O Palmeiras pecou.
O ano do centenário alviverde chega ao fim de um jeito que nem o mais pessimista torcedor poderia imaginar.
Os motivos que levaram o clube a um final de temporada dramático passam por graves erros, falhas de conduta que trazem consequências, às vezes, irremediáveis.
São os 7 pecados capitais.
- LUXÚRIA: Um ano, três técnicos.
Desde que assumiu o Palmeiras, Paulo Nobre queria ser diferente. Depois do contrato por produtividade, o presidente apostava em um técnico estrangeiro como chave do sucesso de um cenário viciado com os mesmo nomes.
Gilson Kleina começou 2014 respaldado pela campanha tranquila na Série B de 2013.
É bom que se diga que, antes disso, o Palmeiras não escondeu de ninguém que foi a Argentina atrás de Marcelo Bielsa.
Com a negativa de "El Loco", Kleina foi mantido.
No total ele fez 105 jogos, com 56 vitórias, 20 empates e 29 derrotas. Pesou contra o treinador cinco eliminações acumuladas desde que assumiu o clube: duas vezes no Paulistão (2013 e 2014), Sul-Americana, Copa do Brasil e Taça Libertadores.
Para substituir Kleina, Paulo Nobre mais uma vez tentou fugir do lugar comum. Começou a entrevistar candidatos a vaga.
Foi a Argentina buscar Ricardo Gareca, contando a pausa para a Copa do Mundo como período ideal para adaptação do ex-comandante do Vélez.
Gareca chegou negando a lenda de que não gostava de verde. Indicou quatro compatriotas e tentou aprender a falar português. De nada adiantou.
No Brasileiro, o argentino conquistou apenas uma vitória. Quatro pontos em 27 possíveis.
O verde não lhe cabia.
Parecia caber para alguém que nasceu com o sangue da velha Academia. Dorival Junior chegou referendado pelo tio Dudu. Ao final do Brasileiro, seu retrospecto, porém, não justificou a mudança.
Até a última rodada do Campeonato, o técnico somava 22 pontos em 53 possíveis. E uma incrível sequência de cinco derrotas consecutivas, com apenas um gol marcado neste período.
Gilson Kleina foi o primeiro técnico do Palmeiras na temporada
- AVAREZA: A perda de Kardec
Alan Kardec era o cara do Palmeiras. Artilheiro, líder de um time que navegou tranquilo na série B. Ainda por cima usava a 14. A camisa indicada por seu presidente, com o mesmo número dos carros guiados por Paulo Nobre em seus tempos de "Palmeirinha" no rally.
A renovação era dada como certa no início do ano.
Até que a razão econômica se sentou a mesa. Aumenta dali, cede daqui, ganha mais acolá e deixa de ganhar aqui.
Cinco mil reais da discórdia.
O valor era uma pechincha, e o São Paulo logo se mostrou disposto a pagar.
Em meio a um centenário cheio de incertezas, o Palmeiras perdia seu principal jogador.
Pior: para seu rival e vizinho de muro.
Atacante Alan Kardec deixou o Palmeiras
- GULA: Ricardo Gareca e a tropa argentina.
O técnico era novo. Tinha em seu currículo um trabalho de longo prazo e de bons resultados no Vélez. Mas faltava alimentar o treinador.
O Palmeiras logo se prontificou a dar aquilo que Gareca queria: jogadores que o conheciam. Numa mesma levada, quatro Hermanos deixavam o clube ainda mais com sotaque espanhol: Tobio, Allione, Mouche e Cristaldo chegaram indicados pela comissão técnica.
O treinador se foi, mas os longos contratos firmados com os jogadores os mantém a disposição do clube.
O zagueiro Tobio é o que mais atua. Porém, nenhum se firmou a ponto de deixar a torcida saudosa, caso estes quatro reforços tivessem acompanhado o professor demitido.
Ricardo Gareca: não deu certo
- SOBERBA: Goleiros instáveis.
"O Palmeiras é o maior formador de goleiros do Brasil". A frase anterior valia até o início de 2014.
Depois da aposentadoria de Marcos, o clube precisou passar por cima de seu orgulho e contratar um experiente para a posição.
E quando não teve Fernando Prass, lesionado no início do campeonato, o time sofreu com a irregularidade de Fábio, Bruno e Deola.
Até o desconhecido, mas experiente, Jailson, chegou no final da temporada.
Fábio: várias falhas ao longo do campeonato
- VAIDADE: Paulo Nobre
Paulo Nobre escuta, não ouve. A definição é de quem transita no escritório do presidente do Palmeiras.
A negociação frustrada com Kardec é símbolo do jeito centralizador de Nobre: enquanto seus representantes tratavam com o staff do jogador, havia otimismo na permanência do atacante.
Ao tomar frente das tratativas, Nobre bateu o pé. Fez sua vontade permanecer. O resultado todo mundo sabe.
Paulo Nobre nunca cedeu e, em um ano, rompeu com torcida, construtora do estádio e com a qualidade do time.
Paulo Nobre, presidente do Palmeiras
- PREGUIÇA: Valdívia.
Se tudo tivesse corrido como a diretoria do Palmeiras planejou, Valdívia não era a aposta da salvação alviverde na última rodada.
Neste momento ele estaria desfrutando de alguns milhares de dólares pagos pelo Al Fujairah;
Sem o acordo financeiro, um pulo na Disney sem dar notícias a seus empregadores entrou no roteiro do chileno.
Até que o Palmeiras tardiamente percebeu: era o time quem precisava (e muito) do jogador. Não o contrário.
E ele sabe muito bem disso.
Valdivia: desfalcou o time por conta de lesões
- IRA: Contratações duvidosas
Paulo Nobre fez de tudo para tirar o rótulo do "bom e barato", eternizado nos tempos de Mustafá Contursi no clube.
O termo da moda é "contrato por produtividade".
Desta forma, Lucio, Bruno César, França, Bernardo e alguns célebres desconhecidos chegaram ao clube inchando o elenco.
Folha salarial controlada, qualidade duvidosa.
O Palmeiras 2014 entra para a história como um dos piores times formados em 100 anos.
Sobra ira para a torcida.
'Bruno César: uma das várias contratações para a temporada
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