Com vergonha por empréstimos ao Verdão, Nobre cita mágoa com Kardec

Em entrevista à revista Placar, presidente explica motivos de ter avalizado créditos bancários ao clube e volta a cutucar atacante: "Estava juntando pó no Benfica B"

Paulo Nobre assumiu o Palmeiras no começo do ano passado (Foto: Mauro Horita)



O presidente do Palmeiras, Paulo Nobre, dizia que não colocaria dinheiro próprio no clube, ação que considerava seu maior erro de quando foi vice de Affonso Della Monica, entre 2007 e 2009. Porém, ele chega na reta final de seu mandato com mais de R$ 100 milhões colocados no Verdão, por meio de empréstimo em seu nome.



Em entrevista à revista Placar, o mandatário falou sobre os motivos que o levaram a tomar essa decisão. E se disse envergonhado por precisar fazer isso.



- É tudo na contramão do que penso. Pessoas às vezes me aplaudem, me dizem: "Você é um grande palmeirense". E eu falo para você: tenho vergonha de, na minha gestão, ter acontecido isso. Só que, se isso não tivesse acontecido, o clube ia parar - falou.



- Os clubes de futebol têm credibilidade tão baixa no mercado que, para tomar dinheiro, ou não conseguem ou tomam com taxas absurdas. Como eu aplico dinheiro - e sou agressivo nos meus investimentos -, consegui captar dinheiro a menos da metade do que o Palmeiras pagaria. Mas não me sinto honrado, me sinto envergonhado. Quero que o Palmeiras devolva isso em dez ou 15 anos porque, se tiver que devolver num período mais curto, vai pegar tanto da sua receita anual que o clube vai ter que começar a tomar empréstimo para me pagar. E não é esse o objetivo - explicou.



Nobre também falou sobre a saída de Alan Kardec do clube para o rival São Paulo, talvez o caso que mais tenha revoltado a torcida em seu mandato. Ele voltou a cutucar o atacante e admitiu a mágoa pela decisão do atleta.



- Com relação ao Kardec, talvez tenha doído mais, por um simples motivo: ele foi educado, trabalhador, sério. Um jogador com uma superqualidade e que estava jogado, juntando pó no Benfica B, no completo ostracismo. Aí você o traz de graça. Quando ele veio, sabe quando você sente que foi o seu jogador? Eu fui para Portugal só para tratar disso, me envolvi muito. Então, quando ele pula o muro e aí fala: "Pô, mas o Palmeiras, por uma diferença pequena...". Vamos analisar por outro ângulo: ele também, por uma diferença pequena, não quis ficar! Foi envenenado pelo empresário, que teve uma postura desprezível. Não tenho raiva do Kardec, mas fiquei chateado, porque esperava uma consideração que não veio - declarou.



A falta de um patrocínio master desde maio do ano passado é outra situação que gera muitas críticas a Paulo Nobre. Segundo ele, a falta de investimentos por conta da Copa do Mundo é a responsável por isso.



- O ano de 2014, para o palmeirense, é o mais importante porque é nosso centenário. Só que, para o resto, 2014 é o ano da Copa do Mundo. Assim como para todo patrocinador com apetite para fazer um master - porque master por 25% do que a gente está acostumado não é master. Todo mundo investiu na Copa, porque era o que dava visibilidade. Se uma instituição financeira não tivesse entrado no meio do futebol, muitos times estariam sem patrocínio. Que patrocínio novo surgiu nestes dois anos? Tirando essa instituição financeira, não tem patrocínio - completou.