Espírito de liderança do 'realizado' Dorival é a esperança de salvação

Técnico passou por frustrações, um período de reciclagem em 2014, e não queria demorar para assumir o time: 'O Palmeiras precisa de mim agora', falou a pessoas próximas depois do acerto

Dorival foi jogador do Palmeiras e é sobrinho de Dudu (Foto: Ari Ferreira/Lancepress!)



Foram 22 anos de espera. Depois de sair em 1992, como jogador, Dorival Júnior volta a um jogo no Palmeiras, agora como técnico. Neste domingo, às 18h30, ele faz sua primeira partida no banco de reservas alviverde, contra o Atlético-PR, na Arena da Baixada.



Parte de uma família palmeirense, o sobrinho do ídolo Dudu chegou ao clube nesta semana avisando que não foi contratado apenas pelo sua relação com o Alviverde. Ele, porém, sempre admitiu a amigos que queria voltar ao time pelo qual jogou entre 1989 e 1992, e não ganhou títulos.



– Era uma realização pessoal, de ter o reconhecimento no clube novamente. Neste momento é completar um sonho, uma grande oportunidade profissional de conquistar objetivos que não conseguimos naquela época, da fila – citou Ivan Izzo, ex-jogador do Verdão, e auxiliar de Dorival até o início de 2013, ao L!Net.



Foram três negociações para assumir o Palmeiras, que não deram certo: 2008, 2009 e 2014, antes de Ricardo Gareca, seu antecessor, chegar. Sem trabalhar desde o fim de 2013, o treinador aproveitou o período para se reciclar, depois de acumular trabalhos complicados, e com pouco tempo de pausa entre eles.



Viu jogos, trocou ideias com amigos no esporte, como os técnicos Luiz Carlos Ferreira e Vágner Mancini, fez estágio no Chelsea (ING), para agora tentar mudar o ambiente do combalido Verdão, que no seu centenário vive o temor real de voltar à Série B.



– Temos sempre o hábito de conversar, falar sobre tendências do futebol, passar material do futebol de fora, para nos atualizar mesmo. É um cara muito sério, e por quem vou torcer para fazer um grande trabalho – falou Mancini, amigo e técnico do Botafogo.



Por enquanto, não houve tempo para grandes mudanças: foram só dois treinos. Ele, porém, não queria esperar para estrear, pois sabe que o Palmeiras precisa de uma reação rápida.

– Ele está muito feliz.



O sonho dele é vencer esta batalha. Conversamos e eu disse: ‘você já vai estrear domingo, mal treinou’. Ele me respondeu: ‘Tenho que estar perto, me ambientar logo. O Palmeiras precisa de mim agora’ – relatou Ferreira.





Bate-bola com Luis Carlos Ferreira, técnico e amigo de Dorival:

Qual a principal característica do Dorival Júnior?

Ele sempre foi um líder, com uma palavra muito forte, embora fosse reservado. Um cara sério, dedicado ao futebol. Depois que saiu do Fluminense (no fim de 2013), resolveu se dedicar à parte tática, fez estudos. Ele exige disciplina.



O que ele vem dizendo sobre esta chance de voltar ao Palmeiras?

Ele está confiando, pela forma como foi recebido, o carinho que teve, o apoio da diretoria. Eu vi o Dorival feliz com esta oportunidade.



Como foi este período sabático do Dorival, sem trabalhar?

Antes do Gareca, ele teve a chance, mas não aconteceu o acerto e ele se resguardou, começou a fazer uma reflexão. Trocamos ideias, ele foi para o Chelsea, mas é engraçado...eu sinto que o Palmeiras era o destino dele. Teve proposta de fora do Brasil, poderia sair, mas acho até que ele esperou este momento, se preparou para ele. O Dorival sempre sentiu que uma hora iria voltar ao Palmeiras.



Com a palavra: Ivan Izzo, técnico do Santo André e ex-auxiliar de Dorival:

Conversamos em 2008 (com o Palmeiras), mas aí acabou sendo o Vanderlei (Luxemburgo) o técnico. E em 2009 estávamos no Vasco quando teve o convite, como tínhamos contrato com o Vasco não seria correto naquele momento. Foi frustrante, a gente pensou que no momento certo aconteceria, e espero que seja o momento certo dele de estar assumindo o clube.



O Dorival é uma pessoa muito tranquila, de fácil trato, de muito bom relacionamento com o elenco. Acredito que neste momento vai ser muito importante para o grupo, e acredito que ele tem totais condições de reverter este quadro em que o Palmeiras se encontra hoje.