O técnico Abel Ferreira falou em tom de desabafo após a goleada do Palmeiras contra o Cuiabá, neste sábado, por 5 a 0, em Campinas, pelo Campeonato Brasileiro. O treinador rebateu as críticas na partida seguinte à eliminação diante do Botafogo, na Libertadores, e dedicou o resultado à presidente do clube, Leila Pereira.
"Às vezes parece fácil o que fizemos aqui em quatro anos. Estamos no Brasil, onde clubes têm o mesmo objetivo que o Palmeiras. Faço o melhor que sei, com os recursos que tenho. Tenho muita sorte por ter jogadores que dão o máximo que podem. Tenho uma presidente à altura da exigência do Palmeiras. Tenho sorte por ser liderado pela Leila. Essa vitória hoje é toda para ela", disse o português.
Abel também falou sobre a cobrança dos torcedores pelo título do Brasileirão, único torneio que restou ao time neste ano. Ele, todavia, preferiu valorizar a atitude dos palmeirenses que aplaudiram a equipe após as eliminações na Copa do Brasil e na Libertadores. Ele classificou os críticos como "haters". "A única coisa que tenho a dizer a essa minoria, é que peço desculpas por não ser tão bom quanto eles esperam.
Peço desculpas pelo Palmeiras não ganhar todos os títulos e todos os jogos. Quero agradecer aos torcedores que nos aplaudiram de pé depois das eliminações contra o Flamengo e o Botafogo. Vocês não sabem de tudo que se passa no CT. A essa minoria, peço desculpas por não ser tão bom quanto eles esperam de mim. Se não for para ganhar, não estou aqui a fazer nada.
No ano em que o Palmeiras não ganhar um único título, não precisam me empurrar. Nunca fui despedido como treinador. Seria um gosto ser despedido por uma mulher. O sorteio ditou que no ano de 2024, para a Copa do Brasil e na Libertadores, no mesmo mês, enfrentássemos adversários difíceis. Mas vamos sempre estar lá. Nunca prometi título, prometo dar o melhor de mim. Agradeço o carinho que recebo de todos os torcedores. Peço desculpa aos torcedores que estão frustrados e tristes, como eu também estou", afirmou.
"Eu gostaria de saber o que vocês entendem do trabalho de um treinador. Se é títulos, vitórias. O que é o trabalho de um treinador? Vocês ouvem falar que nós jogamos com jogadores de 17 anos contra o Flamengo? Isso não é só para valorizar o Palmeiras. É para valorizar o Palmeiras e o futebol brasileiro. Se calhar, não sou bom o suficiente para valorizar o futebol brasileiro e o Palmeiras. Temos que distinguir o torcedor dos haters. Peço desculpas por não ser tão bom quanto esperam de mim.
Por que o futebol tem que ser diferente de uma família? Nós não estamos sempre em nosso melhor nível, isso acontece com os jogadores e com o treinador. Além do desgaste físico e emocional, das lesões. Os torcedores do Palmeiras são aqueles que nos aplaudem de pé após uma eliminação. Foram poucos que escreveram sobre isso. Isso que vocês têm que fazer. Eu não prometo títulos a ninguém. Quando eu for o problema, deixarei de ser o problema no dia seguinte", acrescentou.
Mais uma vez, o técnico apontou as dificuldades que o Palmeiras tem enfrentado com a alta quantidade de contusões nas últimas semanas. Ele revelou, por exemplo, que Vitor Reis foi preservado por conta de um problema físico. Além disso, ele viu Mayke deixar o campo chorando neste sábado, depois de voltar a sentir dores na panturrilha direita.
"Tivemos mais lesões. Do Vitor [Rei] e do Gabriel Menino. E agora do Mayke. Tenho que dar satisfações à três mulheres: minha mãe, minha mulher e a presidente do Palmeiras. São as únicas que têm direito de me pedir explicações. Os outros podem falar, elogiar, criticar. O treinador tem que saber ouvir elogios e críticas. Infelizmente, aconteceram coisas dentro do clube em agosto. A principal delas foram as lesões. Nunca houve tantas lesões desde que eu cheguei ao Palmeiras. Mas infelizmente é assim. Pedimos para adiar o jogo para segunda-feira, mas dizem que o Palmeiras sempre é o clube beneficiado", declarou.
"Ainda bem que a nossa presidente contratou Felipe, Mauricio e Giay. E que o treinador do Palmeiras teve coragem de apostar no Vitor. Ou no Naves. Quando o Palmeiras ganha títulos, todos vêm falar de tudo. Mas, quando perde, só há uma cara. Um perdedor. Tivemos saídas. Eu peço a nossos torcedores que cuidem dos jogadores que temos. Vou repetir do que aconteceu no mês de agosto, principalmente as lesões. Às vezes a bola bate na trave e entra. Em outras, ela bate na mão e o gol tem que ser invalidado. Ainda bem que esses jogadores chegaram. Toda mudança demanda uma adaptação. Ao clube, ao país, aos torcedores e à nossa metodologia de treino. Com o passar do tempo, vão entrosar. Alguns jogadores não estiveram no seu melhor nível. Eles sabem disso. Nossa função como treinador é usar os recursos que temos para recuperá-los", completou.
Abel também aprovou a logística do Palmeiras de mandar o jogo em Campinas, algo que não acontecia há cinco anos. O Allianz Parque estava indisponível, pois recebe, neste fim de semana, shows da banda Natiruts. Já a Arena Barueri está passando por reformas. "O gramado é top. Fomos recebidos com carinho aqui, não só da nossa torcida. Falei isso aos jogadores. Os torcedores reconhecem o esforço dos nossos jogadores. O pessoal do Guarani nos recebeu muito bem, foram muito simpáticos. O gramado era top, ajudou muito a dinâmica do nosso time", finalizou.
Com a vitória em Campinas, o clube alviverde lava a alma após as eliminações recentes e assume a terceira colocação do Brasileiro, com 44 pontos, só dois atrás do líder da competição, Botafogo, que tem um jogo a menos. Fora da Copa do Brasil e da Libertadores, o próximo compromisso do Palmeiras também é pelo Brasileirão. A equipe visita o Athletico-PR no próximo domingo, na Ligga Arena, em Curitiba, pela 25ª rodada da Série A. O jogo ocorre às 16h (de Brasília).
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