O quadro dos patrocínios a uniformes no futebol paulista mudou significativamente em 2015. O Corinthians ainda é líder em faturamento por mais alguns dias, mas arrecada hoje, mesmo que renove com a Caixa o maior patrocínio do país, metade do que sonhou anos atrás. O Palmeiras praticamente empatou com corintianos pela primeira vez em pelo menos cinco anos. O Santos viu acabar o “efeito Neymar”, e o São Paulo, num momento raro, começa a temporada com zero de receita com a camisa tricolor.
Corinthians: R$ 32,5 milhões/ano
Os corintianos recebem anualmente R$ 30 milhões da Caixa e R$ 2,5 milhões da TIM. Os patrocínios de Fisk e Car System acabaram no fim de 2014 e não foram renovados – a escola de idiomas já avisou que não irá continuar na camisa, e a empresa de alarmes automotivos ainda negocia, mas já saiu do uniforme. A receita pode despencar caso a Caixa decida não renovar o patrocínio cujo contrato expira em 31 de janeiro de 2015, mas Izael Sinem Jr., diretor de marketing do clube, tem reunião marcada com executivos do banco para semana que vem, e a não renovação é tida como improvável.
A atual situação do Corinthians contrasta com a de anos atrás, quando, depois de contratar Ronaldo, o time alvinegro repartiu o uniforme em várias propriedades: peito, costas, manga, ombro, barra, calção, número, axila... Só a Hypermarcas, grupo que anunciou vários de seus produtos nesses espaços, pagava R$ 38 milhões anuais. Com os R$ 10 milhões que recebia da Fisk e os R$ 2 milhões que tinha da TIM, o clube arrecadava R$ 50 milhões em 2012 e dizia querer R$ 60 milhões. A economia desandou, a Copa, dizem os clubes, atrapalhou, e a bolha estourou. Hoje o faturamento está na metade disso.
Palmeiras: R$ 30 milhões/ano
Os recém-assinados contratos com Crefisa e Prevent Senior rendem, respectivamente, R$ 23 milhões e R$ 5 milhões aos palmeirensese. A instituição financeira ficou com peito e costas, a cota máster, e a empresa de saúde para terceira idade, com os ombros. Com os R$ 2 milhões recebidos da TIM pelo número, o clube arredonda o faturamento em R$ 30 milhões. Paulo Nobre, presidente alviverde, ainda negocia as mangas, o que o faria ultrapassar o Corinthians, mas não há nada definido.
É a primeira temporada que o Palmeiras inicia com tranquilidade neste aspecto desde 2012. A Kia Motors deixou a cota máster em maio de 2013, logo após o Campeonato Paulista, e a diretoria alviverde daquela época já havia começado o ano ciente de que perderia o parceiro. Ficou sem o principal patrocinador por quase dois anos e só arrecadava com acordos pontuais.
Santos: R$ 4,5 milhões/ano
Um ano e meio depois de Neymar ir para o Barcelona, o Santos viu o efeito que o ídolo tinha causado nos patrocínios de camisa acabar. O patrocínio da CNA, de R$ 3 milhões anuais, terminou em 2014 e não foi renovado, embora o time alvinegro ainda negocie e exiba a marca da escola de idiomas nos ombros em treinos e amistosos neste início de 2015. Sobrou apenas o contrato com a Corr Plastik, de R$ 4,5 milhões por ano pelas mangas, que termina no fim de 2015.
De 2010 em diante, com o surgimento da geração de Neymar e Paulo Henrique Ganso e com Luis Álvaro de Oliveira Ribeiro na presidência, o Santos havia conseguido patrocínios de BMG, Seara, Netshoes e CSU. Os contratos o deixaram em igualdade com adversários paulistas mesmo com uma torcida – e portanto um mercado consumidor – consideravelmente menor. As empresas, uma a uma, por razões diferentes, não renovaram e não foram repostas pelo departamento de marketing.
São Paulo: zero
O São Paulo era criticado em 2014 por não ter conseguido um patrocinador máster para o lugar da Semp Toshiba, que antecipou o fim de seu contrato para julho. Em 2015, o cenário piorou. Os tricolores começam a temporada sem nenhuma marca na camisa. O contrato da TIM, último a vencer, acabou no fim do ano passado e não foi renovado. Ainda há negociações em andamento, mas o clube tomou a decisão de tirar o logotipo do interior do número – repare no amistoso com o Vasco na pré-temporada.
A diretoria são-paulina busca novos modelos. Um deles é fazer um rodízio de logotipos entre os espaços da camisa, seja entre diferentes empresas que não concorram, seja entre marcas de um mesmo grupo, e quatro cotas de R$ 9 milhões fariam com que o faturamento chegasse a R$ 36 milhões. Mas pode também seguir a fórmula convencional – à Crefisa, pela cota máster, o clube começou a negociar em R$ 28 milhões e depois reduziu a pedida para R$ 23 milhões. O restante viria dos demais patrocínios. De qualquer modo, o São Paulo diz não estar desesperado para obter patrocínios para a camisa.
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