Zé Roberto diz que chegou para fazer história: ' Se 2014 não matou, fortaleceu'

Novo capitão se anima com ambiente e organização do 'novo Palmeiras' e fala com exclusividade sobre Mattos, títulos e os contantes comentários sobre sua idade

Zé Roberto concede entrevista exclusiva ao L!Net (Foto: Miguel Schincariol /LANCE!Press)



Com a braçadeira de capitão no braço, Zé Roberto tomou a palavra no vestiário do Allianz Parque antes do amistoso contra o Shandong Luneng (CHN), sábado passado. Disse aos jogadores que, para comemorar títulos no fim da temporada, será preciso ter um bom início e um ótimo meio de ano. A vitória por 3 a 1 animou, mas ele garante que desde o início da pré-temporada já estava convicto de que o elenco montado pelo diretor Alexandre Mattos pode ir longe.



- O que nos dá esperança de que será um ano diferente é que no primeiro dia de treinamentos já víamos um grupo focado, querendo. Acho que a perspectiva para que alguma coisa muito boa aconteça já foi vista no primeiro dia de contato - disse o jogador de 40 anos, ao LANCE!Net.



Zé Roberto conversou com a reportagem no intervalo entre os treinos da manhã e da tarde desta terça no Spa Sport Resort, em Itu, onde o elenco ficará até sexta-feira. Na lateral esquerda - onde Oswaldo pretende fixá-lo - ou no meio, o veterano tem uma ideia fixa desde que deixou o Grêmio, em dezembro, e assinou por uma temporada com o Alviverde:



- Quando soube da possibilidade de vir para o Palmeiras, a primeira coisa que coloquei na cabeça foi vir para entrar para a história do clube.



Capitão



O experiente jogador tratou com naturalidade a responsabilidade de, logo em sua estreia, receber a faixa de capitão, função que ele já cumpriu várias vezes em sua carreira.



- Para mim, é natural. Não é a primeira vez que sou capitão, já passei por essa experiência no Qatar, na Alemanha, no Santos, no Grêmio... Não foi nada novo. Tem coisas que às vezes o treinador nem precisa pedir, porque já conhece nossa história, já sabe nossa maneira de trabalhar, nosso profissionalismo. Foi um jogo em que ele acabou me escolhendo como capitão, mas que para mim foi normal - resumiu o palmeirense.



O mantra



No Grêmio, equipe que defendia desde junho de 2012, Zé Roberto acompanhou de longe o sofrimento do Palmeiras na luta contra o rebaixamento no Brasileirão de 2014. Quando chegou ao Verdão, porém, ele percebeu um clube que está se preparando para voltar a ser forte.



- Esperamos fazer um ano totalmente diferente do ano passado, que tem de ser esquecido. Desde quando cheguei ao Palmeiras, uma frase nasceu dentro de mim: o que não nos mata, fortalece. Então, se o ano passado não matou o Palmeiras, deixou mais fortalecido - filosofou.



Alexandre Mattos



Se há um idealizador deste "novo Palmeiras", turbinado por 16 reforços até o momento, ele atende por Alexandre Mattos. O novo diretor de futebol vai mudar a cara do clube?



- Já mudou, né? É raro você ver um diretor chegar e, em um período tão pequeno, contratar 16 jogadores. Nisso você já vê um diferencial. O Alexandre é novo, tem uma mentalidade moderna e chega aos clubes para fazer a diferença. Foi o que ele fez no Cruzeiro. Quando montou o time que hoje é bicampeão brasileiro, o Cruzeiro vinha de uma fase muito parecida com a que o Palmeiras viveu ano passado. O presidente foi muito feliz de contratar um profissional do gabarito dele - elogiou Zé.



Verdão 'europeu'



Para que Mattos pudesse reformular o elenco, foram precisos dois anos de severa economia. O presidente Paulo Nobre não adiantou nenhum valor de gestões futuras, ao contrário do que fizeram seus antecessores. Entre outras receitas, ele terá cerca de R$ 80 milhões da cota de TV do Brasileiro, além do lucro com o sócio-torcedor e a renda do Allianz Parque. O Palmeiras tem dinheiro para investir – gastou R$ 26,5 milhões em reforços nesta janela – e paga em dia. Organização europeia?



- Com certeza. Hoje em dia você vê muitos clubes que não arcam com suas responsabilidades com os atletas. Pelo pouco tempo que estou no Palmeiras, posso ver que é uma gestão muito séria. Houve gastos ano passado também, mas foi um clube que sempre conseguiu arcar com suas responsabilidades. Acho que isso é muito positivo para quem tem ambição. Isso mostra para mim, que estou chegando, que o trabalho é sério. E quando o trabalho é sério a tendência é que o processo seja mais rápido. Vejo o Palmeiras muito estruturado, muito organizado - disse Zé Roberto.



Revelado na Portuguesa, o veterano passou por Real Madrid (ESP), Flamengo, Bayer Leverkusen (ALE), Bayern de Munique (ALE), Santos, Hamburgo (ALE) e Al-Gharafa (QAT), além do Grêmio. E ele garante que não se arrisca em equipes que possam deixá-lo na mão:



- Nunca joguei em clube desestruturado. Antes de assinar, sempre procurei analisar a proposta, a mentalidade, a maneira de trabalhar. Quando terminei meus contratos e apareceram algumas propostas, sempre analisei de forma muito cautelosa. A estrutura do clube e a forma de pensar sempre pesaram muito, acho que por isso nunca passei por nenhum problema desses.



Ânimo, mas com cautela



Apesar do otimismo, Zé Roberto sabe que o Palmeiras pode enfrentar dificuldades devido à imensa quantidade de alterações no elenco.



- Antes de falar em título, a gente precisa falar da montagem de uma equipe, até porque o nosso time está sendo montado agora. Montando esse time, com os jogadores de qualidade que temos, haverá uma possibilidade grande. Não vai ser da noite para o dia que vamos montar um time aqui, ganhar um jogo, ganhar outro e ser campeões.



Bom velhinho



Aos 40 anos, Zé Roberto falou em sua apresentação que sonha em jogar até os 45. E jura que não se incomoda com as frequentes perguntas sobre sua idade avançada:



- Sempre consegui fazer o que planejei nos clubes, que é chegar, ter o meu espaço e honrar a camisa. Pude fazer isso de uma forma belíssima, tanto que em pouco tempo fiquei marcado no Santos e no Grêmio. Aqui tenho certeza que não vai ser diferente - completou o craque.

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