Nobre: 'Em 2015 poderemos investir mais no futebol'

29/11/2014 14:33

Nobre: 'Em 2015 poderemos investir mais no futebol'

Após 'arrumar a casa', presidente do Palmeiras promete um time mais forte e um segundo mandato de mais alegria para o torcedor

Nobre: 'Em 2015 poderemos investir mais no futebol'

Lutando pela reeleição, está Paulo Nobre, 46 anos, formado em Direito e sócio desde 1983. Passou a participar da política do clube em 1997. Foi diretor social (1999 a 2002) e vice-presidente (2007-08). Sua chapa é formada pelos mesmos que hoje são vice-presidentes; Maurício Galliote, Genaro Marino, Antonino Jesse Ribeiro e Victor Fruges. A gestão de Nobre foi marcada por muitas polêmicas e resultados ruins dentro de campo. O fato de o clube atravessar grandes dificuldades financeiras fez com que ele emprestasse mais de R$ 150 milhões para aliviar a situação. Sob seu comando, o programa Avanti passou de oito mil para mais de 60 mil sócios-torcedores. O presidente palmeirense alegou incompatibilidade de horários e por isso não atendeu a reportagem do Estado. Entretanto, aceitou responder as perguntas por email, que foram enviadas via assessoria de imprensa do dirigente.



Como avalia sua gestão e porque merece continuar no cargo?



O Palmeiras que encontramos em janeiro de 2013 era uma terra arrasada. Tamanho era o problema, que o clube quebrou três meses depois. Todas as receitas do ano já haviam sido antecipadas, dezenas de milhões de reais em dívidas de curto prazo, elenco com quantidade insuficiente de atletas para a disputa de um campeonato e a maioria dos jogadores que contatávamos não queria vestir a camisa alviverde por conta da total falta de credibilidade e condições de trabalho pela qual passávamos. A evolução estrutural foi significativa. Agora temos condição de que crescer de forma sustentável. Mas esse trabalho não pode parar. De nada valerá o esforço que fizemos, inclusive ao ter que tomar algumas medidas drásticas e impopulares, se o Palmeiras voltar às mãos daqueles que são os principais responsáveis pela situação deplorável a qual se encontrava quando assumimos. Se esses populistas, que utilizaram a cotas TV de três mandatos em apenas dois anos voltarem ao comando do clube, nossa S.E.P. pode não suportar e entrar em um trágico caminho sem volta.



Você disse que a espinha dorsal do time para o ano que vem é o que está jogando atualmente. Não é preocupante ter como base um time que pode ser rebaixado?



Nós manteremos no elenco aqueles que, de fato, mostraram capacidade técnica para vestir a camisa do Palmeiras. A esses que ficarem, acrescentaremos contratações que possam colocar o Palmeiras em condição real de conquistar títulos em 2015. A partir de agora será possível qualificar o time a esse patamar.



Porque você acha que sua próxima gestão será melhor do que a primeira?



Tudo passa pela disponibilidade de recursos. Por conta da reestruturação financeira que realizamos nesses período, teremos no ano que vem mais receita do que tivemos em todo o primeiro mandato. É matemática. Agora será possível destinar mais investimentos para o futebol e completar as reformas que o clube tanto necessita, até por conta do término da construção do estádio.



Qual foi seu grande erro e o maior acerto no primeiro mandato?



Nossos maiores acertos foram não se deixar levar pela vaidade e por populismo e não imputar ao clube gastos que não condizem com a realidade crítica do Palmeiras e entender rapidamente o tamanho da importância do Avanti. Saímos de 8 mil para mais de 60 mil sócios e projetamos aumentar a arrecadação em mais de 10 vezes. Nenhum clube cresceu tanto nesse período. Acho que os principais erros foram esticar o elástico um pouco além da conta em algumas negociações e não ter feito ou demorado em algumas trocas.



Ter apelado para colocar dinheiro do próprio bolso no clube para fazer com que a "roda não deixasse de girar", como você sempre diz, não é uma falha de administração? O clube não deveria andar com as próprias pernas?



Sempre deixei claro que não concordo com esse tipo de atitude. Mas só restavam dois caminhos: fazer o que fiz ou recorrer a empréstimos bancários que se transformariam em dívidas impagáveis. Com a operação que realizamos, o Palmeiras economizou mais quase meio bilhão de reais. Gostaria que cada palmeirense que lê essa entrevista nesse momento apontasse qual alternativa seguiria, se tivesse condições: tomaria o dinheiro em seu nome ou deixaria uma conta de mais de R$ 400 milhões para o clube do seu coração?



Faltou maior jogo de cintura nas negociações com Alan Kardec, Henrique e Barcos? Se faltou, acha que o amadurecimento após dois anos no poder pode evitar com que isso se repita?



Esses assuntos já foram explicados exaustivamente e não voltarei a eles. Mas o problema não foi jogo de cintura. Uma coisa eu aprendi no futebol: quando um atleta quer deixar um clube, qualquer desculpa, por menor que seja, é suficiente para que ele saia. Quando quer realmente permanecer, as partes sempre chegarão ao um acordo.



Sobre Valdivia, você já disse que o considera um dos melhores do Brasil na posição, mas o negociou com os Emirados e ele só não foi embora, porque a negociação não se concretizou. Você quer ter ele na equipe ou pretende negociá-lo na primeira oportunidade?



Eu quero ter o Valdívia no Palmeiras. Mas, na hipótese de haver uma proposta que seduza o jogador, a melhor solução é não segurar um atleta que queira sair.



Os outros esportes vão continuar sem ter equipes adultas (exceto o basquete)? Porque dessa medida?



Nossos recursos disponíveis devem sempre ser destinados ao futebol (profissional e base), por conta do alto nível de competitividade, às estruturas de lazer para o sócio e à formação de atletas olímpicos. Se ampliarmos o foco, eles ficarão prejudicados. Não temos condição de manter outras equipes adultas, a não ser que haja patrocínios que as sustentem. Nossas prioridades são sócio e futebol.



Você gostaria de contar com o apoio do grupo de empresários que vai ajudar o Pescarmona caso ele seja eleito? Pretende entrar em contato com eles?



Estamos abertos a todos que queiram colaborar com o clube. Todos eles serão muito bem-vindos na nosso próximo mandato. Como palmeirense, apenas não entendo porque o meu adversário tinha esse grupo na mão e nunca nos apresentou a ninguém. Quem eles querem ajudar? Palmeiras ou Pescarmona?



O crescimento do Avanti é um dos pontos positivos da sua gestão. Em cima disso, você acha que o sócio-torcedor deveria ter direito de votar na eleição? Muitos sócios não são palmeirenses e têm esse direito...



Acho que pode ser o próximo passo na democratização que conquistamos para o Palmeiras, mas temos que debater amplamente esse assunto para que os sócios não sejam prejudicados.



Seus vices serão os mesmos. Em relação ao futebol, o único que deve deixar o clube é o Brunoro (José Carlos Brunoro, diretor executivo). Em cima disso, podemos considerar que ele é o culpado pela má fase?



Não vou elencar os culpados. O que posso garantir é que acontecerão mudanças grandes em relação ao primeiro mandato.



Você foi um favoráveis a construção da arena e hoje tem muitas divergências com a WTorre. O que aconteceu no meio do caminho?



O fato de termos divergências com a WTorre não significa que deixei de ser favorável à construção da arena. O que aconteceu no meio do caminho foi que houve mudanças nas premissas do relacionamento entre as partes. Mas esse assunto está em âmbito de arbitragem e é lá que deve ser discutido.



Dá para separar o futebol do clube social? Você tem essa intenção?



O mais importante nesse quesito já foi feito, que é a separação nas unidades de negócio. Hoje o clube não toma dinheiro do futebol, e nem o contrário acontece. Isso foi possível porque estancamos o rombo que a área social gerava. Para se ter uma ideia, a gestão Belluzzo-Pescarmona torrou mais de R$ 2 mi em um restaurante que seria destruído alguns meses depois por conta da construção do Allianz Parque. Mesmo restaurante que, quando meu adversário era diretor administrativo, deu mais de R$ 3 milhões de prejuízo. Hoje, ele se paga sozinho.



Uma das críticas que fazem a sua gestão é ser teimoso e inflexível nas negociações. Isso teria prejudicado, por exemplo, um patrocínio Master para a camisa. Em um possível segundo mandato, você estaria disposto a ser mais "flexível" em negócios com possíveis parceiros e com jogadores?



Eu sempre serei flexível com quem quer ser parceiro do clube, com quem valoriza a nossa marca e com quem respeita o nosso escudo.



Como você avalia a política de produtividade? Ela continua no segundo mandato sem mudanças? Acha possível que um jogador considerado top no mercado opte jogar no Palmeiras, ao invés de optar um clube que tem disputado títulos e oferece um contrato com valores integrais?



É errado achar que, por conta da produtividade, os atletas ganham menos. O que acontece é exatamente o contrário. Quem se dedica e está presente em todos os jogos terá um rendimento maior do que se tivesse um contrato normal.



Faltou planejamento em 2014? Foram três técnicos sendo que um deles ficou menos de 15 jogos?



A troca de técnicos, nesse caso, não aconteceu por conta do planejamento. O curso natural seria o Gareca permanecer. Infelizmente, um treinador que tinha um grande currículo, e que foi aprovado pela imprensa e até pela oposição, teve um desempenho que nem ninguém esperava.



Em entrevista à ESPN, você disse que não votou no Mustafá porque não vota em presidente que rebaixa o clube. Se o Palmeiras cair, quem votou em você, deve ficar arrependido?



Acho que a comparação não vale. São duas situações completamente diferentes. Até porque, o Palmeiras não vai cair.



Fala-se muita de transparência, mas tudo que é questionado, a resposta é que isso é um assunto interno. Não deveria dar mais explicações para a torcida? E em cima disso, porque a diretoria aparece pouco para falar nos momentos de crise? Esses pontos vão mudar no próximo mandato?



Poucos presidentes na história do Palmeiras deram a cara à tapa por tantas vezes como fizemos em nossa gestão. Em todas as crises, eliminações e derrotas expressivas nos posicionamos. O COF, órgão designado a fiscalizar o clube, recebe nos mínimos detalhes, todas as informações da vida financeira, administrativa e esportiva do Palmeiras. Os balanços são divulgados dentro do prazo exigido e nunca nos furtamos de responder qualquer pergunta que os sócios vêm nos fazer no clube. O que eu não faço é iludir o torcedor com especulações e fofocas que algumas pessoas passam para a imprensa.



É verdade que você fica completamente alucinado quando assiste aos jogos do Palmeiras antes mesmo de ter virado presidente? Lembra alguma história curiosa que aconteceu durante um jogo que mostra isso?



Eu respiro Palmeiras desde que me conheço por gente. O que eu posso dizer é que, durante os jogos, eu me comporto como todo torcedor fanático e apaixonado. Eles sabem dizer exatamente como é.



Como está sua vida pessoal em relação a tempo para fazer outras coisas que não seja cuidar do Palmeiras? Além do rali, você teve que abrir mão de muitas coisas que fazia antes?



Eu abri mão de tudo na minha vida pelo Palmeiras. Desde o dia 22 de janeiro de 2013 minha rotina é acordar cedo, ir para o clube, passar lá mais de 14 horas, voltar para casa e dormir. Os problemas que temos que enfrentar e a quantidade de trabalho e esforço que essa missão impõe não permite outra alternativa. Quem quer comandar a S.E.P. com o intuito de melhora-la não pode ter nenhuma outra atribuição na vida. A dedicação tem que ser total e exclusiva.







3981 visitas - Fonte: Estadão

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