Pescarmona: 'Chega de o Palmeiras brigar para não cair todo ano'

29/11/2014 14:22

Pescarmona: 'Chega de o Palmeiras brigar para não cair todo ano'

Candidato da oposição do Palmeiras critica gestão de Paulo Nobre e fala o que pretende fazer caso seja eleito neste sábado

Pescarmona: 'Chega de o Palmeiras brigar para não cair todo ano'

Oposicionista de Paulo Nobre, Wlademir Pescarmona, 63 anos, é empresário. Sócio desde criança do Palmeiras, ele foi diretor geral de esportes amadores (1989 a 1996). Em 2009, atuou como diretor administrativo, e no ano seguinte foi por três meses diretor de futebol. Causou polêmica ao criticar Valdivia e o elenco na época. Sua chapa de vice-presidentes é formada por Luiz Gonzaga de Mello Belluzzo, João Gavioli, Carlos Ricardo Degon e César Maluco). O ex-dirigente recebeu a reportagem do Estado em sua casa e contou o que pretende fazer caso seja eleito.



Porque você acha que merece ser o presidente do Palmeiras?



Por várias coisas. Eu nasci no clube e o conheço com a palma da minha mão. Entrei na política do clube em 1987. Fiz um grande trabalho no esportes não profissionais. Tínhamos 11 modalidades e passei para 20, até que tive divergências com o Mustafá (Contursi, ex-presidente), me afastei e montei a UVB (União Verde e Branco). Vivemos uma ditadura de 12 anos (período em que Mustafá Contursi comandou o clube) e na gestão do Belluzzo fui secretário do Conselho, algo que me deu uma bagagem grande. Depois peguei uns três meses e meio no futebol. Vivo no clube todos os dias. Talvez isso me prejudique, porque você acaba mostrando suas virtudes e defeitos. Se você faz como o presidente Paulo Nobre, que se esconde na Academia, ninguém sabe como ele você é.



Qual o maior problema do Palmeiras?



O problema é que o clube ficou abandonado nos últimos dois anos e um pouco na gestão anterior, do Arnaldo Tirone. O prédio administrativo faz três anos que foi entregue e não tem acabamento ainda. Temos muitos problemas no clube, mas nosso objetivo é o futebol. Estamos cansados de passar por penúria e incompetência de contratações erradas. O Palmeiras precisa voltar a ser vencedor. Chega de ficar lutando todo o ano para não ser rebaixado. Com a ajuda do grupo de empresários, vamos montar um time forte e vencedor. O futebol é um desafio e trazendo um profissional de mercado, que está atualizado, fica mais fácil. O Brunoro (José Carlos, diretor executivo do clube) não teve competência. Depois que saiu da Parmalat, não fez nada que pudesse acrescentar. Somos um time grande e fomos apequenados por essa gestão.



Muita gente no clube diz que não gosta do Nobre, mas votará nele porque não dá para votar em você. Qual motivo de tanta rejeição?



O que acontece é que eles (situação) estão apelando para o lado pessoal. Por causa da minha convivência no clube, você se expõe mais e, infelizmente, eles se aproveitaram disso e fizeram da campanha, essa baixaria. Estão misturando minha vida pessoal com a do clube. Quem é que vai às seis horas da tarde estar em um churrasco para rezar? Você vai tomar cerveja e falar besteira mesmo. Isso todo mundo faz e não significa que eu seja bêbado, como gostam de dizer. Frequento o clube há 63 anos e nunca me viram bêbado ou vomitando nos cantos no clube. Criou-se essa história e estão usando isso para desqualificar a minha pessoa. Quando converso cara a cara com o sócio que não vai votar em mim, eles mudam de opinião.



Como vai funcionar esse grupo de empresários que vão investir no time?



Esse projeto vai ser apresentado detalhadamente quando a gente assumir. É um grupo de apoio que vai captar recursos no mercado, mas não vai colocar dinheiro em nada e nem ter direito a porcentagem de jogadores. Em troca, eles vão ganhar com ações de marketing, propaganda e explorar a imagem dos jogadores.



Mas com os R$ 30 milhões desses empresários dá para montar um bom time?



R$ 30 milhões é o começo. Deve ser mais. O Cruzeiro montou o time campeão com R$ 38 milhões. Contratando bem, dá para trazer jogador de ponta com esse valor.



Esse grupo poderia ajudar o Nobre, caso ele fosse reeleito?



O problema é que ele não quer ajuda. Ele é egocêntrico. Em abril de 2013, Belluzzo (Luiz Gonzaga de Mello Belluzo, ex-presidente e candidato a vice-presidente na chapa de Pescarmona), eu e mais cinco conselheiros fomos conversar com ele e falamos do FIDIC (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios), onde você tem um prazo mais longo para pagar e com juros menor. Era R$ 54 milhões em 2013 e R$ 54 milhões em 2014. Você coloca um recebível, que era o dinheiro da cota de TV e conforme vai pagando as parcelas, você recebe o dinheiro da TV normalmente. O Nobre simplesmente disse no final da reunião, que estava tudo sobe controle. Outra história é sobre a Caixa. Poderia ter fechado o patrocínio master por R$ 25 milhões em um contrato de dois anos. O que o Palmeiras tinha que fazer? Ele tinha só que chegar na Receita Federal, fazer o parcelamento das dívidas, tirar o CND (Certidão Negativa de Débitos) e conseguir o patrocínio. Pela indecisão dele, esticou demais, perdeu o prazo, porque a Caixa mudou a filosofia e o negócio não fechou. Isso são só dois exemplos. O problema é que ele não quer ajuda. Se eu for presidente e ele quiser me ajuda, aceito sentar para conversar. Todo palmeirense que quiser ajudar é bem vindo.



Você já disse que vai se reaproximar das organizadas. Se reaproximar de quem até já agrediu jogadores, pode ser uma boa ideia?



Eu não sei de onde saiu que sou amigo deles. Não durmo com eles, não almoço com eles. Eu tenho educação e converso, só. Tem que respeitar qualquer torcedor. Tem torcedor comum que faz besteira também. Se houver respeito mútuo, vamos nos dar bem. Se respeitar a instituição e o clube, vai ser tudo bem. Caso contrário, é caso para Ministério Público e polícia. Não vou acobertar ninguém e nem vou dar ingresso. Já conversei com eles. O que eles querem, é ter direito de comprar ingressos quando o Palmeiras joga fora de casa. Nada mais justo que separar uma cota para eles. E eles reclamam também do preço dos ingressos. Muitos deles são pessoas simples, que não tem como pagar R$ 80 em um ingresso. Vou ver se temos como colocá-los em alguma categoria no Avanti.



Carlos Degon vai ser seu vice de futebol. Ele é conhecido no clube, mas para o torcedor comum, ele ficou famoso por expulsar com força excessiva e quase agredir um fotógrafo dentro do CT durante a eleição passada, após um comentário no Twitter. Acha que ele terá sangue frio para lidar com a pressão que existe no futebol?



Quando eu tinha a idade dele, era dez vezes pior que ele. Estou há dois anos fazendo a cabeça dele e ele está mudado. O Palmeiras é um clube velho. Mais de 60% dos sócios do clube tem mais de 50 anos. As grandes lideranças do Palmeiras são pessoas com mais de 60 anos. Quero colocar o maior número possíveis de jovens no comando do clube e o Degon faz parte disso. Vamos contratar um executivo do futebol e o Degon é de arquibancada, conhece muito de futebol e vai acompanhar tudo de perto. Quem vai trabalhar mesmo é o executivo. Ele leva para nós o nome do reforço e a gente analisa.



Sua filha trabalhava no clube na época que você era dirigente do clube. Acha isso correto?



O diretor de cultura e arte queria colocar aula de pilates no clube e foi procurar uma empresa onde minha filha trabalhava. Minha filha recebia igual as professoras de balé, ginástica e as demais. O sócio ia, pagava uma taxa para fazer as aulas e uma parcela é destinada para as professoras. Se for um preço dentro do mercado, não tem problema. Todas professoras recebiam o mesmo valor e minha filha é qualificada. Agora ela é personal trainer e agora sim, ela ganha bem. Falavam que ela ganhava R$ 10 mil no clube. Absurdo. Ela não ganhava nem R$ 3 mil. Existe muitos filhos de conselheiros e diretor que trabalham no clube. Se está dentro da lei e do valor de mercado, não tem problema algum.



Vai ser uma gestão em que vai se apostar em jovens promessas ou medalhões?



Precisamos de pelo menos dois ou três jogadores de renome. Ficamos refém do Valdivia. A gente tem que sentar e conversar para saber se o Valdivia está disposto a jogar. O custo benefício dele é muito ruim. Ele fez 16 partidas no Brasileiro ganhando o que ele ganha. Eu acho que ele é importante, temos que montar uma estátua para o xeque, que o devolveu, porque o Nobre mandou embora e depois que o Valdivia voltou, o time deu uma subida. Talvez se não tivesse voltado, já até teríamos caído. O problema é que tudo fica nas costas dele. Precisamos dele e mais uns dois ou três para segurar a bronca e completa o elenco com jogadores de futuro ou base. Eu vou exigir que nosso time tem que ter quatro ou cinco da base no time principal. Não podemos colocar os caras numa gelada, como fizemos com o Fábio e com os garotos Garoto, João Pedro e Nathan. A gente vê que eles jogam pressionados, porque eles não tiveram preparação para fazer isso.



O que acha do contrato de produtividade?



Jogador craque e que já tem nome não dá para fazer isso. Chega no Fred e fala que vai dar contrato de produtividade para ele. O cara vai dar risada da sua cara. Você pode isso com jogador da base ou mais velho, tipo o Lúcio. A gente percebe que a cintura dele já não corresponde mais. E para fazer o contrato de produtividade, precisa avisar os adversários. O caso do Kardec, por exemplo, mostrou isso.



Como avalia as mudanças de técnicos nesse ano e o trabalho do Dorival?



Foi total falta de planejamento. Teve um 2013 tranquilo e sabíamos que o Kleina, quando começasse a pegar jogos complicados, seria mandado embora. Trouxeram o Gareca, mas o momento do Palmeiras já não era tão bom. Contrataram um estrangeiro, que não conhecia o Palmeiras e os adversários. Ele não sabia como funcionava o Brasileiro e deram 20 dias de férias, que é o período em que ele tinha que aprender as coisas. Aí trouxeram o Dorival, que pegou o time numa situação muito ruim. Vamos avaliar a situação dele, junto com o executivo de futebol, que talvez até já tenha trabalhado com ele.



O Rodrigo Caetano já trabalhou com ele...



Pois é... (risos) eu não posso tomar nenhum tipo de atitude sem ter essa avaliação. Espero que o time fique na primeira divisão. Se caírmos, temos que repensar todo o projeto. E ele tem contrato até julho de 2015. Se mandá-lo embora, ainda tem que pagar multa.



O que acha do elenco?



Fraquíssimo. A gente vai ter que analisar. Sei que tem vários com contrato acabando. Vamos ver quem serve e quem volta de empréstimo. Eu acho que o Palmeiras está carente em umas nove posições.



Absurdo viver só do Valdivia?



Ficamos refém do Valdivia. Quando ele joga, a gente vai bem. Não podemos viver só disso. Precisamos de mais gente para fazer a diferença.



Tem algum jogador que você sonha ver no Palmeiras?



Difícil falar. A gente tem alguns pensamentos. Messi e Cristiano Ronaldo não podem, né? Mas imagina um Pirlo ou um Balotelli no Palmeiras. Gosto muito do futebol do Drogba. São coisas complicadas de se falar agora e não quero criar expectativa. Estou só falando quem eu sonho. Tem que ver valores e adaptação dos jogadores.



Sócio-torcedor pode ter direito a voto?



Tem que estruturar isso e ver um tipo de fidelização e quanto vai pagar. Para virar sócio, você paga mais ou menos R$ 4 mil e uns R$ 180 por mês. Tem que ver como não ferir o sócio que já existe. Isso é uma mudança estatuária, mas eu defendo a ideia.







6804 visitas - Fonte: Estadão

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