Dos Emirados Árabes, um ex-companheiro de base acompanhou o sucesso recente de Endrick e Beraldo na Seleção de Dorival Júnior. Kaylan Henrique, um desconhecido do grande público, conviveu com a dupla em Palmeiras e São Paulo. Viu de perto a mentalidade dos dois. E, embora jovem, olhou para trás e percebeu onde deixou escapar (ou adiou) a chance de seguir caminho parecido.
O zagueiro de 20 anos admitiu um comportamento agressivo no passado, mas diz que deixou o tempo de "bomba-relógio" para trás e traz reflexões sobre a importância da psicologia aos atletas. Também lembrou os treinos com Beraldo e Endrick, a quem se referiu como um dos "reis do futebol".
Kaylan Henrique passou pelas bases de Grêmio, Palmeiras, São Paulo e Vasco, entre outros, e deixou o país para estrear como profissional no Al Dhaid, dos Emirados Árabes. Uma história incomum, mas que também não foge tanto da realidade brasileira. Mais um jovem que, pelos próprios atos, como ele mesmo reconhece, desperdiçou oportunidades.
No Brasil chegou um tempo que citavam meu nome e falavam: "poxa, um baita jogador, um talento, mas é uma bomba-relógio. É um problema muito grande fora de campo". E não é por noitada ou drogas porque eu não bebo e não fumo, mas por comportamento — relembrou Kaylan em entrevista ao ge. — Eu era muito reativo, acontecia alguma coisa eu já reagia imediatamente sem pensar, e muitas das vezes eu era muito agressivo no falar, no olhar, no agir, então isso me prejudicou bastante.
Ele (Endrick) treinava e parecia que era um profissional que se lesionou e estava se recuperando com a gente. É um nível absurdo. Em todos os termos, chute, proteção de bola, condução... Não sou muito de elogiar outro jogador. Mas, pô, quem é diferente é diferente. Esse cara é surreal. Esse aí é um dos que Deus escolheu para ser nomeado o rei do futebol — apontou Kaylan.
Desde então, Kaylan entende que evoluiu. Melhorou as relações internas e, nos Emirados, recebeu acolhimento. A intenção, inclusive, é defender a seleção do país. Os contatos já foram feitos, embora, claro, seja necessário cumprir o tempo de moradia até conseguir a cidadania.
Eu não aceitava. Eu tratava como se eu fosse um moleque diferente. Quando eles vinham com esse assunto de remédio, psiquiatra e psicóloga, eu achava que eu tinha alguma coisa diferente. E eu falava: "poxa, cara, eu não sou doido". Só que, anos depois, você vê que faz falta e entende — disse Kaylan. — Se eu pudesse voltar, eu aproveitaria todas as consultas. Eu acabei cabulando algumas. Porque eu achava que não fazia diferença. Algumas consultas, depois de muito tempo, fizeram abrir o olho sobre algumas situações em relação a mim mesmo que eu não conseguia enxergar.
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Por isso que muitos talentos não decolaram no futebol e alguns ainda reconhecem as causas do fracasso! Matéria importante para quem quer ser jogador profissional!!