Carrasco do Palmeiras revela calote em mala branca do Inter em 2002

5/12/2014 09:44

Carrasco do Palmeiras revela calote em mala branca do Inter em 2002

Carrasco do Palmeiras revela calote em mala branca do Inter em 2002

Atacante virou "André Balada" no Palmeiras um ano após marcar o gol que sacramentou a queda



Hoje concorrente direto do Palmeiras na disputa pela permanência na Série A do Campeonato Brasileiro, o Vitória ouviu a promessa de que seria financeiramente recompensado se colaborasse com o rebaixamento do adversário em 2002.



A revelação da popular “mala branca” foi feita pelo atacante André Neles, nesta conversa exclusiva com a Gazeta Esportiva.

Mesmo na reserva do Vitória na ocasião, André foi decisivo para a primeira queda de divisão da história do Palmeiras.



Foi dele o último gol sofrido pela equipe de Levir Culpi na temporada, decretando o triunfo por 4 a 3 no Barradão. Doze anos depois, o atacante já fala abertamente sobre a mala branca que moveu o seu time naquele 17 de novembro, aponta um envolvido – segundo ele, o Internacional fez uma proposta por telefone – e até acha graça por jamais ter recebido a quantia acordada.



Curiosamente, após deixar o Vitória, André passou justo por Inter e Palmeiras em 2003. Ganhou fama de “André Balada” em São Paulo e não conseguiu se firmar em um ataque que tinha Vágner Love e Edmílson como titulares. Para ele, a culpa foi de uma briga entre o técnico Jair Picerni e a diretoria palmeirense.



Aos 36 anos, André Neles diz ter encontrado a salvação para os seus problemas através da religião. Virou cantor gospel e, após defender o Operário, estuda convites do Icasa e de um time da Série A2 do Campeonato Paulista para continuar em atividade no futebol. Ao mesmo tempo em que torce para o Palmeiras se vingar do Vitória no Campeonato Brasileiro de 2014 – embora já considere “rotina” as frustrações da torcida que ajudou a entristecer no passado.



Gazeta Esportiva: Você estava em campo quando o Palmeiras foi rebaixado pela primeira vez, em 2002, e até marcou um gol pelo Vitória. O que se lembra daquela partida?

André Neles: Foi um jogo tenso. O Vitória estava bem no campeonato e poderia ficar entre os oito melhores com uma combinação de resultados. Entramos determinados a vencer. Já o Palmeiras estava nervoso, não conseguiu fazer um bom jogo. Acabamos ganhando, e eu tive a felicidade de marcar o quarto gol. Saiu de uma grande jogada do Zé Roberto, que entrou na área, driblou dois zagueiros e chutou. O Sérgio rebateu, e a bola caiu no meu pé. Só tive o trabalho de empurrar para dentro. Isso praticamente rebaixou o Palmeiras.



GE: Junto com o Botafogo, que voltou a cair em 2014, o Palmeiras foi o primeiro grande clube do eixo Rio-São Paulo a ser rebaixado. Foi uma situação que mexeu com vocês?

André Neles: Não estávamos nem pensando tanto no Palmeiras ali, até porque tínhamos chances matemáticas de classificação. Ficamos em nono lugar (em décimo, na verdade). Pensávamos mais em nós mesmos. Mas é claro que houve um pouco de tristeza pelo Palmeiras, um grande clube, de história, que representa muita coisa. Um time da grandeza do Palmeiras cair é algo ruim para o futebol brasileiro.



Ex-companheiro de Marcos, André não viu o dinheiro que o Internacional teria prometido ao Vitória



GE: Fala-se muito em mala branca no Campeonato Brasileiro. Embora vocês tivessem possibilidade de classificação, houve esse tipo de incentivo financeiro para rebaixar o Palmeiras?

André Neles: Naquela época, houve, sim. Vários clubes ligaram para a gente, oferecendo a mala branca para vencer o jogo. Mas também não pagaram. Então, não adiantou nada (risos).



GE: Ninguém pagou?

André Neles: Não. Ninguém arcou com o combinado.



GE: Quais foram os clubes que ofereceram dinheiro para o Vitória?

André Neles: O Inter foi um deles. Ofereceu um dinheiro e não mandou. A gente ganhou também porque o Inter precisava do resultado, estava para cair. Foi um dos clubes que entraram em contato e fizeram a oferta. Mas ninguém pagou. Futebol é assim: a mala branca é oferecida às vezes, mas acaba não aparecendo.

(O Internacional terminou o Campeonato Brasileiro de 2002 na 21ª colocação, com só dois pontos de vantagem para o Palmeiras.)



GE: Como a proposta da mala branca é feita de maneira sigilosa, imagino que seja difícil para vocês cobrarem.

André Neles: Não tem como porque é um telefonema, né? Você até tenta cobrar depois, vai atrás de quem prometeu. Mas aí é a palavra de quem prometeu e não vai pagar contra a sua. Fica aquele jogo de empurra, e não sai nada.



GE: Como funciona a oferta?

André Neles: A pessoa te liga e fala: olha, tenho tanto para você ganhar o jogo amanhã. Ganhando, a gente leva o seu dinheiro depois do jogo. Aí, você ganha, mas o dinheiro não vem.



GE: Já te pagaram algum prêmio de mala branca ao longo da carreira?

André Neles: Já me ofereceram várias vezes. Mas, receber mesmo, nunca recebi. Jamais chegaram a pagar (risos). Mesmo assim, é uma coisa feita mais para te motivar.



GE: E dá certo?

André Neles: Nem precisa disso. O jogador já está muito focado em partidas assim, então nem pensa nessa ajuda. Dinheiro é bom, né? Mas acaba sendo algo imprevisível, que pode não chegar. Você nem fica esperando muito.



GE: Como foi defender o Palmeiras logo um ano depois de colaborar com aquele rebaixamento?

André Neles: Participei da campanha do Palmeiras na Série B. Foi algo muito bom. Cheguei ao clube em meio a um clima conturbado. Parece que o Jair Picerni não tinha pedido a minha contratação. Ele brigou com o diretor (Fernando Gonçalves), e essa pessoa caiu. Então, eu sabia que não jogaria, que não seria aproveitado. Mas mantive o profissionalismo e cumpri o meu contrato até o final. Depois, segui a minha carreira. Mesmo assim, foi muito bom ter a oportunidade de defender o clube em que teoricamente marquei o gol que o rebaixou. Foi gratificante.



Jogador culpa uma briga entre técnico e diretoria por não ter recebido mais chances como palmeirense



GE: Você ficou frustrado por não ter recebido mais oportunidades no Palmeiras?

André Neles: Isso me frustrou um pouco, sim. Esperava ter jogado mais, mas praticamente não fui aproveitado . O Jair Picerni não me deixou jogar por causa de briga interna com a diretoria, não sei bem. Mas fiquei no meio do fogo cruzado. Só que fui profissional e não pedi para ir embora em momento algum. Fiquei seis meses lá e poderia ter ficado mais um ano, mas tinha contrato com o Benfica na época, que não liberou. Aconteceu o que tinha que acontecer.



GE: Hoje, por causa dessa passagem rápida pelo Palmeiras, você torce para que o clube permaneça na Série A ou caia novamente para a segunda divisão?

André Neles: Estou torcendo pelo Dorival Júnior. É um treinador com quem trabalhei em duas oportunidades, primeiro no Figueirense e depois no Fortaleza, para onde ele me levou em 2005. É uma pessoa sensacional, um técnico muito bom. Acho que não merece isso na carreira dele. Ele pegou o Palmeiras mal, mas torço para que vença na última rodada e escape da queda.



GE: Se o Palmeiras escapar, desta vez será o Vitória o time rebaixado para a Série B.

André Neles: O Vitória não tem jeito, né? Fez um ano ruim, com má administração, com trocas de diretoria e de treinadores. Quando o planejamento é assim, você automaticamente cai. Isso vale para o Bahia também. Eles não se programaram bem para esse ano.



GE: E o Palmeiras?

André Neles: O Palmeiras tentou correr atrás. Perdeu o Alan Kardec, mas foi buscar alguns jogadores. Foi atrás do Dorival. Teve uma ressurgida até. Não está bem, é verdade, mas me parece mais organizado do que Vitória e Bahia. Torço mais pelo Palmeiras do que pelo Vitória, por sua desorganização neste ano.



Bastante rodado, André Neles acha que a torcida do seu antigo clube vai ao estádio já ciente de derrota



GE: Está otimista com as possibilidades de o Palmeiras se safar no domingo, então?

André Neles: Você sabe que, em se tratando de Palmeiras, tudo pode acontecer, né? Já vi o Palmeiras perder vários jogos em casa, muita coisa ruim acontecer. Espero que não se repita o de sempre: na hora final, quando precisa, o Palmeiras vai lá e perde em casa, frustra a sua torcida e acaba caindo, mesmo estando com a vantagem na tabela. Tomara que esse capítulo seja diferente dos anteriores.



GE: Você acha que a história está repetitiva?

André Neles: Vira uma rotina. O torcedor do Palmeiras sabe que o seu time vai perder, que ele vai sofrer, mas vai para o jogo. É preciso fugir um pouco disso. Espero que agora o Palmeiras possa jogar bem e vencer.



GE: Doze anos após aquele jogo com o Vitória, o Palmeiras está novamente lutando contra o rebaixamento. E você, como anda? Vai continuar no Operário?

André Neles: Estou jogando ainda. Pretendo continuar por mais uns dois, no máximo três anos. Até porque tenho condição física: não bebo, não fumo, não vou para a balada, nada. Por isso, tenho o corpo inteiro, sem lesão, sem problema muscular. Fisicamente, estou muito bem.





GE: A religião te ajudou nessa nova fase da sua vida. Você segue como cantor gospel?

André Neles: Continuo cantando. Vou lançar um CD agora, em janeiro. Estou conciliando as duas coisas. Vinha jogando pelo Operário, e o meu contrato acabou. A gente está discutindo uma renovação, mas creio que não permanecerei mais lá.



GE: Vai para onde? Gostaria de retornar ao futebol paulista?

André Neles: São Paulo é bom porque dá uma visibilidade maior. Mas estou em contato com o pessoal do Nordeste também. Tenho duas situações para analisar, uma de um clube da Série A2 do Campeonato Paulista e outra para disputar o Campeonato Cearense. Vou ver qual é a melhor opção e acertar.



GE: A proposta do Ceará é do Icasa?

André Neles: Isso. Já fizeram contato comigo. O Icasa caiu para a Série C, o que não deveria ter acontecido, mas, enfim... Vamos ver se a gente consegue fazer um bom ano para o time subir de novo, até porque participei da campanha do acesso para a Série B em 2012. É um clube que sempre me procura. O presidente é meu amigo, e tenho um carinho especial por eles. Ainda vou decidir se vale a pena voltar para lá ou ir para São Paulo, que dá uma visibilidade maior, mesmos sendo na A2.







14646 visitas - Fonte: Gazeta Esportiva

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