A distância para o primeiro lugar chegou a ser de 13 pontos, o que fez o Palmeiras definir a conquista de 2023, a 12ª do Brasileiro na história do clube, como uma “ Virada Heroica ” – remetendo a outros momentos marcantes dos 109 anos alviverdes, como a Arrancada de 1942.

A ESPN ouviu diferentes pessoas do dia a dia palmeirense, incluindo jogadores e o próprio Abel Ferreira, para entender como foi possível seguir acreditando que o título era possível – e acabou conquistado.

Tudo começou com um simples jogo de tabuleiro. Todo ano, Abel escolher um tema para representar o ano do Palmeiras. Em 2022, por exemplo, havia sido o ludo; para 2023, o “ Monopoly ” – que, no Brasil, é mais conhecido como “ Banco Imobiliário ”.

Em termos de conceitos, Abel queria constância, fome do time, para acumular conquistas – como quem ganha territórios no jogo. O desafio proposto pelo técnico é o time avançasse casas com vitórias, simulando o objetivo principal de “ Monopoly ”.

O jogo, inclusive, foi utilizando durante preleções da equipe antes das partidas. O técnico exibia uma espécie de tabuleiro no telão, no qual apareciam objetivos para o Palmeiras. A ideia ali era manter o time trabalhando na filosofia do jogo a jogo, se preocupando menos com rivais.

É que, enquanto tentava motivar a equipe internamente, Abel também estava de olho no Botafogo. E ele sempre acreditou que os cariocas não conseguiriam manter no segundo turno a história campanha realizada no primeiro. O português sabia que os alvinegros ainda não tinham tido nenhum período de instabilidade, algo normal na competição, e esse poderia ser um fator chave na briga pelo título.

“ Muita água ainda vai passar por baixo desta ponte ”, foi a frase que o técnico disse a seus jogadores no dia a dia, com a convicção que havia tempo para que o Palmeiras se recuperasse e brigasse pelo título.

Isso, claro, do vestiário para dentro. Nas entrevistas à imprensa, Abel repetia quase que semanalmente o discurso de que o título dificilmente escaparia das mãos do Botafogo, rasgando elogios à campanha do Glorioso – mas, ele sabia, colocando o peso nas costas do rival.

De acordo com pessoas escutadas pela reportagem, nem mesmo as eliminações na Copa do Brasil e na CONMEBOL Libertadores abalaram o plano do treinador, que seguia acreditando na possibilidade de conquistar o Campeonato Brasileiro.

Jogadores, contudo, foram sinceros e admitiram que parte do elenco duvidava que seria possível alcançar o objetivo. Tudo mudou, porém, justamente no confronto contra o Botafogo, no Rio de Janeiro. Após uma heroica virada por 4 a 3 após estar perdendo por 3 a 0, o Palmeiras entrou de vez na briga.

Do primeiro para o segundo tempo, vale ressaltar, Abel teve papel importante, diante de jogadores já cabisbaixos com a derrota. O técnico preferiu não fazer cobranças mais fortes ao desempenho, mas pediu que seus jogadores voltassem para fazer algo melhor do que nos 45 minutos iniciais – nas palavras dele, seria “impossível” jogar pior do que haviam jogado até então.

Após a vitória, o elenco se fechou de vez, e nem mesmo a derrota por 3 a 0 para o Flamengo , também no Rio de Janeiro, abalou a confiança do grupo, que embalou cinco partidas sem derrotas, com três vitórias e dois empates, conquistando, assim, o 12° título brasileiro da história do Palmeiras.