Os técnicos e a culpa, máxima culpa

12/10/2014 08:37

Os técnicos e a culpa, máxima culpa

Os técnicos e a culpa, máxima culpa

muricyMuricy ficou mais quieto no primeiro jogo pós-internação (FOTO: Ari Ferreira)



A imagem de Muricy sentado em uma caixa de isopor ao lado do campo foi um dos retratos a sintetizar a semana esportiva. No primeiro jogo após deixar o hospital, onde ficou internado para tratar um quadro de arritmia cardíaca, o normalnente agitado técnico precisou se conter. Teve que trocar o “aqui é trabalho” pelo “aqui é saúde”. Acompanhou boa parte do duelo contra o Atlético-PR entre o sorumbático e o zeloso. A vida é o bem mais precioso! O coração queixou-se da pressão. A carga no futebol brasileiro, disse em entrevista, ”faz mal à saúde”. A explicação veio aguda:



– A gente tem uma cultura burra, muito burra, que quando ganha, ganha o time. Quando perde, perde o técnico. Aqui todo dia é loucura, e acaba fazendo mal à saúde, porque o técnico se sente culpado. Acha que é o culpado, mas não é.



Trocando em miúdos: os treinadores, de modo geral, absorvem o que vem das arquibancadas e também parte da crítica. Demasiado humano! O raciocínio de Muricy traça um diagnóstico da alma dos técnicos brasileiros, uma alma em farrapos. O cômodo vício da cartolagem de trocar de técnico diante da mínima adversidade, fazendo da necessidade de resultados imediatos uma filosofia, foi incorporada pelos próprios profissionais. Não só eles sabem que estão em apuros diante das derrotas, estejam ou não em início do trabalho, como lançam mão da obviedade para acreditar que a falta de resultados instantâneos é incompetência sua.



Dorival Júnior, em bela entrevista publicada no último sábado por este LANCE!, contribuiu para a percepção ao dizer que “projeto no Brasil é a maior utopia do mundo”. A queixa do comandante palmeirense de que os resultados são o parâmetro do julgamento da qualidade de um trabalho alinha-se ao desabafo de Muricy. Ambos sabem que não deveria ser assim e, no fundo, sonham que um dia seja diferente. Mas no batente, na rotina de treinos, viagens e jogos, a psiquê deles está vinculada ao conceito que por aqui vigora de longa data: são os culpados pelas derrotas.





Para Dorival Júnior, projeto no Brasil é utopia (FOTO: Reginado Castro)



Há quem recorra ao pensamento chucro para refutar essa ponderação. O pior deles é o de que ganham muito e, por isso, têm que mostrar serviço de excelência independentemente do contexto Como se fossem mágicos, não técnicos. Como se batessem pênaltis, cobrassem escanteio ou cabeceassem. Como se o futebol fosse um estalo de genialidade, e não estivesse enredado na complexidade de trabalhos em grupo.



Essa perversa lógica talvez tenha não só produzido essa culpa interior, que deve levar técnicos ao divã e até ao pronto-socorro, como moldado perfil e temperamento de alguns. As reações esquentadas a simples perguntas, e justificativas enganosas, são os escudos de quem se sente sob vigilância o tempo inteiro. O futebol brasileiro está dinamitando a saúde dos técnicos e dando seguidos tiros nos próprios pés. Se cartolas respondem à pressão terceirizando essa pressão, o resultado tem medida: 7 a 1.



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