José Carlos Brunoro deixou o Palmeiras bastante criticado (Foto: Reginaldo Castro/LANCE!Press)
Fora do Palmeiras há uma semana, José Carlos Brunoro listou os problemas que o incomodaram no segundo ano de trabalho na gestão de Paulo Nobre, quem ele diz que precisa amadurecer.
Recém-demitido, o ex-diretor-executivo voltou a lamentar o fato de não ter autonomia, mas mostrou incômodo com a forma de pensa da cúpula, que só queria "não gastar" dinheiro, e decidiu trazer Ricardo Gareca quando o seu favorito era Vanderlei Luxemburgo.
- O Gareca era um cara que agradava todo mundo no clube, então politicamente a vinda dele seria importante para unir mais. Outros tinham rejeição. Eu não dei opinião, porque nem o conhecia. Sempre gostei do Vanderlei e queria ele.
Senti na nossa conversa que ele estava motivado para vir e que poderia dar certo. Sei que ele ficou chateado por fazermos entrevista com ele, mas na verdade o que fomos discutir era sobre comissão técnica e objetivos da equipe - contou Brunoro, em entrevista ao "Estadão".
Durante o primeiro ano da gestão de Nobre, o ex-diretor conta que o futebol era tocado basicamente por ele, o presidente, e o gerente de futebol, Omar Feitosa. No segundo ano, Brunoro lamentou pelo fato de os dois primeiros vices, Maurício Galiotte e Genaro Marino, terem também entrado na discussão sobre o planejamento do time:
- Ficou muita gente para decidir as coisas. Várias vezes eu chegava em casa querendo largar tudo, e deveria ter saído, mas durante toda a minha vida nunca pedi para sair - acrescentou.
Nobre conversa com Brunoro na Academia. Dirigente reclama por ser pouco ouvido no fim (Foto: Reginaldo Castro)
Entre as posturas que incomodaram Brunoro estavam o alto valor pedido para acerto com um patrocinador master (entre R$ 25 e R$ 30 milhões), que não apareceu durante todo o primeiro mandato, e o fato de Nobre esticar muito as negociações, tornando-as novelas, como no caso de Alan Kardec, que foi para o São Paulo. Brunoro, por exemplo, chegou a acertar a renovação do camisa 14, mas o pedido do presidente em diminuir a oferta em R$ 5 mil atrapalhou o acordo.
- Eu não concordava com o preço do patrocínio, a gente pedia um valor muito alto e não aceitava reduzir. Discordava na demora na hora de acertar um contrato, porque tudo virava novela.
E tem algumas coisas que na visão da diretoria eram consideradas custo, e eu via como investimento. Por exemplo, a categoria de base. Queriam cortar custos na base e eu achava que tinha de investir mais, pois teríamos retorno. Essas situações foram difíceis colocar na cabeça das pessoas.
Acho um absurdo o marketing do Palmeiras trabalhar com três pessoas para atingir 16 milhões de torcedores e sem ter investimento. A única preocupação era não gastar. Tudo para eles era gasto - reclamou.
Demitido junto do gerente Omar Feitosa, Brunoro não fará parte do segundo mandato de Nobre, já que sua função foi extinta, e o clube preferiu buscar um diretor só para o futebol - Alexandre Mattos, do Cruzeiro. Para ter sucesso e evitar os problemas de 2014, o ex-membro da cúpula diz que o presidente precisa amadurecer, e ouvir as pessoas certas.
- Ele precisa amadurecer. Conversei bastante com ele. O Paulo passou por muita coisa e durante toda a vida teve autonomia para fazer o que quisesse, mas chegou em um modelo político bem complicado.
O Paulo precisa ter equilíbrio e saber que tem muitas pessoas que podem ajudá-lo. Ele só precisa ouvir as pessoas certas e ficar em alerta, porque algumas podem prejudicar o trabalho dele - encerrou.
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