Alexandre Mattos, o Mittos: 14 atletas em sete dias e a autoestima de volta

14/1/2015 07:51

Alexandre Mattos, o Mittos: 14 atletas em sete dias e a autoestima de volta

Entenda como o novo diretor de futebol do Palmeiras conseguiu fazer, em tão pouco tempo, uma revolução num clube que quase foi rebaixado no Campeonato Brasileiro

Alexandre Mattos, o Mittos: 14 atletas em sete dias e a autoestima de volta

Alexandre Mattos, na sala de imprensa lotada do Palmeiras: sete dias de trabalho (Foto: Marcos Ribolli)



Desde 2008, quando o Palmeiras fez uma parceria com a Traffic - e conquistou o Campeonato Paulista -, o torcedor alviverde não começava uma temporada tão empolgado. Já foram 14 contratações - além de um novo treinador -, e tudo isso em meio a crises políticas e financeiras nos três principais rivais do estado.



A reviravolta no Verdão - de quase rebaixado no Brasileiro a badalado pela quantidade de reforços que desembarcam na Academia de Futebol - tem nome, sobrenome e já ganhou apelido: Alexandre Mattos, ou "Alexandre Mittos", com direito a montagens e perfis satíricos nas redes sociais.



Em pouco tempo de trabalho, o novo diretor de futebol, que chegou respaldado pelo bicampeonato brasileiro com o Cruzeiro, conseguiu implantar seu estilo. Com credibilidade no meio, atraiu empresários e jogadores do naipe de Zé Roberto. E, em silêncio, sem alarde, costurou a principal contratação do futebol paulista até o momento: Dudu, batendo os concorrentes São Paulo e Corinthians.



Um empresário que atuou numa das negociações com o Palmeiras neste início de ano resumiu desta forma a mudança no clube:



– Agora tudo é definido muito rápido. Nem parece o Palmeiras! Antigamente as coisas se arrastavam, com um monte de gente que não mandava nada. Agora vem o Alexandre e tudo é definido rapidamente.



Com que dinheiro? Com o do próprio clube. O presidente Paulo Nobre passou seu primeiro mandato lamentando a falta de caixa, já que todas as receitas haviam sido antecipadas pelos seus antecessores. Ele mesmo precisou pegar dinheiro emprestado no seu próprio nome para pagar dívidas (foram mais de R$ 100 milhões, a serem devolvidos a ele em dez anos, a partir de maio).



Hoje, com a casa em ordem, o dinheiro (de direitos de TV, por exemplo) cai na conta e pode ser revertido em investimento. É isso o que está acontecendo agora. Traduzindo para o leitor não familiarizado com termos financeiros: antes, o Palmeiras não tinha direito nem a usar o cheque especial. Agora, o dinheiro entra, fica e a diretoria escolhe onde investir. Simples assim.



Está pouco de notícia boa neste início de ano? Manda mais! Há a expectativa de que um patrocínio seja fechado nos próximos dias. Trata-se de uma antiga promessa de campanha de Paulo Nobre, que passou todo seu primeiro mandato sem conseguir um parceiro.



O presidente palmeirense se esforça para conter a empolgação. Sorrindo para a câmera , pede "calma" ao torcedor. E, claro, enche Alexandre Mattos de elogios.





Por conta do contrato que tinha com o Cruzeiro, Mattos só pôde ser apresentado como funcionário do Palmeiras no dia 7 - quarta-feira passada. Ele já vinha trabalhando, porém, desde dezembro, em parceria com o novo gerente de futebol, Cícero Souza.



Mas foi mesmo a partir do dia 7 que o trabalho de Mattos passou a ser conhecido e reconhecido pelo torcedor alviverde. Por isso, o GloboEsporte.com resume abaixo "a semana do novo Palmeiras" - a crônica, em tópicos, de como o Verdão voltou a ser Verdão, graças ao trabalho de uma nova diretoria de futebol.



1º dia



Mattos é apresentado numa sala de imprensa lotada. Parecia até a chegada do novo camisa 10. Na prática, é como se fosse isso mesmo. Com um discurso forte, objetivo, mas também humilde, colocando-se como "mais um na equipe", o ex-cruzeirense já destacava que o forte no Palmeiras seria a solidez financeira do clube.



– O Palmeiras vem de alguns momentos se organizando, fazendo o inverso de outros times e a tendência é que comece a beber água limpa quando a dificuldade é nacional. Temos de achar o equilíbrio da administração com o equilíbrio técnico – disse Mattos.



O dirigente também chegou anunciando o afastamento de seis jogadores: o goleiro Bruno, o zagueiro Lúcio, o lateral-direito Weldinho, o volante Wesley e os meias Felipe Menezes e Mazinho.



2º dia





Zé Roberto é apresentado por Alexandre Mattos no Palmeiras (Foto: Felipe zito)



A quinta-feira foi dia de apresentar o primeiro dos reforços de peso: o veterano Zé Roberto, que, mesmo aos 40 anos, continua atuando em alto nível. O jogador, aliás, disse que um dos motivos que o fizeram assinar com o Palmeiras foi justamente o "projeto de Alexandre Mattos".



Zé Roberto foi um dos oito que assinaram com o Verdão ainda em dezembro, quando Mattos trabalhava de forma extraoficial, por ainda possuir vínculo com o Cruzeiro.



Os outros foram o lateral-direito Lucas, o lateral-esquerdo João Paulo, o zagueiro Vitor Hugo, os volantes Gabriel, Andrei Girotto e Amaral e o atacante Leandro Pereira. É tanta gente que alguns deles não foram apresentados à imprensa até hoje. Não deu tempo!



3º dia



Oswaldo de Oliveira já havia deixado clara a sua vontade de contar com Arouca no Palmeiras. Ciente de que a situação do Santos é calamitosa, Mattos e seu estafe procuraram o agente do volante. A situação era clara: se o jogador conseguisse a liberação na Justiça, o Verdão o acolheria. Arouca fez sua parte: entrou com a ação na sexta-feira. A liminar ainda não saiu. Ele tem tudo para ser "a cereja do bolo" palmeirense.



Sexta também foi o dia da apresentação de duas apostas pessoais de Mattos: o zagueiro Vitor Hugo e o volante Andrei Girotto. Ambos se destacaram pelo América-MG na Série B.



E foi dia também de costurar a contratação do atacante Cafu, da Ponte Preta. A negociação, porém, ainda não foi concretizada. O acerto com Robinho, do Coritiba, também se arrastava.



4º dia



O sábado foi estranho para o palmeirense: nenhum jogador foi contratado. Mas, nos bastidores, Alexandre Mattos já havia encaminhado aquela que seria sua grande tacada: o acerto com Dudu.



A essa altura, o dirigente também já havia percebido que o sangue italiano ferve, e que se o Corinthians é rival, o São Paulo é inimigo. Por conta disso, ele nada fará no "caso Wesley" - a decisão é de Paulo Nobre e de seus aliados mais próximos: o jogador, que já tem pré-contrato com o São Paulo há meses, será mantido como atleta do Palmeiras até o fim de seu vínculo (27 de fevereiro), perdendo assim o prazo de inscrições na Libertadores.



O dia terminou com uma preocupação: Valdivia. O chileno se reuniu com seu empresário para analisar uma nova proposta de um clube árabe. Mattos, porém, nem precisou se coçar. A oferta não balançou o Mago, que já deixou bem claro que pretende renovar o contrato que acaba em agosto. E Mattos também já disse que quer manter o chileno no elenco.



5º dia



Domingo é dia de relaxar, certo? Errado. Muitos torcedores foram dormir no sábado ainda pensando se Dudu fecharia com o São Paulo ou com o Corinthians, numa novela que começou ainda antes do Natal. Mas foi o Palmeiras, na surdina, quem levou o jogador, tão cobiçado.



O fato é que, quando Dudu se reuniu com a diretoria de futebol do São Paulo, na sexta-feira à noite, já sabia da possibilidade de jogar no Palmeiras. Os dois clubes têm certeza de que a pedida salarial do atacante ao vice-presidente tricolor foi, inclusive, propositadamente alta, para que o negócio não se concretizasse e o caminho ficasse livre para um acerto com o Verdão.



Menos de 24 horas depois de pedir R$ 400 mil por mês ao São Paulo, Dudu fechou com o Palmeiras por R$ 300 mil, além de luvas no valor de R$ 800 mil. O clube acertou a compra de 100% de seus direitos econômicos por 6 milhões de euros (R$ 18,7 milhões).



A indefinição entre Dudu, a OTB Sports (agência que representa o atacante), Corinthians e São Paulo foi o cenário perfeito para Alexandre Mattos. Com destreza, ele costurou rapidamente o acordo com os empresários, que compraram seu projeto: eles entendem que Dudu tem tudo para crescer nesse novo Palmeiras. E mais: saíram atirando contra os rivais Corinthians e São Paulo. Um domingo inesquecível para o palmeirense, que viu seu diretor dar um duplo chapéu nos rivais.



- Se alguém não respeitava o Palmeiras ou não sabia quem era o Palmeiras até agora, a partir deste momento, vai saber. Acima disso, do projeto do futebol, do elenco e do atleta, é um recado a quem um dia pensou em não respeitar o Palmeiras. O Palmeiras é grande e sabe como ninguém fazer as coisas certas - disse Mattos.



E não foi só isso. O dirigente também confirmou interesse nas contratações de um goleiro - Aranha, do Santos, é a prioridade - e no atacante Cafu, da Ponte Preta.



6º dia



Um reforço depois do almoço, um na hora do lanche da tarde e outro na hora do jantar. Parece mentira, mas foi assim a segunda-feira do palmeirense. O primeiro deles foi Robinho, do Coritiba. A negociação já se arrastava por quatro dias, mas a diretoria paranaense reclamava a falta de um dirigente do Verdão nas reuniões - o clube vinha sendo representado por um empresário. Por isso, Mattos destacou Cícero, seu braço direito, para fechar o negócio com o Coxa.





Victor Ramos e Rafael Marques, dois dos 14 reforços do Palmeiras (Foto: Cesar Greco / Divulgação Palmeiras)



Paralelamente a isso, Rafael Marques chegava a São Paulo para fazer exames médicos e assinar por empréstimo de um ano. O acordo com o Henan Jianye, da China, já havia sido feito na semana passada.



Para finalizar, uma contratação que ninguém esperava - sim, porque agora as notícias no Verdão já não vazam como antes: o zagueiro Victor Ramos, que estava no Monterrey, do México.



Ah, e ainda teve a chegada de Dudu a São Paulo: uniformizado e de chapéu. Uma alfinetada nos rivais?



7º dia



No sétimo dia, Mattos não descansou, não. Foram mais dois reforços - os últimos, até o fechamento desta reportagem: Alan Patrick, emprestado pelo Shakhtar Donetsk, e Kelvin, do Porto. Ambos com um perfil parecido: jovens que perderam espaço em seus clubes e foram repassados ao Verdão para ganharem ritmo e voltar a ter visibilidade.



Além disso, há o interesse no zagueiro Jackson, de 24 anos. Ele pertence ao Inter, mas disputou o último Brasileirão pelo Goiás.







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