Foi um herói improvável quem brilhou naquela noite de 19 de novembro de 2014, na partida entre Palmeiras e Sport, que marcava a inauguração do Allianz Parque. Ananias deixou o banco e dois minutos depois entrou para a história, marcando o primeiro gol do novo estádio. Ele já havia defendido o clube paulista um ano antes, mas foi vestindo vermelho e preto que teve o nome eternizado. A internet teve seu papel nisso. O meme pode não agradar à torcida palmeirense, mas o estádio ali ganhava uma alcunha: Ananias Parque. Há oito anos, o atacante foi uma das vítimas do trágico acidente com o time da Chapecoense. Mas o futebol fez Ananias eterno.
E por um toque de capricho do destino, o Palmeiras segue fazendo parte da sua história. Enzo, filho do jogador, hoje com 13 anos, tornou-se torcedor do clube. Dez anos depois, o ge conversou com personagens que fizeram parte daquele dia para reconstruir o cenário da festa, que não saiu como o anfitrião esperava, e contar mais sobre o protagonista dessa história. Os bastidores desse dia e a trajetória de Ananias se entrelaçam e se desenrolam.
A seguir, tudo o que marcou a data histórica. Dia de festa O ônibus estacionou e a porta abriu. Rapidamente, a delegação do Sport foi saindo, jogadores uniformizados, com seus fones e caixas de som e o tradicional semblante fechado, de concentração. Ao redor, tudo era novo e impressionava. Do local do desembarque, numa área reservada por trás do estádio, até o vestiário dos visitantes havia certa distância. A delegação do Sport seguiu caminhando, concentrada para uma partida de extrema importância para o futuro da equipe na Série A, mas também admirada com a estrutura. Não foi somente isso, porém, que chamou atenção.
No caminho, em meio a uma grande movimentação, o então técnico do Sport, Eduardo Baptista, observou a chegada de caixas de champanhe, que abasteceriam os camarotes do estádio. Era o retrato da atmosfera de celebração que tomava conta do ambiente. Uma grande festa foi preparada. Tem uma festa aqui, mas não é pra gente. O nosso papel é estragar isso aqui. Botar água nessa champanhe." — Eduardo Baptista —
Até a primeira champanhe ser estourada no Allianz Parque, no entanto, foi um longo caminho. Foram pouco mais de quatro anos, da despedida do antigo e tradicional Palestra Itália, em jogo com o Boca Juniors, em julho de 2010, até a inauguração do moderno Allianz Parque, em novembro de 2014. O custo do novo estádio, fruto de um acordo entre o Palmeiras e o Grupo WTorre, foi de R$ 660 milhões. Naquele dia 19, o tradicional burburinho nas ruas do entorno do estádio estava de volta.
Embora o público permitido no Allianz Parque tenha sido reduzido (a capacidade total de 43 mil lugares não foi liberada), as quase 36 mil pessoas que compareceram ao jogo fizeram uma enorme festa. Os momentos que antecederam a partida tiveram fogos de artifício, vídeos comemorativos exibidos nos telões e hino do clube interpretado por artistas palmeirenses. Era dia de festa, mas também de um jogo tenso pela situação do Palmeiras na tabela, que brigava para se afastar da zona de rebaixamento. Pelo lado do Leão, embora em condição mais favorável, havia o desejo de garantir a permanência na Série A.
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