OPINIÃO: Equipe de Abel Ferreira escreveu mais um capítulo épico na história do Palmeiras

11/8/2022 13:30

OPINIÃO: Equipe de Abel Ferreira escreveu mais um capítulo épico na história do Palmeiras

Em jogo dramático, time do português passa pelo Atlético-MG nos pênaltis, garante presença na semifinal da Libertadores e constrói mais um capítulo surpreendente da sua trajetória recente.

OPINIÃO: Equipe de Abel Ferreira escreveu mais um capítulo épico na história do Palmeiras

Lá pelas tantas, quando o Palmeiras já estava com dois jogadores a menos e o Atlético-MG empilhava bolas alçadas na área, me peguei pensando no torcedor palmeirense que se encontrava atrás do gol. Um torcedor específico, de preferência um palmeirense de uns quarenta anos, que já experimentou de tudo um pouco, da água com cloro aos delicados licores cítricos, de Arapiraca até Montevidéu. Talvez esse torcedor, um torcedor em específico ou quarenta mil, estivesse pensando: "Como diabos nos enfiamos aqui, neste exato momento?".







Porque o Allianz Parque, naquele momento, era um contêiner de angústia -- uma angústia barulhenta, desafiadora e orgulhosa, mas ainda angustiada. Após a expulsão de Danilo, os palestrinos teriam uma hora de confronto pela frente. Depois do vermelho para Scarpa, ainda sofreriam intermináveis quinze minutos diante do forte (ainda que meio desnorteado) time atleticano. Ao que parece, o palmeirense em específico e os palmeirenses em geral haviam se enfiado naquele exato momento porque a história da equipe de Abel Ferreira ainda está sendo escrita, e cada improvável novo capítulo estica mais o limite da ficção que povoa a ousada imaginação do torcedor exatamente três minutos antes de dormir.



Como na lenda do músico Robert Johnson, que teria vendido a alma numa encruzilhada para tocar o blues como ninguém jamais tocara, esse Palmeiras também parece ter estreitado relações místicas para absorver toda a sabedoria (física, anímica, técnica e, obviamente, espiritual) sobre como jogar a Copa Libertadores. O palmeirense que atrás do gol via Hulk entrar na área para desperdiçar a chance de classificação estava ali, com o coração moído pelo concreto e os olhos buscando desafogo na multidão que lhe espelhava, porque no futuro as lendas sobre a equipe de Abel Ferreira precisarão de alguém para contá-las. Daqui a quarenta anos, sentado no balcão de um café, após presenciar certas dúvidas e desconfianças nos jovens palmeirenses de 2060, um senhor vai se ajeitar no banco e arrumar a boina enquanto diz, olhando meio de canto de olho: "Eu sei como foi. Eu estava lá".



A tarefa mais árdua atualmente no continente sul-americano é derrubar esse Palmeiras, que tem como pilar de seu poderio, mais do que um grande time, uma muralha mental capaz de repelir mesmo os mais desoladores prognósticos -- um imenso coração verde, inacessível como um cofre e impermeabilizado pelos limites constantemente renovados. Pelas histórias de campeão que se acumulam, pois ao recordar uma equipe vencedora ninguém lembra exatamente da imagem de taças levantadas, mas sim dos pedaços de caminho que precisaram ser superados, seja aos tropeços ou chutando pedra ou mastigando marimbondo. Aqueles instantes em que tudo parecia perdido, mas na verdade representavam a primeira faísca para a conformação de fatos heroicos e, por consequência, de lendas futuras, que nos levam a ponderar, daqui a dez ou setenta anos: "Me tirem o sal, o sexo e o vinho, mas não troco por nada no mundo estar enfiado lá para ter vivido aquele exato momento".







Palmeiras, 2022, Libertadores



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1302 visitas - Fonte: globoesporte.globo.com

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Roberto Tolin     

Bonito texto. É exatamente a imagem do momento em que estamos vivendo. Após muitos e muitos anos, os fatos de hoje ainda serão lembrados e contados, e muitos incrédulos dirão que não passa de mais uma lenda do futebol mas quem viveu esse momento jamais esquecerá. Vamos aproveitar esse momento torcedores, temos muitas coisas bonitas ainda para presenciar como esse nosso verdão. Sinto não ter meu tio vivo nesse momento tão glorioso. Meu querido tio que me ensinou a amar o Palmeiras.

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