - Toparia um dia treinar a seleção brasileira?

Roberto Carlos -
Deixa eu pegar experiência aqui fora nos clubes, pegar experiência em alguma seleção aqui fora e depois eu penso em seleção brasileira. Mas um dia penso em estar na seleção sim.



ESPN - Qual foi o melhor técnico com quem você trabalhou?

Roberto Carlos -
Me identifiquei melhor com o Vanderlei Luxemburgo. Pode falar vários?



ESPN - Claro.

Roberto Carlos -
Luxemburgo, Zagallo, Parreira, Gus Hiddink, Vicente Del Bosque, Fábio Capello, Otacílio Gonçalves, da época do Palmeiras.



ESPN - Teve algum que você não gostou?

Roberto Carlos -
Teve um treinador no Real Madrid chamado Mariano García Ramón. Esse foi uma pedra no sapato. Não gostava muito de jogador estrangeiro.



ESPN - Você disse, certa vez, que a concentração em Weggis era uma "bagunça". Por quê?

Roberto Carlos -
Primeiro que a gente não tinha dias livres. Era concentração total, de 45 dias tivemos só uma tarde de folga e deu uma confusão danada. A programação, os treinamentos, pessoas invadindo o campo, sempre lotado. Não tivemos tempo de trabalho para fazer uma boa Copa do Mundo.



ESPN - O que você achou da preparação dessa Copa?

Roberto Carlos -
Muito boa, a melhor Copa que vi até hoje. Copa do Mundo, no país do futebol, o turista vai e sabe que vai encontrar coisas boas. Tudo de bom tem no Brasil, inclusive estruturas dos estádios. Me senti na Europa. Antes tínhamos estádios nesse sentido na Europa. Tínhamos que incentivar essa estrutura de estádios em alto nível há muito tempo.



ESPN - Foi uma surpresa?

Roberto Carlos -
O brasileiro gostou demais. Aprendeu de verdade o que é uma estrutura em um estádio só agora.



ESPN - Certa vez você também disse que em 2002 a preparação era pior, mas ganhou, e por isso ninguém fala nada. Por quê?

Roberto Carlos -
Em 2002 era o legal que a gente ganhava e o treinador dava liberdade para a gente fazer o que queria. mas eram muitas viagens longas no Japão e Coreia, então não queríamos sair muito do hotel, mas não foi tão organizada quanto essa última. Muitas vezes as dificuldades que a gente tem em ficar longe da família, de ficar tantos dias concentrados, nós recompensávamos no momento de hotel, de ir ao restaurante, então o ambiente era muito bom e por isso a gente não se preocupava com atraso de voo, de ficar no ônibus, porque o ambiente foi maravilhoso.





Roberto Carlos desaprova gestão de Marin



ESPN - Qual é a sua opinião sobre o presidente da CBF, José Maria Marin?

Roberto Carlos -
Eu sei que não vai importar muito a minha opinião. Mas o que ele tem feito em relação a clubes e calendários, ele não tem se preocupado muito. Eu não me lembro de ter trabalhado com ele, e trabalhei muito tempo com o Ricardo Teixeira. E o presidente que estou vendo agora na CBF não chega nem aos pés do Ricardo Teixeira. No sentido de pensar na seleção, pensar em melhorar o futebol brasileiro. Ele pensa apenas em ser o presidente da CBF.



ESPN - Quais as coisas que você, por ter passado bastante tempo com o Ricardo Teixeira, vê como inadequadas com o Marin?

Roberto Carlos -
Tem muita coisa errada. Ele como presidente tem que assumir a frente de qualquer coisa e ele não tem sido isso. Ele não tem sido um presidente de verdade em relação à CBF. Ele tem deixado muitos jogadores e clubes na mão, no sentido de dar um passo para trás. Ao invés de dar um passo para frente, ele dá um passo para trás. E é isso que eu não gosto.



ESPN - Pode comparar Marin e Ricardo Teixeira?

Roberto Carlos -
O doutor Ricardo se preocupava em organizar o calendário, se preocupava com os clubes, ia atrás, mandava alguém resolver. Ele não era só o presidente da CBF. Ele organizava tudo. Dava estrutura aos clubes para trabalharem. E hoje você não vê mais isso e o resultado é esse aí dentro de campo. O jogador faz 400 jogos no ano, faz viagens de cinco ou seis horas para jogar no outro dia, então é difícil. A culpa não é só do presidente atual, só que isso tinha que ter mudado já. Mas ele como presidente tem que assumir a responsabilidade e não assume. Ele se esconde. Não faz nada para os clubes e eu não acho isso certo. Ainda mais se tratando de um presidente.



ESPN - O Bom Senso defende algumas coisas, como diminuição dos estaduais. O que você acha?

Roberto Carlos -
Se acabar os estaduais, quem vai ajudar os clubes? A CBF. Por isso falo que esse presidente tem que assumir essa responsabilidade e ele não assume. Se acaba estaduais, tem clubes que vão acabar do interior. Isso que ele tem que fazer e não faz. Ele quem tem que agir. A CBF é uma entidade rica, que pode ajudar e não vai fazer falta nenhuma nos cofres da CBF. O que o Ricardo Teixeira fazia com os clubes esse presidente não está fazendo. Não está fazendo nada com os clubes pequenos. Ele é mais político do que um gestor.



ESPN - E Marco Polo Del Nero?

Roberto Carlos -
Esse é muito bom. Entende de futebol. É mais novo, sabe do que a seleção brasileira precisa. Tem entendimento sobre esporte. Com esse novo presidente a CBF e os clubes podem melhorar muito.



ESPN - E o Gilmar Rinaldi?

Roberto Carlos -
É um cara inteligente demais, muito gente boa, vive o futebol 24 horas por dia. Está na CBF porque tem capacidade. Não vai ver o lado empresarial dele com o lado do futebol, isso não tem nada a ver. Gilmar Rinaldi empresário é um, e o da CBF é outro.



ESPN - O Romário quer uma CPI da CBF. Você concorda?

Roberto Carlos -
Isso não precisa não, não tem nada a ver. O Romário é muito político.



ESPN - Faltou um jogo de despedida seu da seleção para você?

Roberto Carlos -
Para mim não, falta desde a década de 70.



ESPN - Não te deram nem uma placa, nada?

Roberto Carlos -
Placa? Só se for no dente. Nem para mim, nem Rivaldo, nem Dida, nem Zico. Para ninguém. Para o Ronaldo teve, é verdade. Mas não teve o Cafu, muitos jogadores aí. Só que isso, também, não me faz falta nenhuma.



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