Fotos: Marcos Ribolli
Eles se conheceram em 2008, na seleção uruguaia. Tornaram-se grandes amigos. Suas famílias estão sempre juntas. Após cada um trilhar seu caminho pelo mundo, a parceria entre Eguren, Victorino e Alvaro Pereira é reeditada em São Paulo.
Os dois primeiros defendem o Palmeiras Palmeiras, enquanto o terceiro, há dois meses, é um dos destaques do São Paulo. Os filhos do volante palmeirense e do lateral são-paulino estudam na mesma classe de uma escola no condomínio onde moram, separados por menos de dois quilômetros.
A 1.925 km de distância da capital Montevidéu, eles se sentem em casa e com esperança de repetir a história de sucesso traçada por lendas do futebol uruguaio no Brasil, como Hugo De León, Pedro Rocha, Rodolfo Rodríguez e Pablo Forlán.
Para comemorar o momento feliz das carreiras, nada melhor do que um restaurante uruguaio na Zona Oeste de São Paulo, parada obrigatória para Eguren.
Já Victorino e Alvaro Pereira conheceram o local depois de receberem o convite das reportagens do SporTV e do GloboEsporte.com. Entre garfadas num belo filé ou numa empanada, o trio falou sobre tudo: futebol, Palmeiras, São Paulo, Copa do Mundo, vida na capital paulista, futuro e, principalmente, a satisfação de jogar no futebol brasileiro.
Eguren deixa claro o quanto é importante atuar bem na terra de Pelé.
– No Uruguai, somos apenas dois mil jogadores. O campeonato local não tem visibilidade, apenas dois ou três times conseguem ter destaque. Por isso, quando ganhamos uma chance como essa, não podemos desperdiçar. Cada jogo é importante demais.
É por isso que, quando não jogava no ano passado, aproveitava o tempo para estudar o futebol brasileiro. Na folga, ninguém aqui viaja para o Uruguai. O importante é entender a cultura de onde você está – explicou Eguren.
Para Victorino, uma missão importante é também abrir espaço para a chegada de outros uruguaios.
– Quando pensamos em nomes que fizeram sucesso, podemos falar vários. O importante é que isso possa continuar, que possamos fazer um bom serviço e que outros venham no futuro – afirmou o defensor.
Como jogam na mesma equipe, Eguren e Victorino estão sempre juntos. A caminho dos treinos na Academia de Futebol, eles se revezam no papel de motorista. Quem não dirige é o responsável por sintonizar alguma rádio do Uruguai e por preparar o mate, bebida tradicional do país.
– É engraçado. Já fomos até parados pela polícia, mas eles veem que é mate e falam para a gente ir embora. O mate é obrigatório, né? – disse Victorino.
O curioso no trio uruguaio é que, apesar de muito unidos, eles têm gostos diferentes. Eguren é o mais brincalhão e adepto do rock. Victorino, que está no Brasil há mais tempo (desde 2011), gosta de ouvir sertanejo.
Já Alvaro Pereira, o mais quieto, não gosta de música. Prefere passar o tempo todo vendo esporte na TV, seja qual for a modalidade. Nem mesmo na concentração o camisa 6 do Tricolor se aproxima do pagode, estilo mais ouvido pelos companheiros no CT da Barra Funda.
Alvaro Pereira lembra que, quando foi procurado pelo São Paulo, logo acionou os compatriotas para pedir dicas da cidade e sobre o que eles estavam achando de jogar no Brasil. Rapidamente foi convencido.
– Isso foi muito importante. Os filhos estudam juntos, fazem lição juntos, jogam bola juntos. É importante essa sintonia. Na folga, estamos sempre juntos fazendo um churrasco ou saindo para passear. Além de tudo que o São Paulo me ajudou, posso garantir que a presença deles me deixa muito mais tranquilo – ressaltou Pereira.
A parceria termina a partir do momento em que cada um fala de sua equipe.
– Somos amigos, mas, quando começa a partida, cada um quer ver o seu lado. Quando acaba o jogo, respeitamos o lado perdedor na hora, mas, no dia seguinte, liga para tirar sarro.
É algo saudável, assim como deveria acontecer entre os torcedores. E preciso lembrar que já ganhamos um clássico – brincou Eguren, referindo-se aos 2 a 0 do Palmeiras sobre o São Paulo, na quinta rodada do Paulistão.
O trio mostra confiança ao falar sobre as chances da Celeste na Copa do Mundo que será disputada no Brasil.
– Acho que temos boas chances. Mas temos de fazer pequenos planos. O grupo é difícil e temos de procurar passar da primeira fase. Depois, pouco a pouco vamos pensando em algo maior – afirmou Alvaro Pereira. O Uruguai está no Grupo D, com Itália, Inglaterra e Costa Rica.
Dos três, apenas o são-paulino tem vaga garantida entre os 23 convocados do técnico Oscar Tabarez. Eguren está na briga, enquanto Victorino, que não joga desde 2012, por lesão, corre contra o tempo para tentar convencer o treinador e disputar seu segundo Mundial. Ele e o lateral tricolor estiveram na África do Sul, em 2010.
Eguren brinca ao responder sobre a possibilidade de ocorrer uma final entre Brasil e Uruguai, no mesmo Maracanã onde, em 1950, Gigghia calou 200 mil pessoas.
– Se isso acontecer novamente, nunca mais vou poder jogar no Brasil – brincou o volante, peça fundamental no esquema do técnico Gilson Kleina.
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