Claudecir (à esq.) anotou gol, mas viu show de Alex (ao centro) na vitória por 4 a 2 diante do São Paulo no Morumbi em 2002
Depois que Alex anotou o gol de placa em pleno Morumbi no Torneio Rio-São Paulo de 2002, o Palmeiras jamais sentiu o gostinho de vencer novamente o São Paulo no Estádio Cícero Pompeu de Toledo. O ex-volante do time alviverde, Claudecir esteve em campo naquele 20 de março e anotou o segundo dos quatro gols contra o rival.
Em entrevista ao Estado, ele relembra os bastidores daquele clássico, a palestra motivacional do então técnico Vanderlei Luxemburgo e o clima de surpresa geral no intervalo com o placar já elástico. Confira!
CLAUDECIR
Claudecir estava em campo na última vitória do Palmeiras no Morumbi, por 4 a 2
Naquela partida, além do seu gol, ex-volante lembra a pintura de Alex ao marcar após chapéu em Rogério Ceni
Como foi a preparação para aquela partida de 2002 contra o São Paulo, a última que o Palmeiras ganhou no Morumbi?
Claudecir - Nós tivemos uma palestra motivacional do Luxemburgo antes do jogo. Ele fez aquela rodinha com os jogadores na hora de rezar, daí entrou no meio, pegou a bola pediu para que todos olhassem para ela. Disse: 'Pessoal, pensem que esta bola é um prato de comida. Cada lance, cada dividida, encarem como se fosse um prato de comida'. Se o Christian ficasse cara a cara com o Rogério Ceni, ele tinha de fazer o gol. A estratégia era explorar os pontos fracos do São Paulo. Na dividida, a gente encarava como se fosse nossa última opção. Foi uma estratégia que o Luxa passou, de explorar os pontos fracos do São Paulo, e que os jogadores levaram para dentro de campo. E deu no que deu. Em 30 minutos, já estava 3 a 0 para o Palmeiras. O Magrão fez o primeiro gol, depois tive a felicidade de fazer o segundo, e então o Alex fez aquela pintura, um gol magnífico. Posso dizer que foi um dos melhores jogos que fiz com a camisa do Palmeiras, ainda mais se tratando de um grande adversário como é o São Paulo, que tinha Rogério Ceni, Kaká e França.
Vocês foram para o vestiário com o placar de 3 a 1. Como estava o clima entre os jogadores no intervalo?
A gente estava empolgado, mas ao mesmo tempo ficamos com os pés no chão. Restavam ainda 45 minutos, tratava-se de um clássico com o São Paulo, com grandes jogadores e que poderiam fazer a diferença. Tanto que logo na volta para o segundo tempo, eles fizeram o segundo gol. Nós esperávamos ir para o intervalo com uma vantagem, sim, era nosso objetivo, mas ficamos surpresos por aquele placar e da forma em que foi construído. Só que naquele momento, colocamos na cabeça que tínhamos a responsabilidade de manter a vantagem nos próximos 45 minutos.
Como foi a reação do Luxemburgo no vestiário?
Ele tem aquele jeitão né (risos). Mesmo com o placar, exigiu atenção. Não podíamos nos empolgar, porque se tratava de um clássico, então não era para deixar a peteca cair. Ele pediu que mantivéssemos a pegada do primeiro tempo para consolidar a vitória, sem a possibilidade de surpresas.
Quais as principais dificuldades de se jogar no Morumbi?
Quais os motivos que fazem o Palmeiras amargar esse jejum contra o São Paulo?
É um estádio grande, mas acho que a pressão não é o principal fator. A distância é grande entre o torcedor e o gramado. Com todo o respeito ao time atual, mas antes o Palmeiras tinha mais referências. Antigamente o adversário entrava e via um Alex, um Arce, titular da seleção paraguaia, o Marcos no gol, jogador de seleção brasileira. Tudo isso influencia muito em um clássico, o adversário te respeita mais. Hoje vemos que quem pode decidir para o Palmeiras é o Valdívia. Se compararmos a qualidade individual hoje, o São Paulo leva vantagem.
O fato de o São Paulo ter tido melhores times foi determinante para prolongar a invencibilidade sobre o Palmeiras no Morumbi?
Isso acabou fazendo a diferença nos clássicos. Quando você entra em campo e tem jogadores que fazem a diferença, isso acaba sendo positivo. E ultimamente temos visto o São Paulo com um time mais equilibrado, bem melhor tecnicamente que o Palmeiras. Se o Henrique estiver em dia inspirado, pode decidir. Apesar da diferença técnica, acredito que esse jejum vai acabar.
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