Confiança, cobrança e "ameaça": a relação de Dorival com o filho auxiliar

Lucas Silvestre trabalha na comissão técnica do pai no Palmeiras. Mesmo assim, não tem o emprego garantido e diz ser mais cobrado que o normal por conta da relação

Dorival Júnior e Lucas na sala do treinador, na Academia de Futebol (Foto: Victor Pozella / TV Globo)



Quando um técnico escolhe o restante da sua comissão, a confiança nos outros profissionais é um dos principais aspectos levados em consideração. A equipe de Dorival Júnior no Palmeiras tem uma grande prova disso. Tudo porque o auxiliar do comandante do Verdão é Lucas Silvestre. Para quem não o conhece, trata-se do filho de 26 anos do treinador.



Dorival tem o jovem como companheiro de trabalho desde 2010. Ele é o responsável por acompanhar os adversários e passar relatórios para o pai, entre outras funções. Porém, engana-se quem pensa que tem privilégios por ser filho do técnico. Na verdade, a cobrança é até maior.



- O Lucas trabalhou em algumas comissões técnicas. Eu sentia ele um degrau acima, mais preparado, mais condicionado, mais atento, aí foi natural. Não tem como separar, mas a relação é puramente profissional e não pode ser diferente. Existem as cobranças, os erros, os acertos... Fora das quatro linhas existe a aproximação natural, mas aqui ele é tratado como profissional.



Em todos os momentos estou analisando ele profissionalmente. Ele tem consciência que aqui somos profissionais e esse lance de família não pode fazer parte de maneira nenhuma. Ele só teve oportunidade de trabalho quando vimos que estava preparado para isso - disse o técnico.



- Como pai a cobrança é muito grande, mas como treinador... Pessoal que conhece nosso dia dia sabe que a cobrança em cima de mim é muito maior, isso foi muito bom porque fez com que eu buscasse me aprimorar para dar esse suporte no nosso trabalho. Buscando um algo a mais pra suprir essa cobrança que é sempre muito maior em mim - emendou o filho.



Lucas tem o sonho de ser treinador profissional e conta com o apoio do pai para isso. Os primeiros passos já foram dados no jogo contra o Cruzeiro, quando Dorival foi expulso e o jovem teve de assumir o comando da equipe. O desempenho agradou ao "patrão".



- Ele literalmente teve de assumir. Tomou as atitudes (substituições) corretas no momento da partida. Situações que tínhamos conversando anteriormente. Pela sensibilidade, ele sentiu que era o momento, tomou a decisão e é assim que tem de ser. A gente trabalha em conjunto para um caso assim, se tiver de intervir - analisou o técnico.



- A gente trabalha muito em sintonia. Eu já sei o que ele está pensando, ele já sabe o que eu penso... Dentro de campo fica mais fácil, por mais que ele não estivesse lá eu já imaginava o pensamento dele qual seria - lembrou Lucas.



Apesar de toda a confiança e a ajuda recíproca entre ambos, Dorival Júnior faz questão de deixar claro: Lucas não tem a função garantida só por ser seu filho.



- Aqui é comportamento profissional, não existe esse lado familiar. Ele teve a oportunidade, que abrace. Está sendo olhado e avaliado. Fico satisfeito de ter um profissional que eu confie ao meu lado e espero que siga interessado, preocupado, atento... Isso tem nos ajudado bastante. Do contrário, ele também corre risco, como treinador em time de futebol - completou.



A "família Scolari" ficou famosa com Felipão por onde passou, inclusive no Palmeiras. Hoje, a bola da vez no Verdão é, literalmente, a "família Dorival".



Lucas é o responsável por passar vídeos e informações sobre os adversários ao pai (Foto: Victor Pozella / TV Globo)

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