Dorival Júnior não quer mais saber se assumir time ameaçado (Foto: Reprodução SporTV)
Demitido do Palmeiras na segunda-feira, um dia após a equipe se salvar do rebaixamento no Campeonato Brasileiro, Dorival Júnior está chateado com a diretoria alviverde. O técnico, que foi contratado em setembro, disse que só aceitou o desafio de tirar o time da degola porque recebeu como garantia do presidente Paulo Nobre sua permanência em 2015. Ele tinha contrato até o meio do próximo ano.
- Cheguei num momento em que não tinha mais tempo para contratações e nem para treinos, com jogos de quarta-feira e domingo. Por isso, antes de discutir valores com o Palmeiras, disse que se quisessem meu trabalho apenas para os jogos finais eu não seria o nome indicado. Falei isso três ou quatro vezes para o Genaro (Marino, vice-presidente), (José Carlos) Brunoro (diretor-executivo), Omar (Feitosa, gerente de futebol) e até para o presidente. Eles colocaram que não poderíamos cair de nenhuma maneira e que depois haveria um planejamento para 2015, quando eu teria condição de corrigir o que aconteceu em 2014. Para enfrentar uma situação que não seria fácil, tive essa garantira de que continuaria.
Dorival acredita que se tivesse tido a oportunidade de começar o próximo ano à frente do Palmeiras, conseguiria montar uma equipe competitiva. Nesta temporada, depois que assumiu o time, ele só recebeu dois jogadores novos: o goleiro Jailson, do Ceará, e o volante Washington, do Joinville.
- Falei várias vezes a eles que se não fosse dessa maneira (permanência em 2015), estaria correndo um risco e não seria saudável nem para minha carreira e nem para o clube. Disse que não gostaria de ir para o Palmeiras para ser bombeiro. Até porque, se buscar todos os trabalhos que realizamos, se tem um ponto que destacaria é justamente a montagem de elenco. Quando consegui fazer esse tipo de trabalho alcancei resultados.
Quando chegou ao clube, após a saída do argentino Ricardo Gareca, Dorival encontrou o Palmeiras na 16ª colocação, com 17 pontos em 18 jogos. Ele até alcançou uma série de bons resultados até a vitória sobre o Bahia, na 32ª rodada. A seis rodadas do fim, o Verdão precisava de uma vitória para se salvar do rebaixamento, mas acumulou cinco derrotas e um empate em seis partidas. O técnico acredita que a queda de rendimento se deve à ausência de Valdivia, que foi para a seleção chilena e voltou machucado.
- Tivemos ali o Fernando Prass fazendo defesas importantíssimas, os garotos que deram sustentação, mas o Valdivia nos fez muita falta. Além de dar consistência ao time, sua liderança era fundamental.
Apesar das declarações públicas do atacante Mouche, descontente com a reserva, Dorival nega qualquer tipo de problema com o elenco e destaca a promoção dos garotos da base como principal legado que deixa ao Palmeiras. No último jogo, contra o Atlético-PR, o Verdão teve entre os titulares cinco atletas formados pelo clube - os laterais João Pedro e Victor Luis, o zagueiro Nathan e os volantes Renato e Gabriel Dias.
- Se tem um cara que gosta de dar oportunidade para a base sou eu. Depois de muitos e muitos anos sem revelar ninguém, o Palmeiras teve até cinco jogadores das categorias de base no time. São jogadores promissores e com uma bela carreira pela frente. Mesmo com toda a situação delicada, eles foram valorosos e se entregaram bastante - disse.
Após dois rebaixamentos, com Vasco e Fluminense, em 2013, Dorival diz que não se arrepende de ter assumido o Palmeiras, mas agora irá pensar duas vezes antes de fechar com uma equipe que esteja lutando para não cair de divisão.
- Não me arrependo de maneira nenhuma. Esses dois últimos anos foram importantes porque nesses momentos o ser humano cresce. Mas pensaria muito daqui para frente. Não seria mais uma situação que me pegaria facilmente, a não ser que tivesse uma segurança muito grande.
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