No fim de 2013, Cuca trocou o Atlético-MG, então campeão da Libertadores, pelo Shandong Luneng. No início de seu segundo ano à frente do clube, enfrenta o Palmeiras em amistoso no Palestra Itália, neste sábado, e promete um time organizado, mesmo sem perspectiva de vitória.
Mais do que o alto salário que recebe, o técnico se sente responsável pela evolução do futebol chinês, e já ensinou até palavrão em português.
“Só aprendi nome feio lá, mas eles aprenderam mais comigo do que eu com eles. Quando eles erram um passe, falam ‘p... que pariu’, igual a gente fala”, gargalhou o treinador, sem nem se arriscar a dizer alguma palavra em chinês – para se comunicar, usa um tradutor que já chegou a ser expulso de campo por expor sua irritação com a arbitragem.
Com a bola rolando, Cuca se apega à sua missão para encarar os problemas do país mais populoso do mundo. “A adaptação é dura. O horário é o contrário daqui e a alimentação, como não gosto de pimenta, fica muito complicada.
A parte boa lá é campo, treino e jogo. Fora isso, a vida lá é muito difícil. Mas compensa pelo lado de ajudar o futebol a evoluir”, explicou.
“É uma responsabilidade grande passar para o jogador chinês um conteúdo brasileiro, mas é o que busco. Contra o Palmeiras, mesmo sem ser a equipe titular, vocês vão ver uma equipe tocando a bola, com pouco chutão”, prometeu, animado por ter vencido a Copa da China logo em sua primeira temporada no clube.
A motivação do brasileiro também aumenta por enfrentar no futebol chinês técnicos como Marcello Lippi, campeão da Copa do Mundo de 2006 com a Itália, e Sven-Goran Eriksson, sueco que comandou a Inglaterra nos Mundiais de 2002 e 2006.
“São diversos treinadores de muitos lugares, eles estão diversificando bem. É um mercado que está evoluindo. Nunca se acompanha no Brasil, mas foi assim no começo do futebol japonês também”, apostou.
Comandando os brasileiros Vagner Love, ex-Palmeiras, Flamengo e CSKA Moscou, Aloisio, ex-São Paulo, e Junior Urso, ex-Coritiba, além do argentino Montillo, ex-Santos e Cruzeiro, Cuca acaba de ver o acerto com Diego Tardelli, que deixa o Atlético-MG. E avisa que ninguém atravessa o mundo só para ficar rico sem trabalhar.
“É necessário ter um alicerce familiar e saber o que quer, como eu soube. O fator número um é a proposta financeira melhor, mas que não se enganem: também se pensa e se vive futebol, com responsabilidade e cobranças iguais.
Às vezes, a cobrança não é do torcedor, mas consigo mesmo, de quem não gosta de perder”, contou.
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