Em campanha, Nobre não descarta colocar mais dinheiro no Palmeiras

26/11/2014 07:48

Em campanha, Nobre não descarta colocar mais dinheiro no Palmeiras

Criticado por ver estrelas deixarem o Verdão e contratar jogadores de qualidade duvidosa, presidente fala em continuar com política de empréstimos ao clube

Em campanha, Nobre não descarta colocar mais dinheiro no Palmeiras

Paulo Nobre tenta se reeleger presidente do Palmeiras (Foto: Marcelo Hazan)



Paulo Nobre assumiu o Palmeiras em janeiro de 2013. Três meses depois, o clube “faliu” – termo usado por ele mesmo para descrever a então situação financeira do Verdão. Não havia mais dinheiro. Todas as receitas do ano já haviam sido antecipadas pelas gestões anteriores. O time estava na Série B, sem estádio, sem patrocínio e sem bons jogadores. A pressão da torcida era enorme, e o nome do clube estava sujo na praça. Nobre, então, resolveu ir ao mercado financeiro, que conhece como a palma da mão, tomar empréstimos para repassá-los ao clube. Já foram mais de R$ 100 milhões, que voltarão para o dirigente em até dez anos, com juros menores do que seriam cobrados do Verdão pelas instituições financeiras.



Paulo Nobre diz que fez o que precisava ser feito e que não se arrepende. Elegeu como prioridade do mandato sanar as finanças do clube e afirma ter avançado bastante nesse ponto. Mas, por conta de decisões polêmicas no departamento de futebol, e pelos péssimos resultados do time em campo, acabou malhado por torcedores e opositores. Deixou os principais jogadores (Barcos, Henrique, Kardec) saírem pela porta dos fundos. Chegou a ver uma manifestação de membros de uma organizada na porta do condomínio de luxo onde mora, na Granja Vianna, com o time na lanterna do Brasileiro. Um terceiro rebaixamento, agora, seria devastador.



E é nesse clima de tormenta que se dará a eleição no Palmeiras, neste sábado, com pouco mais de 10 mil sócios aptos a votar. Nobre não descarta colocar no clube mais dinheiro do próprio bolso - recebendo tudo parcelado depois, em até 10 anos. O candidato da oposição, Wlademir Pescarmona, contesta a manobra, dizendo que havia outras alternativas, como um FDIC (Fundos de Direitos Creditórios) de R$ 50 milhões, que, segundo ele, seria capaz de colocar o clube em ordem, bem como a obtenção de um patrocínio master - algo que Nobre não conseguiu em seus dois anos de mandato.



A nova arena representa um grande sopro de esperança para o clube. Só o jogo de estreia, contra o Sport, na semana passada, rendeu R$ 3,6 milhões líquidos para o Palmeiras. Cabe agora ao associado palmeirense decidir se dá novo voto de confiança a Paulo Nobre ou se opta por Pescarmona, cuja candidatura é amparada por Luiz Gonzaga Belluzzo, último presidente a fazer grandes investimentos em contratações, no biênio 2009/2010 - e que deixou dívida superior a R$ 100 milhões, chamada de "herança maldita" pelo seu sucessor, Arnaldo Tirone.



O GloboEsporte.com conversou com os dois candidatos. A entrevista com Pescarmona será publicada nesta quarta-feira pela manhã. Veja abaixo os principais tópicos da entrevista com Paulo Nobre:



Ao assumir o clube, você disse que o Palmeiras era um “transatlântico à deriva”. Qual a situação de momento?

Em janeiro de 2013, eu não tinha dúvida em afirmar que o Palmeiras não era um barco, mas um transatlântico à deriva. Ora aportava, sem querer, numa praia paradisíaca, como foi o título da Copa do Brasil de 2012, e logo em seguida caía numa cachoeira, caindo para a segunda divisão. O Palmeiras não é mais um transatlântico à deriva. Ele é um transatlântico que teve de receber reparos em alto mar no casco, com todos os problemas acontecendo. Não dá pra tirar da água e fazer tudo direito porque o Palmeiras não para. As decisões são diárias. Tem muito efeito borboleta: mexe numa coisa e influencia em várias outras.



Qual foi o maior problema no início da gestão?

A parte financeira. Tínhamos uma dívida de um ano inteiro de gestão adiantado e gasto por administrações anteriores. Só tivemos 25% das receitas de 2013 para trabalhar o ano todo e 70% para 2014 ano inteiro. Se somar, não tem a receita de um ano em dois. Isso era um grande problema. Tem de trabalhar com criatividade e gerar novas fontes de receita, mas sem dinheiro não se faz mágica. O Palmeiras foi por muito tempo uma caixa d’água de onde mais saiu água do que entrou. Uma hora ela seca. Tivemos de reestruturar a dívida.



Quando surgiu a ideia de tomar dinheiro emprestado em seu nome para ajudar o clube? Ainda na campanha ou só depois de assumir o cargo?

Você sempre imagina que coisas vão acontecer e que não vai precisar desse recurso. Mas, logo na primeira semana do mandato, vi que era absurdo e impraticável pegar dinheiro em banco. Comecei a ver que pegando em meu nome e repassando ao clube, nas mesmas condições que o mercado me fazia, o Palmeiras pagaria metade do que pagaria em nome próprio.



Você chegou a dizer numa entrevista recente que o Palmeiras "faliu" em abril do ano passado.

É algo forte. Mas, se chegar à conclusão de que em abril do ano passado acabou o dinheiro do ano, é uma situação falimentar. Um clube do Brasil não vai falir, mas, se fosse comparar com uma empresa, era uma situação falimentar. Não tinha mais dinheiro, não tinha mais receita. Nós nos vimos obrigados a usar a criatividade para conseguir administrar o clube. Você não entra para presidência achando que sairá popular. Você entra para fazer algo positivo para o clube, sendo popular ou não. O tempo vai dizer se as sementes plantadas foram positivas ou não. Populismo eu não faço.



Nessa “criatividade”, como o senhor falou, muitos jogadores chegaram ao clube e foram embora rapidamente, sem deixar um legado, como Marquinhos Gabriel e Willian Matheus, por exemplo. Sinal de que o Palmeiras ficou refém de empresários?

Não. Vamos voltar ao início de 2013. Nenhum jogador queria jogar no Palmeiras, porque o mês não tinha 30 dias, as premiações não eram pagas, as luvas também não, vazava muita informação de dentro do vestiário e não tinha blindagem para trabalhar. Os jogadores não queriam vir, e os atletas se falam. Foi muito difícil o ano de 2013 estando na Libertadores e na segunda divisão, precisando subir. E o Palmeiras subiu, sem sustos. Em 2014, chegamos com credibilidade no mercado, com jogadores e representantes. Conseguimos revelações da Serie A de 2013 vindo de graça para o Palmeiras, querendo jogar aqui, porque já era valorizado. Falavam do bom ambiente. O investidor coloca um jogador de graça e diz: “Se tiver proposta de venda, o Palmeiras tem a preferência. Se não exercer, vendemos e o Palmeiras fica com uma vitrine. Se não topar, o jogador não vem”. As pessoas precisam entender que não havia condição de sair investindo e contratando. O máximo era honrar os salários, as imagens e a produtividade. Isso sempre foi 100% honrado. Por isso criamos essa credibilidade no mercado.



Mas foi durante a sua gestão que algumas das referências do time deixaram o clube de maneira pouco harmoniosa: Barcos, Henrique, Alan Kardec...

O Barcos não saiu brigado com o clube. Saiu feliz, porque não dificultamos a ida dele para onde queria. Ele é um profissional. Se tem uma proposta muito superior do Grêmio, e ele tinha o sonho de voltar à seleção argentina para poder ir para a Copa, tem de entender. Ele não queria mais continuar aqui. Se você segura, não tem mais o mesmo Barcos jogando. Ele não saiu brigado. Depois de toda polêmica e pressão da torcida, é natural que para se defender o jogador fale o que a torcida quer escutar. E como o dirigente é o vilão sempre, tudo que se joga nele acaba colando. Sou transparente: falo o que de fato aconteceu, e cada um assume as suas escolhas.



E o Henrique?

Ele também não saiu brigado. Ele notificou o clube, fazendo uma preparação para sair de graça, e ao mesmo tempo beijava o símbolo do Palmeiras, dizendo que só sairia brigado do Palmeiras. Houve uma proposta muito boa para ele e para o clube. Estava com 27 para 28 anos e foi uma venda normal.



E o Kardec?

Esse, sim, gerou chateação da torcida, porque se configurava em um ídolo. A diferença, que ele mesmo diz, era de R$ 20 mil para ficar no Palmeiras. Se ele quiser falar R$ 5 mil, é cinco, não importa. Gerou uma chateação porque as pessoas achavam que ele continuaria, até por consideração ao clube que o tirou da segunda divisão de Portugal e quase o colocou na Copa do Mundo. Essa é a chateação, mas do torcedor. O presidente Paulo Nobre não tem raiva do Kardec. Ele honrou a camisa e nos ajudou muito. O torcedor Nobre fica chateado, porque esperava uma consideração que não aconteceu dele. Mas é algo que não existe no meio do futebol: consideração. Não adianta ficar chateado e esperar isso. Tem de viver a realidade como ela é.



Há quem diga que o caso Kardec explicitou a falta de autonomia da dupla Brunoro e Omar Feitosa (diretor executivo e gerente de futebol, respectivamente). Eles teriam chegado a um acordo com o Kardec e o pai dele, mas não conseguiram fechar o negócio porque o senhor não concordou com alguns tópicos.

Eu dava limites ao Brunoro e ao Omar: “Podem chegar até tanto”. E eles chegavam a um limite. Nunca foi ultrapassado e depois voltou atrás. O que aconteceu foi: a proposta total, tripla, de salário fixo, produtividade e luvas, estava em 17,7 milhões (em cinco anos), e a do jogador com tudo dava 18,9 milhões. O pai do jogador falou: “Vamos fechar na metade?” Brunoro disse: “Preciso bater com o presidente. A minha autonomia é até 17,7”. Ele conversou comigo e eu dei ok, para fechar no meio e colocar uma pedra sobre isso.



E por que não houve acordo com o Kardec?

Na minha cabeça era: o Palmeiras pagar R$ 600 mil a mais no pacote triplo, e eles receberem R$ 600 mil a menos (fechando em R$ 18,3 milhões em cinco anos). Quando o salário fixo estava em R$ 210 mil na nossa proposta, e R$ 230 mil na proposta do jogador, o pai disse para fechar na metade, e Brunoro ficou de me consultar. Me disse o pai do jogador que a metade era R$ 220 mil. Mas se trago a R$ 220 mil e não mexo na produtividade e luvas, não chego à metade. Então ofereci R$ 215 mil para a produtividade fazer sentido. Pagar R$ 100, sendo R$ 98 fixo e R$ 2 em produtividade é muito pouco. Tento manter entre 15% e 20%. Quando fiz a proposta de R$ 18,3 milhões em cinco anos, para a produtividade não ficar insignificante, e não mexer nas luvas, que era o mínimo que aceitavam, fiz essa proporção de fixo e produtividade para chegar a essa proposta de R$ 18,3 milhões, e foi quando eles disseram que se ofenderam, que a gente estava falando que eles não sabiam fazer conta. Em suma, aí o negocio já estava acertado do lado de lá (no São Paulo) e não tinha mais o que fazer. Nunca aconteceu de eu dar uma autonomia ao Brunoro e depois tirar. Ele ia sempre até onde podia. Passando, ele tinha de falar com o presidente



Fazia tempo que o Palmeiras não usava tantos jogadores da base. Mas, se levarmos em conta que 37 jogadores foram contratados em dois anos, e que mesmo assim quem joga hoje em algumas posições são os que vieram da base, parece que esse aproveitamento da base foi quase que por acaso, não?

Dar os méritos do sucesso da base do Palmeiras ao acaso é uma injustiça com os profissionais de lá. O Damiani (coordenador da base) foi contratado, tem metodologia. Fizeram uma limpa total na base. Os que se encaixam na nova filosofia permaneceram. Os diretores estatutários são muito dedicados. O fruto que começa a aparecer a médio prazo começou a aparecer a curto prazo. Temos de saber valorizar: muitos desses jogadores, não todos, mas grande parte, vieram nesta gestão, mas alguns são de gestões anteriores, e temos de saber reconhecer. Se não concordávamos com a metodologia de gestões anteriores, tanto que trocamos, não significa que tudo o que foi feito era ruim. O mérito é de quem trabalha com dedicação, no passado e de hoje.



Esses jogadores novos da base sobem “fatiados” para o profissional?

Nós pegamos alguns casos na base nos quais o Palmeiras tinha muito pouca porcentagem. Não sei explicar o motivo. Mas hoje é assim: se vem para a base do Palmeiras, com empresário ou o que for, a relação é de 80/20 para o Palmeiras. Em caso excepcional é 70/30. E em casos especialíssimos é 60/40. Mas o Palmeiras precisa ter a maioria, ou então não faz sentido investir na base. Antes a base era um túmulo: não revelava ninguém. Isso mudou. Hoje a garotada da base sabe que eles podem ser os próximos. Teve um jogo que tinha toda a linha de defesa e o primeiro volante feitos na base. Isso é motivo de muito orgulho. Isso vai gerar frutos financeiros ao clube a médio prazo.



Duas das principais promessa da base estão em processo de renovação de contrato, o Gabriel Fernando e o Mateus Muller. Como estão os casos deles?

Sou sempre otimista. Nada no futebol é fácil. Mas não é porque é difícil que não trabalhamos com afinco para resolver.



Agora falando sobre o desempenho do time: a recuperação do Palmeiras no Brasileiro se deve à volta do Valdivia, sim ou não?

Influenciou muito, assim como a volta do Prass e também repetir o mesmo time para ganhar entrosamento. É um conjunto, e o Valdivia faz parte desse conjunto, com certeza.





Nobre diz estar "supersatisfeito" com Valdivia

(Foto: Cesar Greco/Ag Palmeiras/Divulgação)




Mas e se a venda do Valdivia tivesse sido concretizada? O Palmeiras cairia?

“Se” não existe. Se urubu cantasse estava na gaiola. Qual era o grande medo das pessoas? Ele estava motivado em 2014 para a Copa. E que depois da Copa ele voltaria a ser, entre aspas, desanimado, como em 2011 e 2012. Não sei se era assim, mas o Valdivia de 2011 e 12 é completamente diferente do de 13 e 14. Veio uma proposta superboa para o Valdivia e para o Palmeiras. Penso: "Se eu segurar o jogador, não terei mais o mesmo Valdivia". Você tem o direito econômico e federativo e pode falar “não vendo”. Mas não pense que o jogador é uma máquina. Ele é um ser humano como todos nós, com seus sonhos. Se tem uma proposta muito melhor e você não vende, acabou: você não tem mais o jogador. Só o terá de corpo presente, mas não mais com a mesma vontade. Bom negócio no futebol é o que acontece. Veio a proposta, não deu certo e ele voltou.



E está satisfeito?

Estou supersatisfeito com a postura do Valdivia. Ele poderia estar desanimado, mas não. Ele parece estar em uma fase na qual se conscientizou do exemplo que ele é, que jogadores mais novos se inspiram nele. Estou satisfeito sobre como ele leva o tratamento quando está lesionado, como leva a sério os treinos. Ele se preocupa em vestir a camisa do Palmeiras para dar entrevistas. Pode parecer comum, mas não é todo jogador que tem essa atitude. E ele tendo é um exemplo para os outros. Esse Valdivia poderia encerrar a carreira no clube, mas é muito difícil, porque vão surgir propostas para esse Valdivia de todos os lados.



Na semana passada você participou de um programa de uma torcida organizada. A relação mudou?

Não existe essa relação. Não é boa nem ruim. Sou candidato a presidente do Palmeiras. Outros dois candidatos foram falar na TV Mancha por um convite. Tenho obrigação. Tem muito sócio da Mancha que é sócio do clube e vai votar. Eles representam uma torcida importante do clube, e sou presidente. O fato de ter ido a uma entrevista, que foi de altíssimo nível, quero deixar bem claro, não significa que algo tenha mudado. Continuo trabalhando pelo clube, e eles na arquibancada criticando e elogiando. E cada um faz o seu melhor na sua posição.



Eles cobraram muito a contratação de reforços de peso. O Santos trouxe de volta o Robinho, o São Paulo tem Kaká, Ganso e Kardec, o Corinthians foi atrás do Elias, e o Palmeiras tentou e não conseguiu o Ronaldinho Gaúcho. Faltou esse reforço de peso? Ou seria "mero populismo", termo que você usou anteriormente?

Contratar jogadores fora da realidade financeira do clube é populismo. Estamos fazendo o melhor possível dentro da realidade atual do clube, e visando montar um time para disputar títulos em 2015. Estamos olhando alguns jogadores. Vamos enxugar esse elenco e contratar jogadores sem aumentar o custo do orçamento do futebol. Tenho muita esperança e fé que todo esse trabalho vai começar a gerar frutos. Hoje, financeiramente, o Palmeiras faz parte dos clubes que não atrasam salários no Brasil. São poucos. Jogadores famosos são bons, porque chegam prontos, mas um dia não foram famosos. Um exemplo: o próprio Kardec. Fui criticado quando ele chegou e depois quando saiu. Veio o Henrique, e não davam nada por ele, chegou sem nem saberem quem é. Hoje, é o artilheiro do Brasileiro. Os argentinos que vieram estão num momento de adaptação ao futebol brasileiro, mas tenho certeza que podem ser úteis ao Palmeiras.



Qual o planejamento do time para 2015?

A filosofia é essa: ter um elenco mais enxuto, por não estar em ano de Copa do Mundo, independentemente da Copa América. Este ano foi ímpar (por conta da Copa), e por isso precisava de um elenco maior do que o normal. No Paulista, o limite será de 28 jogadores, sendo três goleiros. É interessante para conter os custos. Consegue equiparar um pouco os times menores com os maiores. E com essa diminuição dá para qualificar o elenco sem aumentar os gastos mensais. Esse é o numero que o Palmeiras tem condição de hoje. Claro que pode puxar para um lado ou outro, de repente consegue uma fonte de receita que não esperava e pode ir além, mas o importante: é possível montar um time para disputar títulos com essa filosofia. O objetivo do Palmeiras é ter responsabilidade financeira sem abandonar a competitividade no futebol.



Presidente, agora que você voltou a falar de finanças: você pode explicar, por favor, o que foi pago de dívidas para que o torcedor possa entender?

Não cito números do clube porque é interno. Posso falar o seguinte: o Palmeiras não tinha dinheiro para rodar o dia a dia. Não tinha dinheiro. E precisa fazer esse dinheiro surgir para não deixar a roda parar de rodar. Se fosse para o caminho ordinário, que todo clube segue, de adiantamento de receita, digo sem medo de errar que o Palmeiras ficaria com uma divida impagável. Para o ano que vem, teremos praticamente 95% de receitas. Só não temos verba do Paulista, que foi adiantada pela gestão de 2010, que adiantou 2011 e 2012, e a gestão passada, que adiantou as de 2013, 2014 e 2015. Esse dinheiro não tem. Mas 2015 começa com 95% da receita. O quadro do ano que vem será completamente diferente do que encontramos.



A previsão orçamentária para 2015 conta com um patrocínio máster? Por que o clube já está há quase dois anos sem um patrocinador?

No nosso planejamento sempre existe (a expectativa do patrocínio). O profissional de marketing, o Marcelo Gianubilio, foi crucificado por não ter conseguido um máster. Qual máster surgiu em clube grande em2013 e 2014 tirando uma instituição financeira que investiu no futebol (a Caixa)? Ele foi muito criticado por isso. No Avanti, que pegamos com 8,7 mil, agora estamos com 56 mil. Está rendendo R$ 100 mil e agora está perto de R$ 1 milhão. É meio máster. É um trabalho elogiável do marketing do Palmeiras. É um crédito que o Marcelo não leva porque só enxergam máster ou não. Tenho muito respeito por ele. Se viesse outro no lugar, não arrumaria máster. A perspectiva para o futuro é sempre com máster, mas não pode sonhar em um nível que não existe.



Você se arrepende dos investimentos nos argentinos ou ainda acredita que eles possam render?

O futebol é opinativo. Você vai encontrar várias opiniões sobre o mesmo assunto. Acredito muito nos quatro jogadores (Tobio, Allione, Cristaldo e Mouche). Nos quatro. Não vieram só pelo Gareca. Ele deixou claro: “Quando pedir alguém, o clube tem de avaliar bem, porque os contratos deles serão maiores do que o meu, e depois vou embora e eles ficam.” Todos foram bem avaliados. Estão em um processo de adaptação e vão render muito aqui. Já renderam em outros lugares, têm muita qualidade. Acredito que esses argentinos, como outros que chegam a um grande como o Palmeiras, ficam tímidos e sentem, e depois naturalmente rendem.





Tobio, Allione, Mouche e Cristaldo, os argentinos do Verdão





O Dorival faz parte do planejamento para 2015?

Ele tem contrato até o fim do Paulista. Se eu for eleito, faremos uma avaliação de todos profissionais contratados, e dos diretores estatutários também. Do clube como um todo. Do Dorival também, mas a principio ele fica até o fim do Paulista.



Falando sobre a Arena, como está a relação com a WTorre?

Todos os tópicos divergentes estão na arbitragem, e não podemos comentar. Nesses dois jogos deste ano, contra Sport e Atlético-PR, o Palmeiras comercializa os ingressos. Estamos felizes e animados com a possibilidade de receita da arena. As rendas são sempre do Palmeiras, o dono do espetáculo. Se alguém aluga a Arena para colocar uma banda qualquer, pagando aluguel, parte é do Palmeiras e o resto é da WTorre.



As divergências são muitas, mas, quando o contrato foi assinado, você era vice-presidente do clube e foi a favor.

Não o definitivo, mas sim a carta de intenções. Foi amplamente discutida no Conselho em 2007 e 2008 a relação Palmeiras e WTorre para a construção da arena. Tudo foi fundado em princípios de relacionamento. A grande maioria achou que estava de bom tamanho e aprovou, e eu fazia parte dessa maioria. E outra minoria achava que teria de ser mais discutido, e o clube poderia ganhar mais. Eu era a favor do que foi combinado em 2007 e 2008. O quadro que encontrei foi diferente, sujeito a muitas interpretações. O Palmeiras está defendendo o que foi combinado previamente, para que a interpretação que prevaleça seja o que foi combinado sob nossa ética.



Essa disputa é entre Paulo Nobre e Walter Torre ou entre Palmeiras e WTorre?

É Palmeiras x WTorre. Ele é dono da WTorre, e eu estou presidente do Palmeiras e vou defender sempre, independentemente de qualquer coisa, os interesses do clube e o que acho certo. Vou brigar sempre que achar o clube prejudicado. Se há divergência, existe um tribunal arbitral pra definir.



Mas você quis comprar parte da Arena, não?

Imagina! Quando fui vice-presidente, me predispus a procurar investidores para a Arena, porque ela era chamada de Arena de papel. Isso nos deixava chateado. Eu me coloquei à disposição para buscar investidores no mercado e, em última análise, usar investimentos próprios para sair do papel e virar a coisa maravilhosa que virou. Contratei um banco para fazer um estudo de viabilidade econômica. Mas comprar a Arena, não. Se eu não achasse investidores, colocaria meu patrimônio, mas fui desaconselhado por quem fez o estudo, pelo custo de oportunidade que tinha no mercado e pelo tipo de investimento que estou acostumado a fazer. As pessoas acharam que não era o meu perfil. E também me aconselharam a tomar cuidado ao trazer investidores, porque se não ocorresse de forma correta eu teria de honrar. Foi isso. (Nota da Redação: depois da entrevista de Nobre, Walter Torre afirmou ao GloboEsporte.com que começou o projeto tendo o dirigente como “sócio”, numa operação “meio a meio”).



Até quando vai essa disputa na arbitragem?

Um ano ou um ano e meio, talvez dois anos. Isso não impede o Palmeiras de jogar regularmente na Arena.



A briga afeta de alguma maneira os negócios na Arena?

Não acredito que atrapalhe.



Por que o Palmeiras não conseguiu atrair a Allianz como parceria para um contrato de patrocínio?

Gostaríamos muito, mas nunca teve isso. No primeiro jogo, quando assinamos e saiu o nome Allianz Parque, jogamos um com máster na camisa, com o logotipo deles, e foi isso. Eu gostaria muito.





Paulo Nobre, de chapéu verde, e Walter Torre, de branco: "ex-sócios" e hoje em litígio (Foto: Thiago Fatichi / Divulgação)



O que foi feito no clube social nestes dois anos de mandato?

Fizemos dois aumentos de mensalidade que o fizeram parar de sangrar. Em janeiro de 2013, o social dava R$ 1 milhão de prejuízo por mês. Agora não sangra mais. Está quase equiparado. Não há dinheiro para investir, mas o futebol não tem mais de subsidiar o clube social. Isso é importante.



Para fechar: qual o maior legado como presidente e por que merece mais dois anos na presidência do clube?

Estamos entregando um Palmeiras muito melhor do que o que recebemos. Isso é um fato. Com a reestruturação da dívida do clube, o horizonte se alarga. Essa filosofia precisa perdurar, não só mais uma gestão. A responsabilidade financeira tem de se consolidar como algo normal no clube. Não só de vez em quando. O Palmeiras nunca mais pode passar por algo parecido como o que ocorreu nos últimos tempos. Mereço o voto porque primeiro a casa está muito mais em ordem, segundo porque precisamos consolidar essa nova filosofia de administração, e os horizontes são completamente diferentes. Temos crédito no que está sendo plantado para um futuro curto médio e longo prazo do Palmeiras.



Pretende seguir investindo do próprio bolso?

Não tem como saber. O objetivo é não colocar mais um centavo, mas não vou deixar a roda parar de rodar. É um compromisso meu. Não vou medir esforços para não colocar mais a mão no bolso, mas se for necessário não vou deixar a roda parar de rodar.







6267 visitas - Fonte: GloboEsporte

Mais notícias do Palmeiras

Notícias de contratações do Palmeiras
Notícias mais lidas

Nenhum comentário. Seja o primeiro a comentar!

Enviar Comentário

Para enviar comentários, você precisa estar cadastrado e logado no nosso site. Para se cadastrar, clique Aqui. Para fazer login, clique Aqui ou .

Últimas notícias

publicidade

Brasileiro

Dom - 16:00 - Arena BRB Mané Garrincha -
X
Vasco Da Gama
Palmeiras

Brasileiro

Dom - 16:00 - Allianz Parque
5 X 0
Palmeiras
Criciuma