Ex-gerente conta bastidores e lista erros do Palmeiras no centenário

11/12/2014 10:29

Ex-gerente conta bastidores e lista erros do Palmeiras no centenário

Para Omar Feitosa, saída de Alan Kardec teve influência no vestiário alviverde, e pesou nos problemas da temporada, assim como a chegada de Gareca na hora errada e falhas no elenco

Ex-gerente conta bastidores e lista erros do Palmeiras no centenário

Omar Feitosa trabalhou durante dois anos como gerente (Foto: Leandro Martins/Futura Press)



Durante os dois anos de trabalho no Palmeiras, Omar Feitosa teve de lidar com muitas críticas internas. Gerente de futebol no primeiro mandato de Paulo Nobre, o então funcionário alviverde foi demitido na segunda-feira, como parte da reformulação para 2015 - Cícero Souza assumiu o seu lugar.



Após limpar sua sala na Academia de Futebol e já desligado do clube, o demitido conversou com o LANCE!Net e fez um balanço sobre sua passagem no Verdão. Além de admitir erros na montagem do elenco, ele listou outros dois problemas no centenário: a saída de Alan Kardec, com reflexos até no vestiário e a contratação na hora errada de Ricardo Gareca, que sofreu até para adaptar seus treinos no Brasil.



Aliviado por evitar o terceiro rebaixamento do clube em 12 anos, mas surpreso com a saída neste momento, Omar ainda respondeu sobre possíveis problemas de vestiário que possa ter tido, eximiu José Carlos Brunoro da culpa pelo elenco do segundo semestre e lamentou pela fragilidade financeira que atrapalhou o Palmeiras em negociações durante 2014.



CONFIRA A ENTREVISTA COM OMAR FEITOSA:



L!Net: Houve alguma justificativa do Palmeiras por sua demissão?



Não, nada objetivo, apenas uma necessidade de reestruturação.



Considera justas as críticas que você e o Brunoro receberam pela montagem do elenco que lutou até a última rodada para não cair?

O Brunoro, depois da demissão do (Gilson) Kleina (em maio), não tem culpa de nada. Ele estava fazendo uma parte operacional em outras áreas, porque saiu o cara do marketing (Marcelo Giannubilo), e ficou mais afastado. Eu assumo a responsabilidade, junto de todos que estavam comigo. Mas evidente que em relação a contratações, permanências, estávamos muito frágeis para competir com outros clubes financeiramente.



Como isto atrapalhou?

Depois de subir, em 2013, perdemos uma espinha dorsal importante. Tentamos reestruturar, e fizemos um time forte, com Marquinhos Gabriel, William Matheus, mas fomos perdendo jogadores, porque estávamos frágeis e quando era para exercer opção de compra, não pudemos fazer isto.



Incomodou o fato de você não ter tido muita autonomia para trabalhar, como em negociações?

Eu não quero ficar justificando, até porque não quero ser leviano, nem covarde neste sentido. Tudo que aconteceu dentro do Palmeiras, se aconteceu e eu permaneci, foi porque aceitei como as coisas foram colocadas. Eu me sinto responsável, porque cometemos erros estratégicos.



Quais erros?

O primeiro, e que teve repercussão muito maior do que imaginávamos foi a saída do Alan Kardec (para o São Paulo).



Como isto influenciou no vestiário?

No abatimento dos atletas, na perda de confiança. Se o artilheiro saiu, o que eles iriam pensar quando fossem sentar para negociar? Isso refletiu, pois ele era a referência, como atleta e como pessoa, de convívio muito agradável. E em campo era uma liderança técnica. Refletiu de forma negativa e em uma dimensão maior do que imaginávamos.



Quais foram as outras falhas?

Trazer um treinador estrangeiro naquele momento (Ricardo Gareca, após a demissão de Kleina). Ponderamos se a diferença cultural, de idioma, a necessidade de um conhecimento profundo daqui poderia não haver tempo suficiente, mas eu pessoalmente o entrevistei na Argentina. Vi nele uma metodologia muito boa, usa muitos vídeos para corrigir erros, com uma comissão técnica experiente, alguém vencedor no Vélez (ARG). Ele veio, teve cinco jogos para observar o time, e o preparador físico e seu auxiliar trabalhando internamente. Ele neste período detectou as posições que precisava reforçar. Teve pouco mais de 30 dias de treino, e o Alberto (Valentim, auxiliar) passou com o restante da comissão permanente todos os detalhes do elenco. Julgamos que o tempo daria para ele se adaptar, mas hoje vemos que não foi suficiente. E isto não significa que ele é incompetente. Eu percebi no dia a dia que havia dificuldade para lidar com sempre ter jogos quarta e domingo, para adaptar os treinos. Se você não tem o traquejo de como funciona aqui (o futebol), atrapalha, traz um prejuízo. Para trazer um estrangeiro que não trabalhou aqui, tem de dar um prazo muito grande, e não pode ter cobrança, além do time ser muito bom, para dar resultado. Ou o técnico ser um nome muito bom, que por si próprio sustente uma sequência negativa. Futebol brasileiro tem características muito específicas.





Omar Feitosa com Gilson Kleina e sua comissão na Academia (Foto: Miguel Schincariol)



E na montagem do elenco, houve algum tipo de erro?

Apostamos em alguns atletas tecnicamente bons, mas que não obtiveram a forma técnica, física e emocional que queríamos. E isto infelizmente acontece.



Quais jogadores tiveram problemas deste tipo?

Prefiro não citar os nomes, mas teríamos que ter olhado melhor o mercado e observado o que o Palmeiras precisava, buscar um cara pronto. Trouxemos atletas de outros mercados que não estavam no ritmo de competição. Além disto ainda tivemos problemas que fogem do nosso poder, como a ida do Valdivia para a seleção quando estávamos em um momento bom, ele, excelente, e na volta tivemos problemas para recuperar da sua lesão. E em outros jogos faltou um pouco de sorte.



Internamente um dos motivos de críticas era de que você não se dava bem com o elenco. É verdade?

Meu relacionamento com os atletas era muito bom. Se é que houve alguma coisa, talvez tenha sido ano passado, uma ou outra rusga, porque não se faz futebol sem rusgas. Mas o principal é ter o controle da situação, preservar a hierarquia. Vários trabalharam comigo antes (quando Omar era preparador físico). Se isto surgiu, foi maldade de alguém, talvez até de alguém insatisfeito ou de alguém que está próximo, mas não no vestiário e não sabe como as coisas acontecem realmente.



Não teve nenhum problema no vestiário, então?

Não. Em um momento no ano passado queríamos ficar com os jovens para o Gilson avaliá-los, como o Victor Luis, o Renato, e ele (Kleina) tentou oportunizar isto, ficar com o vestiário mais cheio. Alguns mais experientes ficaram um pouco incomodados, mas nunca tivemos problemas sérios, o ambiente era muito saudável. Este ano trocamos quatro vezes de treinadores - Gilson, Alberto (interino), Gareca e Dorival. E não tivemos problemas sérios como em 2012, de briga no vestiário, nada disto. No vestiário também se vazou menos coisas, os atletas foram muito profissionais.



Ficou alguma mágoa pela demissão?

Não, eu fiquei um pouco surpreso, porque eu estava neste momento muito melhor, muito mais adaptado do que quando cheguei, mas só tenho a agradecer ao Palmeiras e ao Paulo (Nobre), que é meu amigo e me abriu uma chance em uma função que eu não exercia.





Recém-demitidos, Omar e Brunoro conversam com o elenco, ainda com Barcos, Henrique, no início de 2013 (Foto: Divulgação)

















15114 visitas - Fonte: Lancenet!

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