Era 11 de janeiro de 2015 quando o jornalista que escreve este texto, ainda como setorista do Palmeiras no ge, acordou com uma mensagem no celular que dizia: – Dudu é do Palmeiras! A reação imediata de questionar “qual Dudu” o Palmeiras estaria contratando naquele momento falava muito mais sobre o momento de um clube grande que procurava voltar a pensar de acordo com o seu tamanho - e ainda estava longe de uma reconstrução - do que sobre sobre o estado de um repórter na manhã de um domingo de folga. Entre erros, acertos, polêmicas e títulos, Dudu se despede como o maior símbolo da Terceira Academia do Palmeiras. De maneira tímida e menos honrosa em comparação aos quase dez anos de dribles, assistências, gols e conquistas. Muitas conquistas.
Dudu pelo Palmeiras: 462 jogos 88 gols 12 títulos (Copa do Brasil de 2015, Brasileirão de 2016, 2018, 2022 e 2023, Paulistão de 2020, 2022 e 2023; Conmebol Libertadores de 2020 e 2021, Recopa Sul-Americana de 2022 e Supercopa de 2023) Todos esses números não traduzem totalmente a importância de Dudu para o Palmeiras. Futebol vai muito além dos números. Vai muito além das quatro linhas. Ele foi um símbolo de uma reconstrução técnica dentro de campo e de um resgate de confiança que colocou o clube entre os protagonistas. No mercado de transferências, nas competições, nas arquibancadas…
O Palmeiras que hoje é comandado de maneira muito sólida e competente por Abel Ferreira não lembra nem de perto o time que recebeu Dudu, sem identidade e com um treinador diferente a cada três meses. O Palmeiras que foi administrado por Maurício Galiotte e depois por Leila Pereira - muito bem, importante ressaltar - é totalmente diferente daquele da chegada de Dudu, que foi bem construída por Alexandre Mattos e teve o aval ousado de Paulo Nobre. O que parecia loucura, principalmente para um clube que vivia grave crise financeira e que não se via em condições de disputar com os principais rivais uma contratação de peso ou uma final de campeonato, virou um casamento quase perfeito. E, como é comum em qualquer relacionamento, teve momentos de paixão, de desgaste...
Dudu foi jogar no Catar após ser denunciado pela ex-mulher de agressão - a Polícia concluiu inquérito meses depois e inocentou o jogador das acusações. Ele voltou e continuou sendo peça-chave em conquistas, como a Libertadores de 2021 e o Brasileirão de 2022. Mas a primeira negociação com Alexandre Mattos, agora de volta ao Cruzeiro, abalou a relação com os palmeirenses, principalmente com quem manda no clube hoje. Esse mesmo jornalista aqui questionou a decisão de Dudu ao pedir para ser negociado com o Cruzeiro. Naquele momento, uma saída poderia manchar a história do camisa 7. Meses depois, a segunda despedida foi se transformando em um caminho natural para os dois lados. Principalmente pela postura fria do clube e pela pouca importância técnica do jogador no time nesse retorno após a grave lesão no joelho. Os passos tristes de Dudu caminhando até o vestiário após a derrota para o Fluminense, na semana passada, não deveriam ser a última imagem de um dos principais personagens da reconstrução do Palmeiras.
Cabe ao clube reconhecer a trajetória do camisa 7, muito bem remunerada com justiça no período, com algo maior que uma simples publicação. Mas, ciclos se encerram. E é também muito evidente que a trajetória de Dudu no Palmeiras de hoje chegou ao fim. Pelo menos neste momento. A história, porém, jamais poderá ser apagada. Dudu deixa o Palmeiras como um dos maiores ídolos da história do clube. Com a rara condição de estar imortalizado nas páginas dos maiores vitoriosos do Verdão. Poucos vão conseguir conquistar o que o atacante alcançou. A mensagem que acordou o setorista do ge em janeiro de 2015 pode ser marca dessa relação de quase dez anos. Dudu é do Palmeiras. E sempre será do Palmeiras. Independentemente da cor de camisa que vestirá a partir de agora.
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