Xerifão família: Nathan relembra passado e quer vida nova no Verdão

Revelação da base se divide nas funções de filho, namorado, "pai" e titular da defesa do Palmeiras. Após realizar sonhos, ele fala em conquistar títulos no próximo ano

Nathan foi uma das peças que subiu da base e, mesmo com a situação complicada, mostrou potencial (Foto: Felipe Zito)



A temporada de 2014 marcou a vida do jovem zagueiro Nathan. Formado na base do Palmeiras, o jogador vivia rotina de treinos e jogos na equipe sub-20, mas sempre sonhando com uma oportunidade profissional e, principalmente, com dias melhores para a sua família.



Um dia, após passar próximo ao novo estádio do clube e comentar com amigos que não via a hora de poder jogar no mesmo palco que viu em 2008 o Verdão ser campeão paulista, a chance inesperada apareceu: um convite para treinar no elenco então comandado por Ricardo Gareca.



- Eu vinha para torcer, vi o título de 2008. Naquela fase não pensava em jogar aqui. Sonhava, claro, mas não tinha isso muito fixo na minha mente. Aos poucos isso foi se tornando real. Certa vez, falei para o segurança da base que eu ia jogar aqui. E no dia seguinte fui chamado para treinar no profissional. As coisas aconteceram rápido - conta o jogador.



A transformação foi rápida. Depois do primeiro treino, nem mesmo a mudança na comissão técnica serviu para adiar o início da vida profissional de Nathan. E foi após a estreia contra o Fluminense, no Maracanã, que tudo começou a mudar na vida do zagueiro.



- Eu era um cara atrás de vários sonhos. Em setembro realizei quase todos. Sempre quis ser jogador profissional do Palmeiras, ser titular, ter meu espaço, ter reconhecimento. Consegui conquistar e realizar esses sonhos - diz o atleta, que cita sua renovação com o Verdão até 2018 como um recomeço para sua família.



- Minha família passou por uma situação chata, de dívidas e penhora de casa, carro. Foi um momento difícil. Essa renovação veio na hora certa. A gente está pagando as dívidas que tinham, se organizando direito para começar uma nota etapa - completa.



Apesar de ter 19 anos, Nathan é praticamente o "homem da casa". O palmeirense evita falar do pai, apenas ressalta que é assim que ele se sente para o irmão mais novo, Thiago, de dez anos. O atleta vive com a mãe e o caçula em São Paulo, enquanto o irmão mais velho, Victor, de 21, joga nos Estados Unidos.



- Me sinto o pai dele. Tudo o que ele gosta de fazer eu faço. Jogo videogame, brinco. Sou uma criança com ele. Em campo sou um xerifão, sei lá, em casa sou o homem da família. São várias funções (risos) - diz.



- Em casa, somos eu, meu irmãozinho e minha mãe. Tenho outro irmão que mora fora. Eu sempre fui o cara que cuidou deles dois. Amadureci muito cedo pelas situações que eu passei e me tornei o homem da família muito cedo. Sempre fui muito focado em ajudar minha família, ser responsável. Eu sempre cuidei de tudo com a minha mãe.



Na infância, Nathan já mantinha rotina intensa antes mesmos de ser um atleta profissional. Na base, o dia era preenchido com treinamento pela manhã, trabalho à tarde e estudo à noite, situações que o fizeram amadurecer antes do previsto.



- Nós passamos por um momento que não esperávamos. A vida me fez amadurecer rápido pelas situações que eu passei, acho que o Palmeiras me fez amadurecer dentro de campo também pela situação que o time estava - afirma.





Nathan se firmou na zaga e certamente terá vaga entre os titulares na temporada de 2015 (Foto: Felipe Zito)



Lutar para evitar o rebaixamento do Palmeiras foi a primeira grande dificuldade da curta carreira de Nathan no futebol. Mesmo com pouca idade e sem nenhuma experiência entre os profissionais, o jovem não decepcionou, tanto que se manteve na equipe titular até o fim e chegou até colocar o pentacampeão Lúcio no banco, no clássico contra o Corinthians, no segundo turno.



O status de revelação do Verdão já mudou a rotina do atleta. Os passeios tranquilos ao lado da namorada agora ganharam a companhia de torcedores fanáticos. O apoio da arquibancada, aliás, é um dos fatores apontados pelo atleta como de maior incentivo durante a dura trajetória contra a Série B nos últimos meses.



- Não sou muito de sair, não. Mas nas vezes em que eu saio o pessoal reconhece, dá uma força, um apoio. É bem legal, estou curtindo bastante.



Na última rodada do Brasileirão, o Palmeiras enfrentou o Atlético-PR com cinco jogadores formados pela base alviverde entre os titulares. E se depender da vontade de Nathan, esse número pode aumentar em 2015. O zagueiro ressalta a boa preparação dos jovens talentos e aposta em dias melhores no Verdão.



- Com a leva que veio, formada por Gabriel Dias, João Pedro, Victor Luis, Renatinho e com o Gabriel Fernando, que também está estourando, posso dizer que conseguimos abrir as portas. Agora vão começar a olhar mais pra base. A torcida apoiou bastante e isso foi muito importante. Não subimos no momento certo, mas demos conta do recado. E ainda tem muita gente boa na base que vai subir - cita.



- A dificuldade tornou a gente melhor. Em 2015, vamos começar tranquilos e com mudanças. Essas dificuldades vão valer a pena. No ano que vem só vamos ter alegrias, se Deus quiser - completa.



Palmeirense desde a infância, Nathan evita misturar o sentimento de torcedor com o de atleta profissional. Tudo para que sua estrutura emocional, apontada por ele como uma das suas principais características, não fique abalada dentro de campo.



Mas ele não nega seu sonho de ver uma foto sua ao lado do ídolo Marcos nos vestiários do novo estádio, comemorando um título.



- É o que eu mais quero hoje. Eu já venho realizando meus sonhos. O mais próximo agora, já que saímos dessa situação difícil, é ganhar um título e deixar meu nome na história do Palmeiras - finaliza.





Nathan atende a um torcedor do Palmeiras no gramado da Arena Palmeiras (Foto: Felipe Zito)

4788 visitas - Fonte: Ge

Mais notícias do Palmeiras