O clássico entre São Paulo e Palmeiras sempre foi quente dentro de campo. Chamado de ‘Choque-Rei', sempre movimentou milhares de torcedores e já decidiu muitos campeonatos. O começo do século XXI, porém, deu uma esfriada nos ânimos, com o time tricolor vivendo uma fase bem melhor dentro de campo. Mas foi fora das quatro linhas que os dois voltaram a ser ferrenhos arquirrivais e transformaram essa rivalidade na mais quente do momento.
Tudo recomeçou com a briga por Alan Kardec, passou pelas categorias de base, pelo ‘chapéu' por Dudu e agora chegou até aos milhões de um patrocínio que provavelmente irão para um dos dois lados. E o ESPN.com.br separou dez capítulos que explicam o reaquecimento dessa briga. Confira!
ALAN KARDEC
O atacante foi o protagonista do reaquecimento da discussão entre São Paulo e Palmeiras. Em abril do ano passado, o time tricolor aproveitou a indefinição alviverde na contratação do jogador e resolveu passar a perna: entrou na negociação e levou Kardec como reforço. Todo o problema começou com o presidente palmeirense tentando barganhar R$ 5 mil nos salários. Alan se irritou - naquele momento, a negociação já se arrastava por um grande período - e resolveu ouvir outras propostas. Para piorar, resolveu fechar o acordo com um dos principais rivais. E depois ainda marcou o gol de uma vitória por 2 a 1 no primeiro reencontro com a ex-casa.
NOBRE X AIDAR
A negociação por Kardec criou uma rusga enorme entre as diretorias. E um verdadeiro tiroteio entre os presidentes. Logo na coletiva de imprensa para explicar o que havia acontecido, o mandatário palmeirense Paulo Nobre fez questão de romper relações com o rival. "O São Paulo foi extremamente antiético. E isso não é privilegio do Palmeiras. Se perguntar a outros clubes, vão te falar o conceito do São Paulo. Não vou liderar movimento contra o São Paulo. Mas a decepção é muito grande, e a relação com o São Paulo está totalmente prejudicada", disse. Carlos Miguel Aidar, mandatário tricolor, respondeu na sequência. "Queria dizer que a manifestação do presidente Paulo Nobre chega a ser patética. Demonstra, infelizmente o atual tamanho da Sociedade Esportiva Palmeiras, que ano após ano se apequena", disse. Desde então, os dois não se cansam de trocar provocações.
PRESTÍGIO NA CBF
A briga entre os cartolas também chega na CBF (a Confederação Brasileira de Futebol). E o curioso é que os dois manda-chuvas do futebol brasileiro também acabam se dividindo entre os dois times. O atual presidente da CBF, José Maria Marin é são paulino. Já o próximo presidente (assume o cargo em abril), Marco Polo del Nero é palmeirense. Os dois clubes, claro, brigam pelo prestígio na confederação, mas evitam muitos encontros. Na posso de Del Nero como presidente da Federação Paulista, por exemplo, o Paulo Nobre apareceu, mas Aidar, não. O São Paulo foi representado por Júlio César Caseres, o atual vice-presidente.
VALDIVIA X CENI
Dentro de campo, toda a rivalidade entre Palmeiras e São Paulo fica em cima de um confronto: Valdivia x Rogério Ceni. Os dois já protagonizaram várias cenas de desavenças nos últimos anos, com provocações, ironias e até tapas. Tudo começou ainda na primeira passagem do chileno pela Academia de Futebol. Em 2008, o time alviverde humilhou os rivais no Paulistão com um gol de pênalti do meia. Na comemoração, fez o gesto do ‘chororô' para o rival. Ainda naquele ano, na semifinal do estadual, um dos jogos mais quentes entre os rivais teve um tapa de Ceni no rival e a resposta com dancinha e pedido de silêncio de Valdivia na comemoração de um gol. Em 2011, chegaram a fazer um jogo cheio de discussões cara a cara. E no ano passado o goleiro tricolor tentou acertar um chute no chileno, que saia para comemorar um gol, mas acabou errando o alvo.
SHOWS
O fim de 2014 ainda fez os dois rivais voltarem a brigar por eventos extrafutebol. Tudo graças à reabertura do estádio palmeirense. Com o Allianz Parque, o clube alviverde voltou ao radar para receber os grandes shows internacionais. E a disputa maior é com o Morumbi, a casa tricolor. O clube alviverde levou a melhor e ficou com os shows de Paul McCartney. Os são paulinos recebem a banda Foo Fighters nesta semana. E a briga seguirá ferrenha no futuro.
SÓCIO-TORCEDOR
O Palmeiras deu um banho nos rivais no ano passado. Em pouco tempo, fez seu programa de sócio-torcedor disparar, deixou todos os rivais para trás e é atualmente o terceiro clube com mais associados, atrás apenas dos gaúchos Grêmio e Internacional. A resposta tem tudo para vir nesse ano. Vendo o crescimento alviverde, o São Paulo incrementou os seus benefícios. Com a ajuda da Libertadores, conseguiu um crescimento de 10% logo nos primeiros dias do ano. E já fala em fechar 2015 com mais de 100 mil sócios, mais que o dobro do que tem hoje (cerca de 43 mil).
ASSÉDIO NA BASE
Logo que perdeu a briga por Alan Kardec, o Palmeiras alertou para as ‘práticas horrorosas' do São Paulo na base. E logo em seguida, veio justamente uma ameaça tricolor de roubar uma das joias alviverdes: o clube do Morumbi foi para cima do atacante Gabriel Jesus. Irritada, a diretoria palmeirense fez questão de apressar as conversas e renovar com o atleta. O novo acordo saiu em dezembro. Gabriel foi o artilheiro do Campeonato Paulista sub-17 com nada menos que 37 gols em 22 jogos. E é um dos destaques da equipe na atual Copa São Paulo.
DUDU E REFORÇOS
A briga entre São Paulo e Palmeiras esquentou de vez no mercado da bola. O primeiro a ser disputado com afinco entre os dois foi o meio-campista Thiago Mendes. Ambos tiveram propostas aceitas pelo Goiás, e o jogador preferiu ir para o clube do Morumbi. Depois, Daniel entrou neste turbilhão. O lateral-direito chegou a acertar tudo com o clube alviverde, mas não passou nos exames médicos e não assinou contrato. Confiando em seu Reffis, o São Paulo decidiu fechar com o atleta - que acabou se machucando de novo e só atuará no segundo semestre. O Palmeiras respondeu no maior estilo. Depois de assistir em silêncio os são-paulinos brigando com o Corinthians por Dudu, resolveu entrar na briga com tudo. De uma vez só, ‘chapelou' os dois adversários e anunciou o atacante como reforço, pegando a todos de surpresa. Ainda houve tempo de uma resposta tricolor; Depois de perder Dudu, o time do Morumbi foi para cima e contratou Jonathan Cafu, ex-Ponte Preta e que tinha tudo certo com o Palmeiras.
WESLEY
Outro nome que agitou e continua agitando o mercado entre os rivais é o de Wesley. Em um negócio parecido com o que fez por Kardec, o São Paulo ‘atropelou' o Palmeiras e acertou tudo com o jogador, oferecendo um alto salário e luvas milionárias. O clube tricolor esperava convencer de alguma forma que os rivais terminassem o contrato com o atleta para liberá-lo já para a disputa da Libertadores. Mas o time alviverde não quis saber e resolveu segurar o jogador até o dia 27 de fevereiro, quando vence o contrato. Com isso, o meio-campista não poderá jogar a primeira fase da competição internacional - os são-paulinos estreiam no dia 18 de fevereiro e só podem inscrever atletas até o dia 16.
PATROCÍNIO
A mais nova briga entre os rivais é de novo financeira: Palmeiras e São Paulo negociam com a mesma empresa, a Crefisa, para ser a patrocinadora principal da temporada. Júlio César Caseres, o vice-presidente tricolor, já admite perder mais uma briga para os principais rivais do momento. Mas não admite que tomará um novo ‘chapéu'. "Se a empresa decidir investir no Palmeiras, é questão de mercado de novo. Não será chapéu de forma nenhuma", diz.
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