O Palestra voltou, mas o Palmeiras ainda está em obras

8/12/2014 13:21

O Palestra voltou, mas o Palmeiras ainda está em obras

O Palestra voltou, mas o Palmeiras ainda está em obras

Não se comemora a salvação e apenas o 16º lugar em 20 clubes. Mas sempre se celebra o Palmeiras campeão do Século XX em qualquer lugar.



Já voltamos ao Palestra. Agora só falta voltar a ser Palmeiras.



Em 21 de abril de 1917, o Internacional paulistano perdeu por 5 a 1 para o Palestra Italia que, pela primeira vez, atuava no Parque Antarctica.



Em 13 de agosto de 1933, o Stadium Palestra Italia ficou pronto. O time da casa goleou o Bangu por 6 a 0. Gabardo anotou o primeiro gol da casa enfim reformada.



Em 7 de setembro de 1964, Ademar Pantera fez o primeiro gol dos 2 a 0 contra a Esportiva de Guaratinguetá, no jogo que marcou a inauguração do Jardim Suspenso do Palestra Italia.



Em 7 de dezembro de 2014, de pênalti, Henrique empatou o jogo contra o Atlético Paranaense. Foi o primeiro gol oficial do Palmeiras no Allianz Parque. Ademir da Guia, também de pênalti, na mesma meta de fundo, havia marcado o primeiro do novo estádio, na festa de despedida do Divino, em jogo de Palmeiras x Palmeiras (o que, no fundo, é sempre assim: somos sempre nossos maiores adversários…).



Oficialmente, o Sport havia inaugurado o telão do estádio, com dois gols, no jogo de estreia, em 19 de novembro. O terceiro gol do Allianz Parque também havia sido de visitante, do zagueiro Ricardo Silva, do Furacão, no segundo jogo, válido pela manutenção do Palmeiras como time de primeira, em 7 de dezembro de 2014.



Henrique fez o dele na sequência, empatando o jogo. Fernando Prass evitou pelo menos uns quatro gols paranaenses. Na segunda etapa, o Palmeiras teve mais chances, mas as perdeu quase sempre de modo bisonho como o time, o pior em 100 anos de Palestra, o mais feio em 97 anos em que o clube joga no campo do Parque Antarctica.



Nunca o Palmeiras perdeu tantos jogos em uma temporada em que termina sofrendo mais gols que marcando…



Em que o torcedor sofreu com os pavorosos resultados e o horrendo futebol desde a Copa do Mundo…



Por isso o gol mais celebrado em dois jogos do Allianz Parque foi de um rival, nem foi o histórico de Henrique.



Quando Thiago Ribeiro fez 1 a 0 pro Santos no Barradão, lágrimas de alívio escorreram pelo estádio – e pelo estúdio do Fox Sports.



Nunca se celebrou tanto um gol do adversário como aquele do Santos contra o Vitória.



O Palmeiras já havia empatado contra o Atlético Paranaense, jogo terminado dois minutos antes. O empate na Bahia já salvava o Palmeiras, como o empate do Bahia contra o Coritiba (que acabaria vencendo o jogo). Mas o gol do Santos garantia de vez a permanência na primeira divisão. Mais um daqueles tantos gols que no semestre da celebração do centenário alviverde o palmeirense comemorou pelos outros. O Palmeiras em 2014 não foi refém do centenário. Ficou em cativeiro celebrando numa quarta-feira gol da Chapecoense e, no domingo, do Figueirense. Uma rodada o Palmeiras era Corinthians. Na outra, Fluminense.



Quando não foi mesmo Criciúma, Botafogo, Vitória e Bahia, times que conseguiram a inefável proeza de serem mais falíveis e tecnicamente falidos que o Palmeiras de 2014.



Torcer para esse Palmeiras jogar futebol, fazer gols, não os tomar, não era martírio. Era impossível.



Os poucos gols marcados pelo time no segundo semestre de 2014 causaram mais espanto que felicidade, mais alívio que alegria. Parecia um milagre a bola entrar no retângulo branco do outro lado da meta alviverde.



Parecia destino o Palmeiras tomar um gol desde a Copa do Mundo. Não era “gol da Alemanha” da piada. Era “gol contra o Palmeiras” na tragédia anunciada.



Qualquer tiro de meta de adversário era perigo para os times de Gareca e Dorival Júnior, passageiros nessa agonia. Contra o Cruzeiro, em BH, o belo gol de Cristaldo foi um achado. Ou foi o Mouche? Não lembro. São tão poucos os gols… O gol de empate de Dagoberto no finalzinho nem doeu tanto. Era esperado, mais que esperneado. E foram tantos levados no fim dos jogos…



Doeu o chute pra fora de Danilo que bateu em Juninho e empatou o Dérbi no Pacaembu, no finalzinho do jogo seguinte. Mas era outro lance que se esperava no Palmeiras:



- Não sei como, mas vamos tomar um gol!



Era a sensação pelo mau futebol jogado, treinado, organizado, planejado.



Foi assim em 2014.



E sem contar os últimos tantos anos desde a primeira queda, em 2002. Ou antes da Parmalat, em 1992.



Os bons e maus velhinhos do conselho palmeirense têm razão quando dizem que, se agora tudo dá errado no Palestra, eles fizeram tudo certinho para o time que tanto venceu desde 1920. Mas que parece perdido em algum buraco verde do espaço e do tempo.



Não sei se é sapo enterrado nas catacumbas da galeria de esgoto de Perdizes ou sapo-boi muito vivo nas galerias de troféus da Turiaçu. Mas tem algo de podre e de pobre no reino da Água Branca e verde.



A receita diminuiu e a dívida aumentou na gestão de Paulo Nobre. A economia, os negócios do futebol e a Copa levaram a essas contas. Mas o cofre está menos vazio também pelo que a pessoa física do presidente injetou nas faturas que não fechavam das outras administrações: das que tentaram e foram infelizes gastando muito (Belluzzo) àquelas que gastaram ainda mais para conquistar ainda menos (Tirone).



Vai ter mais dinheiro para 2015. Ainda que com novas dívidas (com menores e melhores juros) tenham sido contraídas com o próprio presidente reeleito. O que não é bom. Apesar do prazo de pagamento mais longo.



Nobre errou ao contratar 37 jogadores e ter um time (sic) ainda pior que aquele que ele recebeu rebaixado. Havia como entender a negociação de Barcos – mas não tolerar os quatro nomes que vieram, e um que não veio. Não há como compreender a perda de Alan Kardec para o rival do modo como foi. Tinha até de vender Henrique pelo que foi pago – mas justo em ano de Copa? Meses antes de ele ser valorizado como jogador de Seleção que seria convocado? Aliás, repetindo o que aconteceu com Pedrinho, lateral vendido ao Vasco, em 1982, meses antes do Mundial da Espanha…



Não tinha como pagar tanto por tão pouco futebol de tantos nomes contratados em dois anos de gestão. E muitos deles que jamais poderiam chegar nem perto do Palmeiras centenário – ou, no máximo, serem titulares apenas pelo futebolixo apresentado pelo Palmeiras no ano do centenário.



Não tinha como ficar sem marketing e diretor no final do ano de celebração. Não tinha como pedir o que foi pedido pelo patrocinador master. Não tinha como Brunoro errar o que errou. Não tinha como achar tantas vezes que investimento é gasto – como se fosse Mustafá. Não tinha como gastar muito mais do que tinha – como se fosse Belluzzo. Não tinha como deixar o time com veteranos além de rodados ou moleques ainda muito verdes – e não na melhor acepção. Não tinha como lançar tantas camisas do centenário e ninguém com qualidade para vesti-las.



E também não precisava jogar tão pesado na reeleição…



E também não precisava a oposição lançar um candidato como Pescarmona…



Tinha de brigar tanto com os maiores parceiros que o clube tem agora, como W/Torre e Allianz? Ainda que tenha algumas razões, não é motivo para levar a questão com tanta emoção e personalismo para a arbitragem.



Conheço Paulo Nobre há 17 anos. É meu amigo. Já me ajudou muito como enorme palmeirense que é. Do filme que acabei de lançar em DVD é dos maiores entusiastas, ajudando muito na produção – mesmo antes de ser candidato à presidência.



Foi Paulo Nobre quem ajudou a celebrizar a frase famosa do meu pai a respeito da nossa paixão em comum, escrevendo-a no vestiário antigo do Palestra, em 2008. Frase dita por Joelmir Beting justamente na apresentação do acerto entre Palmeiras e W/Torre…



O Palmeiras está acima de nós e das amizades. O presidente não pode ter muitos amigos e nem muitos inimigos. Ele defende além da conta os que gosta, e detona além das faturas quem não gosta. Também nisso pode e deve melhorar no segundo mandato.



Para evitar que se reveja no Palmeiras o pior futebol que vi em 42 anos de estádios e estúdios. Aquilo que bem definiu o Mago que, desta vez, não sumiu:



- Uma vergonha!



Disse bem Valdivia. Um que foi vendido, não foi mais, foi pra Disney e, quando conseguiu jogar, foi o que enfim se espera de um camisa 10 de um time ruim. E foi ainda mais para a história quando jogou infiltrado, com proteção na perna, e com uma raça nunca antes vista nele, na última partida do campeonato.



Pena que Valdivia não conseguiu fazer com que Wesley, aquele contratado pela vaquinha que foi pro brejo, tivesse um mínimo de vontade. Uma pena. Um jogador que pode ser volante, pode ser meia, pode ser atacante, pode ser lateral, e, em 2014, nada pôde.



Mais ou menos como o time. O trabalho da diretoria. Tudo. Ou o nada que foi esse centenário.



Que venham os próximos 100 anos.



Depois da reforma do Palestra, é preciso reformar o Palmeiras.







6879 visitas - Fonte: Mauro Beting/Lancenet!

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