Substituir um ídolo em um grande clube não é uma tarefa fácil. Entre idas e vindas, Deola tinha como concorrente no gol simplesmente São Marcos. O ex-goleiro do Palmeiras somou 11 anos no alviverde, além de passagens por Vitória, Fortaleza, entre outros clubes do pais. O ge fez uma entrevista exclusiva com o arqueiro que é o novo preparador de goleiros do Sfera, time que vai disputar a Copa São Paulo de Futebol Júnior em 2025. Deola contou como um torneio de base, atuando pelo Atlético Sorocaba em 1999, chamaria a atenção da comissão técnica do Felipão e mudaria totalmente sua carreira.
– Os jogos de categoria de base costumam ser no sábado, e enquanto os profissionais encerravam os treinos e iam para o vestiário, a comissão técnica assistiu ao nosso jogo contra o Palmeiras . E lá do campo dois, eles assistiam, e eu estava no gol, que era justamente próximo à comissão. Foi um jogo com mais de trinta finalizações a gol, e ganhamos de 1 a 0 do Palmeiras. Foi aí onde começou o interesse do clube em me tirar do Atlético Sorocaba. O ano é 2000. Aos 16 anos de idade, Deola já havia assinado contrato profissional com o Atlético Sorocaba, e conta como foi chegar a um gigante do futebol brasileiro e já ter um vínculo de "gente grande" com o clube paulista.
– Após eu iniciar no Palmeiras B, que é o sub-23 de hoje em dia, mesmo com 16 anos fui contratado como profissional. Tive muito contato com o elenco principal, e isso foi muito bom, pois treinei com o Marcos e o Sérgio, e isso amadureceu muito, tanto eu quanto os demais que subiam junto comigo para treinar com eles. Conseguir fazer parte do elenco principal do Palmeiras era o objetivo principal de todos os jovens da base. Com o arqueiro, não era diferente, mas a concorrência era alta.
Após passar a maior parte do seu vínculo com o Alviverde sendo emprestado, o ano de 2010 foi quando Deola realmente se apresentou à torcida palmeirense. Com as constantes lesões de Marcos, o arqueiro "revezava" a titularidade da posição com o ídolo palmeirense. A maior sequência jogando pelo clube teria um fim em julho de 2012, quando ele entendeu que precisava respirar novos ares.
Precisar da "ajuda" de um rival nunca é uma tarefa fácil. Em 2010, o time alviverde enfrentava, na Arena Barueri, o Fluminense pela 37ª rodada e perdeu da equipe carioca por 2 a 1. Naquela ocasião, o Fluminense disputava o título com o maior rival, o Corinthians, que vivia o ano de seu centenário. Em uma partida que tinha Fred, Emerson Sheik e Conca, o protagonista foi Deola. O goleiro teve uma atuação espetacular, impedindo inúmeros gols do Fluminense. Naquele momento, o Corinthians vencia o Vasco e voltava à liderança. O arqueiro foi vaiado durante a partida e desviou de copos d'água e até rolos de papel higiênico arremessados pela própria torcida palmeirense.
– Todo mundo fala que essa foi minha maior atuação. É que não tinha imagens daquele jogo, mas eu também gosto de lembrar da partida entre Atlético Sorocaba e Palmeiras (risos). – Mas, como eu falei, 2010 foi um ano maravilhoso para mim, e esse jogo contra o Fluminense ficou mais evidenciado pelo contexto geral. É algo que, em toda entrevista, eu falo desse jogo e tenho alegria de lembrar, pois estamos falando de um jogo em que fui muito bem.
Em 2012, o ídolo Marcos se aposentou, e Deola assumiu a titularidade no Campeonato Paulista. Após alguns erros que o próprio jogador admite, Bruno ganhou destaque e assumiu a titularidade na Copa do Brasil. Após o título nacional pelo Palmeiras, o goleiro decidiu que era a hora de sair.
– Eu conversei com o Carlão (preparador de goleiros) e senti que precisava respirar novos horizontes. Fui para o Vitória, fui bem-sucedido no clube, conquistei a confiança da torcida e da comissão, e aí conseguimos o acesso à Série A. No ano de 2013, continuei no clube, virei capitão. Tenho um enorme carinho pelo Vitória. O vínculo com o Verdão se encerrou em 2014, após ser novamente emprestado, desta vez ao Atlético Sorocaba para a disputa do Paulistão daquele ano.
Após o fim do campeonato e o rebaixamento do time de Sorocaba, Deola e Palmeiras seguiram caminhos diferentes, e o goleiro fechou com o Fortaleza. Após uma carreira com mais de 15 clubes no currículo, Deola não teve uma despedida oficial. Mesmo que o desejo de encerrar a carreira passasse pela cabeça, o atleta ainda toparia um novo desafio: jogar pelo Independente Atlético Clube do Pará. Fato que não ocorreu, pois uma lesão de ligamento colocaria fim ao ciclo do goleiro como atleta profissional, mas admite que, em outras circunstâncias, não teria pendurado as chuteiras.
Com mais de 23 anos de carreira, Deola aceitou o convite do Sfera para virar preparador de goleiros, e o ex-jogador conta como os desafios da nova função e como os anos de profissão o credenciam para potencializar novos goleiros.
– Está sendo muito bacana. Eu nunca tive experiência ensinando, mas tenho o conhecimento de ex-atleta, e estar podendo devolver ao futebol todo o ensinamento que ele me trouxe nesses 24 anos de carreira tem sido muito especial. O Sfera é um clube fundado em 2021 que tem como objetivo a formação de novos atletas para o Brasil e o mundo. O agora preparador de goleiros, fala sobre um dos destaques da equipe para a próxima copinha, mas prefere esconder o jogo sobre as joias do time do interior paulista.
– Tem o Mansano, que tem feito muitos gols e é um nome forte para que a gente possa observar. Não posso citar tantos nomes assim, senão os adversários vão ficar de olho e reforçar a marcação em cima deles (risos). A Copinha tem seu início marcado para o dia 2 de janeiro, e o time de Salto vai para a sua segunda participação na história. O ex-goleiro avalia como pode ser a performance da equipe na competição.
– O Sfera vem de uma Copinha fantástica, eliminando um grande clube como o Atlético-MG. A preparação é para conseguir uma boa colocação na fase de grupos. Todo esse processo requer muita atenção. O nosso time tem totais condições de passar da primeira fase, depois tudo depende de quais adversários irão passar, para sabermos como será a sequência na competição. O time, como clube formador, tem sempre o objetivo de emplacar grandes jogadores e mostrar que temos qualidade para exportar grandes atletas para o futebol. Veja outros trechos da entrevista com Deola ge: Qual foi o seu maior desafio quando você deu início à função de preparador de goleiros no Sfera? Deola: No início, achei que eu não teria paciência para conviver e ensinar tantos goleiros assim. O nosso núcleo é de 15 goleiros por dia, e é um número alto de pessoas que estão em nossas mãos. Cabe a nós ensinar todos os fundamentos dentro de campo e fora também, pois o meu objetivo e o do clube é, principalmente, formar o caráter desses meninos. ge: Existe a possibilidade de um dia você virar treinador de futebol? Deola: O futuro é uma caixinha de surpresas. Hoje, eu só penso no meu presente como preparador de goleiros, que eu nem imaginava que faria parte dessa profissão um dia. Então, eu não posso descartar outras áreas. Se um dia acontecer de eu virar treinador, eu irei estudar e me especializar, mas no momento, o fato de estar trabalhando com o futebol já me faz me sentir realizado. ge: Nesse ano, você foi anunciado como goleiro do Desimpedidos para disputar o The Soccer Tournament. Como foi essa experiência para você? Deola: Foi uma experiência muito bacana, é bem diferente. O Fumaça (treinador do Desimpedidos) me convidou para o campeonato, que, aliás, é diferente. Ele não é nem futebol de campo nem society, porque as dimensões do campo e o tamanho do gol são diferentes; é um híbrido, digamos assim. Foi uma experiência incrível, pois fazia muito tempo que eu não via uma organização tão completa como a deles. Os americanos realmente são referências nesse quesito. Gustavo Pazzotto colaborou sob supervisão de Arcílio Neto.
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