Nenhum palmeirense está tão ansioso para o jogo deste domingo quanto Gilson Kleina. A partida é a mais importante de sua carreira, já que ele pode colocar pela primeira vez o Palmeiras na decisão de um campeonato da divisão de elite e dar mais um passo na disputa para ganhar espaço no futebol brasileiro. E o dia não poderia ser mais emblemático. Neste domingo, ele completa 100 jogos no comando do clube e 46 anos de idade. Os outros 99 jogos que ficaram para trás foram de muita luta e desconfiança, afinal de contas ele chegou ao clube como uma aposta vinda do interior de São Paulo.
No total, foram 54 vitórias, 20 empates e 25 derrotas. Após tormentas como o rebaixamento e as eliminações no Paulistão e Libertadores do ano passado, Kleina conseguiu reconstruir o time. A diretoria do clube entende que ele chegar na decisão do estadual nesse ano seria uma forma de coroar o trabalho que teve início na Série B em 2013.
Para a partida contra o Ituano, o treinador resolveu não mudar o que está dando certo. A ideia é conversar com o grupo e passar confiança, como faz costumeiramente. Ele sempre bate na tecla de que escala e mexe no time dentro de uma coerência e tal postura é reconhecida pelos atletas.
"O regulamento está bem definido em nossa cabeça. Um jogo pode acontecer de tudo e um empate pode levar para os pênaltis. Temos de manter a nossa atitude e nos impor em casa. O que fizemos na primeira fase, tem de ser esquecido, pois, se não atingirmos nosso objetivo, tudo terá sido em vão."
PERMANÊNCIA QUE FEZ A DIFERENÇA
Embora complete apenas 46 anos, Kleina já tem um currículo com passagem por 16 clubes – medianos ou pequenos – e apenas um título, o alagoano em 2006, além, é claro, da Série B do Brasileiro de 2013. Sua permanência nesta temporada, inclusive, é algo que os jogadores colocam como fundamental para o sucesso no estadual.
"Existem algumas situações do futebol que precisam ser tomadas por quem conhece bem o grupo e o Gilson tem feito isso. Ele sabe como cada atleta pode ajudar o time, de acordo com o adversário, e isso faz a diferença", disse Fernando Prass, capitão do time e um dos homens de confiança do chefe.
Kleina diz que não gosta muito de se promover, mas sabe elevar a autoestima muito bem quando questionado sobre o que já fez pelo clube. Por isso, elenca seus principais feitos no Palmeiras. "Temos um grupo comprometido, que dá até gosto de ver. Tivemos várias pequenas conquistas, como resgatar jogadores que estavam no ostracismo e hoje falam deles até na seleção", disse o treinador.
Um fator que ajudou muito para Kleina atingir a marca centenária e ainda conseguir trazer harmonia ao time foi o fato dele ter caído nas graças dos principais jogadores do time, casos de Prass, Valdivia, Wesley e Alan Kardec. “Senão fosse isso, estaríamos mortos”, brincou um membro da comissão técnica.
O Mago, por exemplo, é um que não se cansa de elogiar o treinador, por lhe dar liberdade para jogar como gosta e, principalmente, tempo para se recuperar de suas lesões, algo que ele dizia que não acontecia anteriormente. Coincidência, ou não, o chileno vive sua melhor sequência de jogos desde que voltou ao clube, justamente neste ano.
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