Time sub-20 do Corinthians se prepara para a disputa da Copinha.(Foto: Leonardo Lourenço)
Se há alguém que ainda duvida do "fator casa" no futebol, os times paulistas têm se esforçado para fazer até os mais céticos acreditarem – pelo menos na Copa São Paulo, que iniciará sua 46ª edição no dia 3 de janeiro.
O principal torneio de base do Brasil vive um domínio das equipes do estado que começou em 1999 e se estendeu pelo novo século. Nos últimos 16 campeonatos, 13 taças ficaram nos clubes de São Paulo – apenas Cruzeiro (2007), Figueirense (2008) e Flamengo (2011) furaram essa hegemonia.
Até então, o cenário histórico do campeonato era de muito mais equilíbrio. Em 1998, o Internacional venceu a Copinha e desempatou a disputa a favor dos "forasteiros": era o 15º troféu que uma equipe de fora de São Paulo conquistava.
A partir daí, os grandes do país perderam o posto de principais desafiadores de Corinthians, Santos, São Paulo e Palmeiras (o Verdão, apesar da tradição, nunca venceu a competição) para as equipes do interior paulista.
A força das torcidas, prioridades ou dificuldades de logística são hipóteses levantadas para explicar a atual supremacia.
- Um dos fatores é a preparação. Os clubes paulistas se preparam mais para jogar a Copinha. Outro é a torcida. Alguns jogos dos times grandes do estado têm mais torcedores do que partidas de equipes profissionais de outros lugares – aponta o técnico do time sub-20 do Corinthians, Osmar Loss, que dirige o Alvinegro pelo segundo ano consecutivo – foi vice-campeão em 2014, derrotado pelo Santos.
Diretor das categorias de base no Parque São Jorge, Fernando Alba busca explicação numa linha de raciocínio parecida, mas sem tanta convicção.
- Talvez por jogar no estado, não só pela torcida, mas por estarmos mais acostumados – afirma ele, que vê seu colega de Santos discordar do ponto de vista.
- Não sei se isso interfere (jogar em São Paulo). Nós mesmos vamos para Lins, e não conhecemos muita coisa lá – diz o gerente das divisões amadoras do Santos, Hugo Machado, citando a cidade do interior onde o time ficará sediado na primeira fase.
Eles concordam, porém, que o torneio é o ápice na temporada dos jogadores em formação. E acreditam que essa visão se estende também aos clubes de fora de São Paulo.
- Todos priorizam a Copa São Paulo, jogam com força máxima – diz Alba, que viu o Corinthians, o maior campeão (oito títulos) e sempre favorito, ganhar novas credenciais para reforçar essa posição com as vitórias no Paulista e no Brasileiro sub-20.
- Os outros clubes vêm também com o que têm de melhor. Eles (do Sul, Minas Gerais e Rio de Janeiro) são muito estruturados, historicamente – complementa Machado, que buscará um inédito tricampeonato com o Santos, vencedor em 2013 e 2014.
Santos é o atual bicampeão da Copa São Paulo (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)
Apesar do cartel corintiano, Loss enxerga seu clube com estrutura defasada se comparado a rivais como o Grêmio, Internacional e São Paulo.
Para alcançar os adversários, a atual administração iniciou a construção de um centro de treinamentos específico para a base ao lado do local onde trabalham os profissionais.
A instalação tem orçamento de cerca de R$ 30 milhões – pouco mais de R$ 12 milhões poderão ser captados através da Lei de Incentivo ao Esporte – e a previsão é que o lugar comece a ser utilizado pelos garotos até o meio de 2015.
O Santos, um dos mais famosos formadores de atletas do mundo, também se mexe para não ficar para trás. Recentemente, assinou acordo com uma rede varejista multinacional para ceder o atual CT Meninos da Vila em troca da construção de um novo e mais moderno espaço para seus jovens.
Ainda não há prazo definido para o início das obras. O São Paulo, por sua vez, já conta com um moderno complexo para a base, o CT de Cotia.
A Copa São Paulo começa no dia 3 de janeiro e reunirá 104 equipes de todo o país, divididas em 26 grupos espalhados pelo estado.
A final está marcada para o dia 25, como tradicionalmente acontece, no aniversário da capital paulista. Em 2015, a competição terá atletas nascidos entre 1995 e 1999.
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